A naja que picou universitário no DF e a criação ilegal de animais silvestres
Após apreender cobra envolvida em incidente e outras 16 serpentes, polícia descobre aquário clandestino com 3 tubarões em cidade satélite.
Um incidente quase fatal. Um crime ambiental. E uma investigação que chegou a serpentes exóticas e até tubarões. Tudo começa com a picada de uma naja em um estudante de Medicina Veterinária em cidade satélite do Distrito Federal.
Pedro Henrique Krambeck, de 22 anos, foi picado na terça-feira (7) pela cobra venenosa. Foi internado com necrose no braço e sofreu lesões no coração. Precisou tomar soro antiofídico, entrou em coma, foi entubado e continuava na UTI até a tarde deste domingo (12).
De acordo com a Polícia Civil do DF, a naja era mantida em cativeiro na casa de Krambeck — o que é proibido por lei. O réptil é originário da África ou Ásia. Depois do incidente, a naja foi abandonada em um terreno perto de um shopping no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Agora, ela está sob a guarda do Zoológico de Brasília.
“Tendo em vista o risco que esse animal apresenta, ele está mantido em um ambiente seguro, cujo acesso é restrito aos funcionários do setor”, informou o Zoo em nota. “Exceto se extremamente necessário, nenhum manejo será feito com a serpente, visando à segurança tanto da equipe quanto do animal.”
“Essa espécie não é agressiva; é perigosa, sim, por causa do veneno dela… Está entre as serpentes mais venenosas do mundo. E também pela peculiaridade que a gente não tem mais o soro aqui em território nacional”, explica o diretor de Répteis e Artrópodes do Zoológico de Brasília, Carlos Eduardo Nóbrega.
Veja os cliques da naja no ensaio do fotógrafo Ivan Mattos:
O Ibama, instituto do meio ambiente, multou Krambeck em cerca de R$ 2 mil pela criação ilegal da cobra.
O jovem e outros colegas de Veterinária no Gama, cidade satélite do Distrito Federal, estão sendo investigados por suspeita de tráfico de animais silvestres — mesmo que para fins de coleção. O Batalhão de Polícia Militar Ambiental descobriu 16 serpentes, entre exóticas e brasileiras, em outro local que, segundo o jornal Correio Braziliense, teria relação com Krambeck.
Após naja e essas cobras apreendidas, 3 tubarões foram encontrados pela Polícia Civil em outra região do DF. Eles eram mantidos em aquário clandestino em uma residência de Vicente Pires.
O Correio informa que a casa onde estavam os tubarões é de um amigo de Pedro Krambeck. A Polícia Civil já tomou depoimento de 3 investigados.
Diante dos indícios de crime ambiental, o Zoológico de Brasília dá seu recado para quem porventura tenha em sua posse um animal silvestre:
“Se você gosta e admira qualquer tipo de animal silvestre, há inúmeros zoológicos modernos espalhados no Brasil e no mundo que priorizam a conservação, a educação e a pesquisa. Visite essas instituições e apoie zoológicos que tenham um trabalho sério com a nossa fauna.
Vale lembrar que, se você cria ilegalmente qualquer animal silvestre sem a devida documentação emitida pelo órgão ambiental, a entrega voluntária desse exemplar não acarretará nenhuma responsabilização penal.”