O juiz federal João Paulo Abe decidiu manter a prisão preventiva do empresário Franklin Douglas Alves Lemes, alvo da operação Replicantes, da Polícia Federal. Lemes é dono das gráficas investigadas por um suposto esquema de desvio de dinheiro a partir do direcionamento de contratos da Secretaria de Educação.
A Justiça Federal informou que o magistrado entendeu que as acusações de recebimento de vantagens indevidas e de possíveis ameaças a jornalistas são graves. Lemes será levado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas.
Também foi mantida a prisão temporária de cinco dias para Carlos Mundim, ex-chefe de licitação da Seduc. Ele também vai ficar na CPP.
A audiência de custódia de Alex Câmara foi marcada para a tarde de quinta-feira (7). Eles é dono de um site e, junto com Mundim, é apontado como preposto do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), que está preso em Palmas.
Segundo a PF, três empresas que mantiveram contratos milionários com o governo estadual estavam ligadas ao empresário Franklin Douglas: a WR Gráfica e Editora, a Copiadora Exata e a Prime Solution. Até o momento não foi possível estimar o valor dos prejuízos causados. As empresas teriam recebido R$ 38 milhões em contratos com o governo.
Ainda de acordo com a PF, o grupo também praticava atos de intimidação contra profissionais da imprensa.
Ainda conforme a apuração da Polícia Federal, Carlos Mundim tinha a função de chefiar a comissão de licitação da Seduc com a finalidade de assegurar o direcionamento das licitações previamente “vencidas” pelo Grupo Exata.
Alex Câmara, segundo a PF, atuava no sentido de agilizar os pagamentos para as empresas que mantinham contrato com a Secretaria de Educação. Os indícios foram confirmados, inclusive, por depoimentos colhidos de alvos das operações Carotenoides, que prenderam supostos laranjas de Marcelo Miranda, e 12º Trabalho, que tiveram como alvo a própria família Miranda.
Outro lado
O advogado de Frankiln Douglas Alves informou que só vai se manifestar quando tiver conhecimento integral dos fatos. A empresa WR Gráfica foi procurada, mas ainda não se manifestou. A Exata e a Prime Solution não atenderam as ligações.
Sobre a prisão de Carlos Mundim, o procurador de prerrogativas da OAB, Paulo Roberto da Silva, informou que a OAB deveria ter sido informada previamente da operação e da prisão para poder fazer o acompanhamento, tendo em vista que ele é advogado. Como isso não ocorreu, segundo o procurador a prisão é totalmente ilegal.
A defesa da família Miranda afirmou que desconhece qualquer ligação ilícita com a família de Alex Câmara. O G1 ainda tenta contato com a defesa dos demais citados.
Prisão de Marcelo Miranda
O ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e o irmão dele, José Edmar Brito Miranda Júnior, estão presos há mais de 40 dias. Eles foram presos em setembro, junto com o pai deles, suspeitos de integrar um suposto esquema criminoso que teria desviado R$ 300 milhões dos cofres públicos. As prisões ocorreram durante a operação 12º Trabalho da Polícia Federal.
Para os investigadores o Brito Miranda e Brito Júnior funcionavam como pontos de sustentação para “um esquema orgânico para a prática de atos de corrupção, fraudes em licitações, desvios de recursos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais, cujo desiderato [finalidade] era a acumulação criminosa de riquezas para o núcleo familiar como um todo.”