IPO do Flamengo? Como o time entrou na lista dos 50 mais valiosos do mundo
Em uma resenha histórica no Clube’in, podcast da EXAME Invest, Claudio Pracownik conta como reconstruiu as finanças do Flamengo até se tornar o clube mais valioso do Brasil e o 49º do mundo. Será que vem IPO por aí? Confira
De acordo com levantamento recente feito pela Brand Finance, o Flamengo foi eleito o 49º clube mais valioso do mundo — o único da lista fora da Europa. O levantamento buscava estimar o benefício econômico líquido que um proprietário alcançaria ao licenciar a marca no mercado aberto.
Já no Brasil, o clube alcançou o primeiro lugar disparado. Com um valor de € 118 milhões, a marca do Flamengo é duas vezes mais valiosa que a do segundo colocado, Palmeiras, que acumula € 52 milhões em valor de mercado.
Na última resenha do podcast Club’in, da EXAME, Claudio Pracownik, Fundador e CEO da Win The Game, contou como protagonizou a reconstrução das finanças do Flamengo entre 2013 e 2018 e qual o real potencial de transformação que existe hoje no futebol brasileiro.
Afinal, como o Flamengo se tornou tão valioso?
Não é preciso voltar muito no tempo para lembrar que a situação financeira do Flamengo não foi sempre favorável. Na verdade, em 2013, mesmo ano em que Pracownik assumiu o cargo de vice-presidente de administração, o clube enfrentava um endividamento que passava dos R$ 750 milhões, um das maiores do Brasil. Deste valor, mais de R$ 400 milhões eram referentes a dívidas fiscais.
Para lidar com isso, o clube lutou pela aprovação do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), que alongava a dívida para 20 anos. “É muito difícil conviver com a paixão e com a razão ao mesmo tempo, mas era um momento complicado […] Para cada R$ 1 que chegava lá, R$ 14 eram para pagar dívida, estávamos sempre no vermelho”, comenta Pracownik.
O ponto de virada: torcedor investidor
Com 40 milhões de torcedores, o Flamengo percebeu a oportunidade de transformar a paixão em receita. O programa sócio-torcedor “Nação Rubro-Negra”, fundado em 2013, fez com que a arrecadação do clube saltasse de R$ 25 milhões em 2012 para R$ 83 milhões na temporada seguinte. Hoje, é a segunda maior fonte de receita, atrás apenas da televisão.
Segundo Eduardo Rosman, sócio e analista de financials e esportes do BTG Pactual, a revolução financeira que chegou aos clubes internacionais e os fez alcançarem múltiplos bilhões de euros em valor de mercado pode chegar ao Brasil.
No entanto, ele ressalta que alguns passos importantes precisam ser tomados. “Os clubes hoje em dia são desbancarizados e, praticamente, ‘analfabetos’ digitais. Por ter passado 35 anos no mercado financeiro, eu entendi que a solução seria unir os dois mundos [futebol e finanças]”, ainda completa Pracownik.
Qual é o potencial da indústria de esportes?
Hoje, as receitas diretas do esporte representam cerca de 2% do PIB nacional — incluindo venda de ingressos, licenciamento, direitos de imagem e patrocínio. No entanto, inserido no mercado de entretenimento, o futebol precisa disputar o tempo de atenção do público com outros players, como: filmes, séries, shows e, ainda por cima, o conforto de suas casas.
Pracownik explica: “Imagine dois cenários; no primeiro, um filme ótimo que você pode assistir em casa, com bons atores, bons diretores, boa comida, fácil de encontrar para assistir; no segundo, um filme com diretores ruins, atores ruins, que você precisa ir até um cinema horroroso, que se chove você pega chuva na cabeça, para chegar é um trânsito horrível e ainda corre o risco de ser assaltado. Qual desses cenários o público vai escolher?”
O potencial da indústria de esportes é alto, mas precisa ser bem explorado. Em indústrias mais desenvolvidas, a lição de que é necessário melhorar o ‘produto’ oferecido ao público foi aprendida cedo. É o caso de espetáculos como os da National Football League (NFL), em que o esporte se tornou um verdadeiro evento, com estrutura, organização de primeira e shows no intervalo.
Assista ao episódio completo do Club’in
Neste episódio #6 do podcast Club’in da EXAME, Cláudio Pracownik e Eduardo Rosman explicaram quais os próximos passos para os clubes brasileiros poderem almejar um IPO na bolsa, movimento este que está cada vez mais próximo, e quais são as suas apostas para a Copa de Mundo de 2022.