Fabi exalta Thaisa após central anunciar a aposentadoria da seleção: “Deixa legado como uma das maiores da geração”
Jogadora do Minas divulgou uma carta em que abria mão das Olimpíadas de Tóquio
Nesta quarta-feira, 7, a bicampeã olímpica Thaisadivulgou uma carta abrindo mão de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio. No documento enviado à imprensa, ela disse estar encerrando de vez a sua história com a Seleção Brasileira.
A decisão da central pegou todos de surpresa porque a participação de Thaisa na seleção que vai jogar as Olimpíadas de Tóquio era dada como certa, até mesmo por conta da sua atuação na Superliga.
Além de MVP, ela foi eleita a melhor central da competição e ficou com o prêmio de Craque da Galera na final entre Minas e PraiaClube.
Nesta quinta-feira, 8, a ex-jogadora e companheira de Thaisa durante os anos de seleção, Fabi também divulgou uma mensagem sobre a amiga, e fez um longo desabafo contando dos anos em que viveu ao lado da central e o que aprendeu com ela.
O relato da comentarista foi feito para JoãoGabrielRodrigues e publicado pelo site “Globo Esporte”.
“Eu conheço a Thaisa desde muito novinha. Joguei com ela na minha primeira passagem, na primeira oportunidade que eu vesti a camisa do Rio. E já escutava muito sobre ela. Porque ela vem das categorias base do Tijuca, uma jogadora que chamou a atenção de todos pela altura. Mas o que mais me impressionou quando eu conheci a Thaisa sempre foi a personalidade. É uma jogadora diferente, né? Lógico, com 1,96m…”, iniciou.
“Todo mundo já depositava uma certa responsabilidade sobre o que ela seria no futuro. Era tecnicamente muito boa. Mas aos poucos foi confirmando a expectativa. Muito jovem, chegou num time com atletas renomadas. A Fernanda Venturini, Sassá, Jaqueline, Fabiana, o próprio Bernardinho. E sempre me chamou atenção a personalidade da Thaisa. Eu acompanhei muito de perto toda a trajetória. Não só ao lado no clube, mas na seleção brasileira. O crescimento da Thaisa, o amadurecimento da mulher Thaisa. E que assombrou a todos, o mundo, quando vestia a camisa da seleção brasileira e fazia todas aquelas coisas que ela fazia”.
“Se a gente imaginar que, numa partida de vôlei, nos momentos mais decisivos, sempre o maior destaque são as jogadoras que pontuam mais, as jogadoras de extremidade. E a Thaisa, pelo meio, sempre foi um ponto de segurança de todas as levantadoras. Eu me lembro muito de ela gostar dessas responsabilidades, de curtir esses momentos de muita tensão. E isso fez da Thaisa uma jogadora diferente. Se você perguntar pelo mundo quem foi uma das maiores dessa geração, certamente a Thaisa vai estar entre elas. E ela jogou numa seleção brasileira que tinha Sheilla, que tinha a própria Fabiana. Jogadoras espetaculares”.
“Eu tive o privilégio de ter estado na seleção com ela, de ter convivido durante muito tempo nos clubes. De conhecer de forma íntima, acompanhar o amadurecimento, o crescimento, e na jogadora que ela se transformou. E, depois de dois títulos olímpicos, jogar em clubes grandes, sempre buscando títulos. Quando você pensa em contratação do elenco e você vai ter a Thaisa, você vai pensar em um time para chegar nas finais”.
“Acontece aquele problema no joelho. Ela já teve uma torção no tornozelo. Foram sucessivas lesões que colocariam em xeque a vida de qualquer atleta. Não era simples voltar a jogar. Porque, num primeiro momento, acho que era voltar a jogar. E a força mental dela, acho que toda essa personalidade da carreira da Thaisa desde o início, fez muita diferença para esse momento de desconfiança. De um: ‘Será que vai dar? Será que não vai dar?’. E por incrível que pareça, ela se adaptou. Ela voltou mais forte. E certamente vai fazer falta para nossa seleção”.
“Mas é preciso entender tudo o que se passou ao longo da vida dela, desses momentos de lesão. Dos medos, dos anseios, da saúde. E eu tenho certeza que ela não tomou essa decisão de uma hora para outra. Deve ter sido uma temporada dura para ela. Porque condições técnicas certamente ela tem. E alguma coisa ali aconteceu para que ela não pudesse entregar 100%. E é isso. Porque a Thaisa é assim: 100% em tudo. A Thaisa é muito intensa, é muito coração. Até a mesma facilidade de comemorar um ponto, de vibrar e a humildade de pedir desculpas”.
“Ela é uma jogadora muito intensa. E talvez, por essa intensidade, ela saiba o preço que ela paga. O preço que ela paga para manter essa intensidade. E não é simples”.
“Jogos olímpicos são uma competição importante. Jogos dia sim, dia não. Talvez ela não conseguisse estar 100%. Isso é o que faz a diferença. Mas ela é uma jogadora especial, eu tive o privilégio de jogar junto com ela, de conquista. Mas, principalmente, de conviver no mesmo ambiente de vestiário, do dia a dia. Do que a gente precisava fazer para chegar às grandes conquistas. E ela deixa um legado, uma história muito bonita”.
“Eu posso dizer que ela, ao lado da Fabiana, nessa geração pós-2004, as duas foram as grandes jogadoras. Revolucionaram um pouco a posição. Ficaram conhecidas como Torres Gêmeas, pela dupla incrível que elas faziam. E é um privilégio mesmo ter tido essa chance de estar junto. A seleção vai sentir a ausência dela, certamente. Mas ela deixa um legado. E eu sigo acreditando que é possível uma medalha. E que ela consiga gerir bem, administrar bem esses próximos anos na vida no clube. Ela foi uma atleta especial. Uma atleta que marcou a história do vôlei brasileiro”.