Endrick se despede do Palmeiras como “jogador de verdade” após sete anos de criação
Em 2017, com apenas onze anos, atacante conquistava primeiro título no Allianz Parque e já mostrava seus sonhos, ambições e responsabilidades
Endrick fará seu último jogo pelo Palmeiras nesta quinta-feira. Às 19h (de Brasília, no Allianz Parque, o atacante enfrenta o San Lorenzo no encerramento da fase de grupos da Conmebol Libertadores.
Como está suspenso na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, Endrick terá esse compromisso contra os argentinos como o seu último com a camisa palmeirense.
Para quem acompanha o jogador só no profissional, parece pouco tempo de Palmeiras. Mas o atual camisa 9 já está em seu sétimo ano de clube. Em 2017, sentiu o gosto de ser “jogador de verdade”. Hoje se despede como ídolo.
Allianz Parque como palco
Endrick é da geração de palmeirenses acostumada com o Allianz Parque. A relação com a arena do Palmeiras, inclusive, é grande. Um dos primeiros momentos de destaque na carreira do jogador aconteceu por lá.
Em 2017, quando Endrick ainda estava no sub-11, o atacante teve a oportunidade de disputar uma final no estádio. A partida era disputada até em um campo com dimensões menores.
No jogo, claro, só deu Endrick. Depois de fazer um gol de bicicleta no jogo de ida, o jovem deixou o seu para conquistar um de seus primeiros títulos.
“Senti um gosto de jogador de verdade, de jogar com a torcida gritando seu nome e o hino do clube. Assusta um pouquinho, mas dá para jogar”, disse o garoto em entrevista à TV Gazeta na época.
Agora, Endrick vai se despedir do clube que o formou para o futebol em um Allianz Parque lotado. Mais de 31 mil ingressos já foram vendidos. O sonho daquele garoto se tornou realidade. Ele é um jogador de verdade.
Negociado com o Real Madrid em uma transferência que pode chegar aos R$ 400 milhões, Endrick deixa o Palmeiras com com os seguintes títulos no profissional: Campeonato Brasileiro (2022 e 2023), Supercopa do Brasil (2023), Campeonato Paulista (2023 e 2024)
Responsabilidade de adulto
A responsabilidade em cima de Endrick existe desde cedo. O garoto de 11 anos já mostrava o tamanho do peso que carregava em suas costas naquela época. Após a final do sub-11, ele foi parado para dar entrevista e citou o sonho de “transformar” a vida de seu pai.
“Chutei duas bolas. Uma driblei o goleiro, mas tiraram meu gol (risos). Na outra tirei para a direita, que não é minha perna boa. Fiquei bravo, mas depois quis meter meu gol, pro meu pai… Meu pai não virou jogador de futebol, então eu quero transformar a vida dele sendo jogador”, disse.
Douglas Ramos, pai de Endrick, acompanhava tudo de perto da arquibancada e fez um relato marcante.
“Eu lembro uma vez… Eu estava no sofá, e ele pediu: pai, eu quero comer. Não tinha nada na geladeira, não tinha nada no armário, e ele pedindo, pedindo. Eu comecei a chorar, ele chorou e falou para mim: pai, pode deixar, eu vou ser jogador de futebol e vou tirar a gente dessa dificuldade. Eu só tenho agradecer a ele e ao Senhor”, contou