Da medalha olímpica ao título da Copa América: Mauro Galvão recorda seu ciclo na Seleção Brasileira
Convidado do 'De Casa com o L!' nesta quinta-feira, ex-zagueiro fala da saga do torneio no Brasil e atribui eliminação na Copa de 1990 à falta de eficiência para marcar
A trajetória de Mauro Galvão com a camisa amarelinha é recheada de momentos emblemáticos. Convidado do “De Casa Com o LANCE” nesta quinta-feira, o ex-defensor lembrou os momentos marcantes que viveu com a Seleção Brasileira. A começar com a Seleção Olímpica.
– Acho que estava entre o Internacional e o Fluminense ser a base da Seleção… Nós (do Internacional) ganhamos quatro campeonatos estaduais seguidos. Aí, quando apareceu esta oportunidade, ficamos todos entusiasmados. Foi uma época na qual passou a ser permitido que jogadores jovens que atuavam profissionalmente participassem de competições olímpicas. Poder estar em Los Angeles é muito difícil – afirmou o craque, que detalhou a equipe:
– Dunga, Gilmar Rinaldi, Luiz Carlos Winck, era uma boa Seleção. Tinha o Gilmar Popoca, do Flamengo, e alguns jogadores que estavam treinando em um grupo anterior que foi dissolvido. Fizemos uma bela competição. Por mais que tenhamos perdido, ter uma medalha de prata em uma Olimpíada naquele momento era inédito para o Brasil – completou.
Galvão apontou o que custou a derrota por 2 a 0 para a França na decisão.
– Olha, difícil… Naquele período, a gente não conseguia ter muitas informações sobre os adversários. Entramos em campo sem saber como jogava a França, o que foi negativo para nós, pois fomos na base do “vamos lá”. Foi um jogo muito disputado no meio de campo, mas as chances que eles tiveram, aproveitaram. Uma pena, mas ficou a lembrança da medalha – disse.
A grande lembrança como profissional veio cinco anos depois. Mauro Galvão relembrou como foi a luta para a Seleção se firmar na briga pelo título da Copa América.
– Não ganhávamos há muito tempo (o jejum era de 40 anos no torneio). Começamos com dúvidas por parte da torcida na Bahia, pois o Charles (atacante do Bahia) foi cortado. Teve um ovo que atingiu nosso jogador (Renato Gaúcho). Mas o (Sebastião) Lazaroni escolheu jogadores muito bons e conseguimos superar isso tudo. Ao passarmos pelo Paraguai em Recife, vimos uma movimentação mais natural. O Branco muito bem pelo lado esquerdo, o Mazinho na direita e o ataque, pô, tinha Bebeto e Romário… – e, em seguida, ratifica:
– Era um time com três zagueiros (além dele, Aldair e Ricardo Gomes atuavam), mas era bem ofensivo. Só a gente e o Dunga marcávamos. O Mazinho avançava e ia em busca de investida, o Silas ajudava, o Valdo. O Branco gostava de tabelar por dentro. O time era muito forte, tanto que ao chegar no Maracanã não tomou nenhum gol – completou.
Porém, o ex-zagueiro reconhece que a participação brasileira no Mundial de 1990 foi atribulada por percalços externos. Aos seus olhos, o imbróglio quanto à premiação por eventuais classificações da Seleção para fases seguintes (fato que fez com que os jogadores posassem com uniformes de treino na Granja Comary tapando a imagem de um patrocinador) foi um dos indicativos dos atritos.
– É, começou lá na Granja, com aquele problema na foto. Eram situações desnecessárias. Não tivemos o mesmo entendimento que tínhamos aqui na Copa América. Por mais que todos os atletas queiram jogar, eles têm de esperar sua vez. Começaram a ter comentários que o pessoal soltava na imprensa e isso desestabilizava bastante Faltou alguém para botar ordem e dizer “quem não estiver contente, pega a passagem” – declaoru.
Passados 30 anos (completados na última quarta-feira) da eliminação da Seleção Brasileira para a Argentina por 1 a 0, Mauro Galvão mantém a confiança de que aquela equipe poderia ter uma sorte melhor na Itália.
– Nosso time era um dos melhores. Ganhamos as três partidas iniciais. Contra a Argentina, poderíamos ter feito dois gols no primeiro tempo. Não fomos eficientes o bastante para fazer o gol nem na hora de marcar. Faltou atitude igual à da Copa América – disse.
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O ex-zagueiro falou sobre o fato de perder espaço entre os convocados da Seleção Brasileira após o Mundial de 1990.
– Olha, é natural, têm outros jogadores de qualidade. Além disto, eu fui para a Suíça (defendeu o Lugano entre 1990 e 1996). Não poderia ficar o tempo todo no Brasil esperando ser convocado para a Seleção Brasileira. Quem me viu jogar já sabia como era o meu estilo. Eu nunca trabalhei tanto com o Zagallo quanto com o Parreira. Acho que é uma questão de confiança, prefiro acreditar nisto – disse.
AS OPÇÕES ATUAIS PARA A ZAGA BRASILEIRA
Com conhecimento de causa, o ex-zagueiro analisou como tem sido as opções da Seleção Brasileira.
– Temos bons zagueiros, só precisamos entrosar o setor como os volantes e os laterais. Além disto, alguns defensores estão com idade alta. O Marquinhos tem uma idade boa, o Thiago Silva pode até disputar uma Copa a mais, só que é preciso dar mais opções para disputarem a vaga para eles. E não ficar preparando agora de olho em 2022.
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