20 anos do penta: os 7 jogos do Brasil na conquista da Copa do Mundo
A quinta estrela na camisa da Seleção Brasileira demorou cerca de oito anos para se tornar realidade e tornou-se oficial a partir do que aconteceu em 30 de junho de 2002, há 20 anos, no Estádio Internacional de Yokohama.
A primeira – e até hoje única – Copa do Mundo da história no continente asiático começou para o Brasil em Ulsan, na Coreia do Sul, onde a equipe convocada por Felipão disputou a primeira fase. Os jogos do mata-mata em diante foram em solo japonês.
Adversário da estreia, a Turquia só disputou duas edições de Copa do Mundo até hoje e quis o destino que eles cruzassem duas vezes com a seleção canarinho em 2002. A base era o Galatasaray de Mircea Lucescu, que na época chegou a ficar dez jogos sem perder, mas também havia jogadores que atuavam em clubes de ponta do futebol europeu, como Inter de Milão e Milan. Na Itália também estava Hakan Sukur, o camisa 9 e grande estrela daquele time.
Se o placar de 2 a 1 com pênalti inexistente foi apertado, em seguida os brasileiros deslancharam e marcaram nove gols em dois jogos. Os detalhes e tudo sobre o mata-mata você confere a seguir.
O caminho da estreia até a final
1. Brasil 2 x 1 Turquia
O famoso frio na barriga da estreia transformou-se em drama quando
Hasan Sas abriu o placar no primeiro tempo, mas depois do intervalo Ronaldo precisou de apenas cinco minutos para empatar no
Ulsan Munsu Football Stadium, também conhecido como Munsu Cup Stadium ou Big Crown. O jogo estava amarrado, Felipão mexeu três vezes e um dos que entrou foi Luizão. Ele caiu após disputa de bola com Alpay Özalan perto da área, mas caiu dentro e o árbitro coreano Kim Young-Joo marcou o pênalti que Rivaldo converteu. O lance gerou muita reclamação e o turco foi expulso. Outro lance marcante neste jogo foi o cartão vermelho para o lateral-esquerdo Hakan Ünsal, que nos acréscimos chutou a bola na coxa do camisa 10. Ele colocou a mão no rosto e foi criticado por simulação, mas ele rebateu dizendo que se sentiu agredido. “Foi um lance de agressão, de violência”, declarou o então jogador do Barcelona.
2. Brasil 4 x 0 China
Jogando em Seogwipo, a maior ilha da Coreia do Sul, os brasileiros construíram a vitória logo na primeira etapa. Roberto Carlos mexeu no placar aos 15 minutos, Rivaldo e Ronaldinho, de pênalti, ampliaram. O camisa 11 foi até preservado e nem voltou para a etapa final, substituído por Denílson. Então Ronaldo fechou a conta no Jeju World Cup Stadium.
3. Costa Rica 2 x 5 Brasil
Conhecido pela personalidade discreta, Edmilson foi um dos nomes do confronto que encerrou a primeira fase. O zagueiro estreou como titular, perdeu a posição para Anderson Polga e ganhou nova chance quando o Brasil estava classificado. E além de atuar tanto na defesa quanto no meio de campo, ele também se arriscava no ataque. E desta vez ele arrematou com categoria um cruzamento de Júnior ao concluir com um voleio ou meia bicicleta. Foi um duelo de alternâncias e com sete gols no placar, sendo que Ronaldo (2), Rivaldo e Júnior também marcaram. A Costa Rica que tinha o técnico brasileiro Alexandre Guimarães diminuiu com Wanchope, centroavante que era tão notável no país que ganhou a chance de assumir a seleção entre 2014 e 2015. Ronald Gómez ainda fez o segundo da equipe caribenha no Suwon World Cup Stadium.
4. Brasil 2 x 0 Bélgica
Rivaldo e Ronaldo foram às redes, mas quem considera esse jogo no
em Noevir Stadium Kobe como um ponto de virada na carreira é Kleberson. O meio-campista que era destaque do Athletico-PR começou o Mundial como reserva e ganhou a confiança de Felipão aos poucos, até que a assistência que ele deu convenceu de vez o técnico a acreditar de que o camisa 15 era a peça que faltava para o time não sofrer tanto, visto que ele assumiu a vaga de Juninho Paulista, que era um meia-atacante, e tinha mais poder de marcação do que o atual coordenador de seleções. Naquele 17 de junho ele substituiu ninguém menos do que Ronaldinho Gaúcho, mas daí em diante virou titular absoluto. O encaixe foi tamanho que ele foi contratado pelo Manchester United, onde atuou por duas temporadas e conquistou dois títulos (Copa da Inglaterra e Supercopa da Inglaterra).
5. Inglaterra 1 x 2 Brasil
O gol de falta antológico marcado por Ronaldinho Gaúcho contra os ingleses que encobriu Seaman é lembrado até os dias de hoje como um dos mais notáveis na história das Copas. Mas o Brasil levou um susto logo de cara, quando o zagueiro Lúcio errou o tempo de bola e deu a bola no pé de Michael Owen, uma das promessas daquela seleção inglesa, que tocou na saída de Marcos e estufou a rede. Ainda no primeiro tempo, um contra-ataque mortal puxado por Ronaldinho, uma das jogadas clássicas que marcou a carreira dele, e chute colocado de Rivaldo no canto do goleiro. O Brasil foi para cima e após uma falta lateral na área, a impressão é de que o Bruxo cruzaria, mas ele resolveu bater direto e ela entrou na ‘bochecha’ da rede, para euforia dos 50 mil torcedores que foram ao Estádio Shizuoka Ecopa, um dos palcos construídos para receber o Mundial no Japão.
6. Brasil 1 x 0 Turquia
Talvez nem mesmo o torcedor mais fanático lembre quem são Muzzy İzzet, Tugay Kerimoglu, Bülent Korkmaz e Alpay Özalan, mas a imagem dos quatro jogadores cercando Denílson ficou marcada para a história do futebol. O atual comentarista que jogou apenas 15 minutos daquela semifinal vestia a camisa 17, era conhecido pela habilidade e tentou segurar a bola no campo de ataque, visto que Ronaldo tinha aberto o placar no Estádio Saitama, localizado na região metropolitana de Tóquio. O lance inesquecível aconteceu perto da linha de fundo. Na sequência ele tomou um tranco, ganhou a falta e aquele 1 a 0 foi suficiente para colocar o time verde e amarelo em mais uma decisão.
7. Brasil 2 x 0 Alemanha
O Japão investiu pesado na reforma e construção de novas arenas, mas o palco da final foi inaugurado em 1998, antes mesmo do país ser confirmado como sede do Mundial. Com capacidade para 70 mil pessoas, o Estádio Internacional de Yokohama recebeu outros jogos importantes como Mundial de Clubes, mas aquele 30 de junho de 2002 foi especial. Teve bola no travessão de Kleberson, corta-luz genial de Rivaldo, dois gols de Ronaldo Fenômeno e o sorriso largo de Cafu ao erguer a taça.
Quatro técnicos em oito anos
O ciclo após a conquista do tetracampeonato começou com um dos maiores ícones da história do futebol brasileiro, Zagallo, o coordenador técnico remanescente da comissão vitoriosa em 1994 que assumiu a canarinho em agosto, após a saída de Parreira, e saiu após o vice-campeonato de 1998, a dolorida derrota para a França de Zidane por 3 a 0.
Então vieram Vanderlei Luxemburgo, escolhido pelo trabalho realizado em clubes paulistas, como Corinthians, Palmeiras e Santos, porém problemas extracampo como falsificação de documento, agenciamento de atletas e sonegação fiscal, além de uma rixa com Romário, que não foi convocado para as Olimpíadas de Sydney 2000 e então a eliminação precoce para Camarões encerrou de vez o ciclo. A CBF decidiu então contratar Emerson Leão, que em 2001 comandava o Sport e prometeu um “futebol bailarino”, mas dentro de campo os resultados não vieram e ele foi demitido após 10 jogos.
O caminho natural foi a chegada de Luiz Felipe Scolari, que dividia o protagonismo de melhor treinador do país pelo sucesso em equipes como Cruzeiro e Grêmio. Sob pressão ao assumir uma equipe que estava em baixa e era criticada tanto por torcedores quanto pela imprensa, Felipão chegou como salvador da pátria. O gaúcho começou arrumando a casa pela ‘cozinha’, tanto que o sistema defensivo era uma das virtudes daquela geração que do meio para frente era conduzida pela qualidade técnica dos três “R” – Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. Foram cerca de 400 dias à frente do cargo mais cobiçado pelos treinadores brasileiros.