Scorpions quer repetir Rock in Rio 1985 com ‘dias de loucura’ e guitarra em homenagem ao Brasil
Ao G1, guitarrista Matthias Jabs conta que vai tocar com mesmo instrumento da 1ª edição do festival. Ele comemora volta do Dia do Metal: 'Fãs de rock pesado são os mais leais'.
Matthias Jabs, do Scorpions, já começou a se preparar para o Dia do Metal do Rock in Rio, marcado para 4 de outubro. O show na mesma noite de Iron Maiden, Helloween, Sepultura, Slayer e Anthrax terá uma homenagem ao Brasil.
O alemão de 63 anos tocará com a mesma guitarra com a qual se apresentou na primeira edição do festival, em 1985. E o instrumento, estampado com bandeiras brasileiras, estará de novo nas mãos do guitarrista do Scorpions.
Ele deu a guitarra ao promotor do show como um presente. “Os fãs pediram para que eu tocasse de novo. O cara ainda tinha a mesma guitarra”, conta Jabs ao G1. O “cara” é Roberto Medina, principal produtor do festival.
A guitarra será a mesma, mas a banda vem diferente: com destaque para o novo baterista Mikkey Dee. As baquetadas do ex-membro do Motörhead serão ouvidas em músicas como “Still loving you” e “Rock you like a hurricane”.
Além da homenagem, Jabs também fala da fidelidade dos fãs de metal, da inversão de horários com o Iron Maiden e da turnê de despedida que não foi uma despedida.
G1 – O que você se lembra do Rock in Rio 1985?
Matthias Jabs – Foram dois shows no final de janeiro, em nossa primeira vez no Brasil e no Rio. Foi empolgante demais. Lembro dos fãs do lado de fora do nosso hotel, o Copacabana Palace. Eram milhares… Foram 10 dias de loucura, porque todos os artistas tocaram duas vezes cada. Eu me lembro que o público era enorme e não conseguia ver todas as pessoas, porque já era à noite.
Claro que me lembro também que a Gibson me fez uma guitarra nas cores do Brasil. E foi um projeto que demorou seis meses. Nosso empresário teve que buscar em Nashville e levar até São Paulo e depois Rio. Eu dei a guitarra ao promotor do show como um presente, simbolizando a maravilha que foram aqueles dias.
G1 – Quem era o produtor?
Matthias Jabs – Não me lembro direito…
Era o Roberto Medina?
Matthias Jabs – Sim, esse mesmo. E ele guardou a guitarra! Vou tocar de novo com a mesma guitarra. Os fãs pediram para que eu tocasse. O cara ainda tinha a mesma guitarra. Fiquei muito feliz de tocar com ela de novo. É demais. Tantos anos depois, quase 35 anos depois, né?
G1 – Você esteve no Brasil nos anos 80 e voltou várias vezes. Quais mudanças você notou no país?
Matthias Jabs – Estivemos em algumas cidades neste tempo, em grandes cidades como São Paulo, Rio, duas vezes em Manaus. E foi interessante estar na selva, no meio dela. Estivemos em Vitória, Brasília, Belo Horizonte, é claro… Porto Alegre, Curitiba, no Sul… Aquela outra com Luís… Isso! São Luís, que é mais em cima no Brasil.
A gente gosta de ir em novos lugares e desta vez estaremos em Uberlândia, perto de Belo Horizonte e em Florianópolis. Vejo o Brasil melhorando. Como convidado, eu noto que a estrutura melhorou. Mas são visitas rápidas. Quero sempre voltar.
G1 – No ano passado, pela primeira vez o Rock in Rio não teve um dia dedicado apenas ao rock pesado, o que chamamos de ‘Dia do Metal’. Agora, voltaremos a ter, após os fãs reclamarem, e foi o primeiro a esgotar ingressos. O que acha disso?
Matthias Jabs – Uau! Os fãs de rock pesado são os mais leais mesmo. Eles se identificam com suas bandas favoritas de um jeito… Eles ficam com a banda pra sempre, durante a carreira inteira. É impressionante ver os festivais de rock pesado pelo mundo.
O nosso festival, da Alemanha, o Wacken esgota sempre os 80 mil ingressos antes de saberem quem vai tocar. É demais. Eu entendo a paixão deles: eles querem ser outras pessoas por um dia, querem curtir sua banda. Não me surpreende os fãs de rock serem assim.
G1 – Vocês fizeram uma turnê chamada ‘Final Sting tour’ (ou ‘Turnê da última picada’). Mas o Scorpions segue em turnê. Vocês pensaram mesmo em parar?
Matthias Jabs – A gente pensou que seria a despedida, por isso esse nome, mas estando em turnê a gente ouviu pedidos dos fãs e resolveu continuar. Os promotores nos disseram que seria loucura parar. As pessoas ainda querem nos ouvir, tínhamos muitos convites. Aceitamos que decidir parar havia sido precipitado. Não há motivos para isso agora.
G1 – Até quando a banda deve seguir em turnê, então?
Matthias Jabs – É difícil dizer, mas com certeza não vamos fazer mais uma “Turnê do Adeus”. Vamos continuar. Pensamos em gravar um disco no ano que vem e aí vamos fazer uma residência em Las Vegas em julho.
Depois disso, vamos fazer uma turnê nos Estados Unidos, porque não estivamos lá neste ano. Só marcamos shows na América do Sul e na Europa. Então posso te dizer que haverá uma turnê do novo disco. Temos planos para 2020 e 2021.
G1 – Soube que o Iron Maiden vai tocar antes de vocês. Você prefere tocar no fim do festival ou tocar mais cedo é melhor?
Matthias Jabs – Geralmente, a gente fecha os festivais. Já estou acostumado com esse horário. Eu sei, é claro, que o Iron Maiden é a atração principal. Mas eles preferem tocar cedo e pediram que a gente tocasse mais tarde. A gente aceitou, não tem problema.
G1 – Faz tempo que vocês vem deixando ‘Still loving you’ e ‘Rock you like a hurricane’ para o fim do show. Por que escolheram essas para o final?
Matthias Jabs – Elas são as favoritas dos fãs e são uma boa combinação. Costumamos deixar as mais roqueiras para o bis, mas ficou assim. A gente gosta dessas duas. As pessoas gostam da atmosfera e é uma ótima canção para fechar…