Renata Heilborn fala de visibilidade após fim de casamento com Courrege ser exposto: ‘Isso não me define’
Renata Heilborn ganhou mais de 100 mil seguidores após ter uma complicada parte de sua intimidade exposta: o motivo do fim sua união, há seis meses, com o jornalista Marcelo Courrege.
Ele virou notícia durante o Carnaval ao assumir publicamente o relacionamento com Carol Barcellos. que foi madrinha de casamento de Marcelo e Renata.
“Acho que não é fácil pra ninguém ter a vida exposta. Ainda mais quando se trata da sua vida pessoal, e no meu caso, de dores profundas que ainda estou no processo de digerir e curar. Eu sempre quis ser reconhecida pelo meu trabalho, meu ofício. E não pelo que me aconteceu. Mas estou aprendendo a lidar com isso”, conta.
No entanto, a jornalista, de 34 anos, não é novata em lidar com a visibilidade pública. Filha do comentarista Carlão, capitão da Seleção de Volêi de Ouro dos jogos olímpicos de Barcelona em 1992, ela trilhou o seu caminho na cobertura televisa do esporte. Ela relembra que teve que encarar de frente o machismo para ter o seu trabalho reconhecido.
“Já fui repreendida porque eu sorria demais ou porque eu pintava as unhas com cores chamativas. Até minhas fotos nas redes sociais já foram um problema. Somos avaliadas pelo nosso corte de cabelo, pelos nossos corpos, pela nossa vida pessoal. Tudo entra no pacote. E não vejo isso ser uma questão para os nossos colegas homens, por exemplo”, relembra.
“Meu ex-marido já era um repórter experiente da TV Globo quando eu comecei a trabalhar lá como estagiária. Apesar de sempre ter sido tratada com muito carinho por todos da empresa, eu percebi que meu nome tinha sido levado de mim. Não importava o que eu fazia, o tanto que eu estudava e me dedicava, eu era a ‘mulher do fulano’. E tudo que eu conquistava era porque eu era ‘a mulher do fulano’. Buscar reconhecimento pela minha profissão, pela minha história, parecia um trabalho sem fim”, analisa.
Após enfrentar as dores do rompimento traumático e ficar dias de cama, sem conseguir se alimentar e sob medicação, Renata quer mostrar um pouco mais de sua essência como mulher e profissional para esse novo perfil de fãs, que se identificam com sua trajetória de superação.
“Se eu disser que essa exposição não teve um lado positivo, estaria mentindo. Por isso mesmo eu estou tentando usar essa visibilidade pra mostrar quem é a Renata. Mostrar a profissional que eu sou e que isso que aconteceu não me define. Eu sou uma confusão, não pertenço a caixinha nenhuma, mas sou muito melhor do que isso. É o que eu digo para as pessoas: ‘se veio pela fofoca, eu garanto que o conteúdo é muito melhor'”, afirma ela, cheia de projetos no jornalismo e de propostas fora dele.
“Esse é um ano muito movimentado e importante para o esporte. Vamos ter amistosos da Seleção brasileira, Copa América, Eurocopa, Olimpíadas… Meu foco está todo nessas competições. Final de maio eu já viajo pra fora do Brasil pra cobrir a final da Liga dos Campeões em Londres e fico por lá até o final dos jogos olímpicos. Ainda estou conversando com marcas e vendo quais vão ser as possibilidades. Mas a única certeza é que eu quero trabalhar muito e ser feliz fazendo o que eu amo”, celebra.
Como começou a sua história com o jornalismo esportivo?
Eu brinco que nasci numa quadra de vôlei. Foi onde eu comecei a engatinhar, literalmente. Meu pai foi jogador de vôlei e capitão da seleção brasileira por 11 anos. A paixão do meu pai virou a nossa por tabela. E eu nem sei como é uma vida sem esporte. Uma das regras lá de casa quando éramos pequenos é que a gente precisava fazer no mínimo duas modalidades. Eu sempre escolhia o vôlei e a segunda eu revezava entre natação e tênis. Foi o esporte que nos deu tudo. Fazer jornalismo esportivo foi o caminho natural, apesar de não ter sido minha primeira escolha.
E qual foi?
Antes me formei na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Queria muito ser atriz. O teatro é uma das minhas paixões até hoje, mas quando comecei a trabalhar com esporte, entendi que ali eu estava em casa.
Qual foi a cobertura ou entrevista que mais te marcou?
Foram duas. A Copa do Mundo da Rússia e a Copa do Mundo do Catar. Em 2017 eu morava em Moscou e ter tido a experiência de ver um país se preparando para o mundial foi muito especial. Tive o privilégio de mergulhar numa cultura completamente diferente da nossa, pude vivenciar minha primeira cobertura esportiva grande, trabalhar com pessoas que sempre admirei, amadurecer como profissional. Já na Copa do Catar eu fui trabalhar com o Ronaldo Fenômeno para a Ronaldo TV.
E como foi trabalhar com ele?
Pra qualquer pessoa, eu sei que é lugar comum dizer que o Ronaldo é um dos maiores ídolos do esporte, seja você brasileiro ou não. Mas depois de conhecer o Ronaldo, pessoa física mesmo, trabalhar e conviver com ele, entendi que ele tem o poder de pegar suas expectativas e jogar no céu (risos). Você vira muito mais fã. Ele é um dos caras mais legais que eu conheço. Queria saber como eu editava meus vídeos, o que eu estava achando da cobertura, além de me dar conselhos sobre a vida e tudo mais. Ele é um cara de time.
O que ele te ensinou?
Estar com ele é uma aula. Eu brinco falando que às vezes parece que ele não é de verdade, e sim um holograma (risos). Mas é ele mesmo. Graças a Deus! Num jantar que tivemos com toda nossa equipe no Catar, o Ronaldo ficou falando como a terapia era importante, e como pra ele foi fundamental tanto pra lidar com as questões dentro de campo e fora dele.
O jornalismo esportivo por muitos anos foi dominado por homens. Como foi para você como mulher conquistar o seu espaço?
Desafiador. Ainda é, né? Não é fácil para nós. Quando converso com as minhas colegas jornalistas eu confesso que me bate um desânimo. Apesar da gente ter avançado em tantas coisas, ainda há outras questões profundas que precisamos trazer à tona. Para nós mulheres fazer nosso trabalho com profissionalismo e competência parece que nunca será o suficiente. Nunca somos avaliadas apenas pelo que entregamos no nosso trabalho.
Vivenciou algum episódio de machismo ou sexismo?
Vários. Tantos que iríamos ficar aqui uma tarde toda conversando sobre isso. O universo do esporte ainda é muito machista. É cansativo. A gente fica exausta, sabe? Só queríamos fazer nosso trabalho com respeito, assim como nossos colegas homens fazem. Mas não dá. Ainda não. Nós mulheres precisamos estar sempre num malabarismo eterno. É a forma como falamos, o jeito que nos vestimos, como nos posicionamos. Tenho amigas jornalistas que esconderam a gravidez até onde conseguiram por medo de perder trabalho. Então, é uma batalha e um caminho que ainda temos que percorrer. Mas estamos aí, a gente não vai desistir. O espaço também é nosso.
Recentemente ocorreu uma exposição da sua pessoal que gerou um interesse em você como pessoal física. Como foi para você lidar com esse interesse na sua vida pessoal?
Hoje em dia quando algo vira de domínio público e cai na internet, toma uma proporção enorme, e claro que a princípio assusta. Mas eu já tinha uma troca muito bonita com as pessoas através das mídias digitais. De alguma maneira, por ser jornalista e estar na televisão muitas vezes, eu já vivia situações parecidas. Claro que nada comparado com o que aconteceu agora. Mas depois do susto da repercussão eu tentei ver pelo lado positivo.
Você ganhou muitos seguidores e carinho…
Ganhei mais de 100 mil seguidores. E o mais bonito disso: a maioria é de mulheres. Eu sempre falo que sou uma mulher de mulheres. Claro que meu pai foi uma figura muito importante na minha vida, tenho dois irmãos homens, tenho amigos homens que me são muito especiais e a quem devo muito. Mas como meu pai viajava muito, eu fui criada pela minha mãe e pela minha avó. Tenho trocas profundas desde pequena com as minhas primas, uma tia que é minha referência, sou cercada de amigas mulheres com as quais eu acesso os lugares mais difíceis e mais especiais do meu eu.
É bom contar com essa sororidade, né?
Acredito muito que pra nós, estar em contato com outras mulheres nos fortalece como indivíduos. Só nós sentimos na pele o que a gente passa no dia a dia. São experiências que só nós vivenciamos. O universo feminino tem uma potência enorme quando unido. Receber o carinho de outras mulheres me faz ter certeza que a sororidade pode te salvar num momento difícil.Todos os dias até então foram de avalanche de amor e de empatia. Me emocionei com várias mensagens, me vi em muitos relatos e troquei ideias profundas.
Nas ruas também?
As mulheres me encontram na rua e me param pra dizer que sou exemplo de superação. Me questionam como eu consegui seguir. E eu gosto sempre de dizer que não tem uma receita. Não tem milagre. Tem terapia (risso), muita! E no meu caso uma rede de apoio incrível. Mas assim como elas, tenho dias difíceis e acho que regredi algumas casinhas que eu já tinha andado. Isso faz parte do processo. Nenhum momento difícil define a nossa vida. Que a gente lembre sempre disso.
Vi esses dias que você postou uma cantada que recebeu. Tem sido muito paquerada?
Acho que faz parte (risos). Pra ser sincera, depois da exposição, recebi muito menos do que eu recebia. Acho que as pessoas ficam assustadas. Normal. Assim que tudo aconteceu, brinquei com meus amigos que isso ia espantar os homens e que era injusto comigo, já que aquele era meu primeiro Carnaval solteira depois de 12 anos (risos). Mas tudo bem porque na confusão toda acho que nem eu consegui curtir direito. Precisei de um tempo.
Você aparenta estar muito bem e fala com naturalidade sobre algo que deve ter sido muito dolorido. Como você descobriu essa traição e como foi se reerguer após algo tão pesado, tendo que conviver no meio com o ex e com a sua ex melhor amiga?
Faz seis meses que isso aconteceu. Se hoje eu consigo falar sobre isso com alguma naturalidade, apesar de não achar nada natural, é porque fiz muita terapia pra chegar até aqui. Mas a realidade não era essa. Fiquei dias de cama, sem comer e sendo medicada. Só estou contando isso pras pessoas entenderem que eu também demorei pra me recuperar, que eu também sou humana e senti tudo isso. Mas passou.
Sem contar que a gente escolhe um ângulo da nossa vida para mostrar ali no Instagram, né?
Na internet a gente só mostra pequenos momentos da nossa vida. Tudo ali tá “editado”. Ninguém consegue mostrar 100% da sua vida nas redes sociais. E eu prefiro sentir e vivenciar as minhas dores no meu canto. Me recolher. Quando eu não estou bem, eu opto por aparecer menos nas redes. Porque preciso de momentos off pra respirar, reorganizar as ideias e me fortalecer.
É um processo longo, certo?
O que aconteceu me quebrou em vários lugares, e agora estou no processo de juntar essas peças, de me reencontrar. Eu sempre me dediquei completamente às minhas amizades. Costumo dizer que minha alma gêmea são as minhas amigas. Então, essa dor atingiu um lugar muito sagrado pra mim. Não só eu vivi esse luto, mas a minha família também. E quando tudo aconteceu, outros ciclos se quebraram. A opção de não falar mais sobre o assunto, é também porque eu preciso respeitar quem viveu essa dor junto comigo. E porque o que eu mais quero e desejo agora é seguir a minha vida em paz.
Como tem sido confiar novamente nos homens e em amizades?
Olha, encontros incríveis só acontecem se a gente está aberta pra eles. Claro que no início eu pensava que nunca mais ia me abrir pra ninguém. Desconfiava de todo mundo. Até que olhei em volta e vi todas as minhas amigas ali, me dando força, me colocando pra cima. Uma amiga muito querida que mora em Londres me ligava quase todos os dias por FaceTime. Minhas amigas que me ajudaram na parte burocrática e espiritual. Meus amigos me salvaram. Então, como não confiar mais em amizade? Eles me convencem todos os dias que não é por causa de uma pessoa que eu vou parar de me abrir, de conhecer gente, de ser eu. Acho que essa situação já tirou coisa demais de mim, né? Porque essa sou eu. Que sabe que o bom da vida só existe quando compartilhada. Cada um dá o que tem. Eu prefiro dar meu melhor.
Está aberta a um novo relacionamento?
Sou intensa nos meus desejos, mas tenho os pés no chão. Acho que até pouco tempo eu estava completamente fechada, não me permitia, tinha medo de me envolver. Assim que eu ficava com alguém tratava de sabotar. Não dava chance. Fiquei 12 anos com uma pessoa, e faz só seis meses que a minha vida deu uma reviravolta. Pra alguém entrar, as coisas precisam estar alinhadas dentro de mim. Não tiveram responsabilidade afetiva comigo, mas eu preciso ter com o outro. Não dava pra colocar ninguém na minha vida com a confusão que ela virou. Mas agora eu tenho tentado me permitir mais, deixar rolar, deixar o frio na barriga acontecer… Se acontecer: ótimo.
E como tem que ser essa pessoa?
Depois de tudo que eu passei pra mim só vale a pena se tiver muita parceria, amizade, se for leve e gostoso. Hoje eu sei exatamente o que eu quero e não quero numa relação. Eu viajo muito, não dá pra ter ciúme envolvido, por exemplo. Trabalho com esporte. Mas nada te atravessa mais do que uma paixão… Quem sabe?
Você está mais bonita do que já era agora e aparenta estar até mais feliz. Passou a se olhar de outra forma após toda essa experiência?
É engraçado você me falar isso porque é o que eu mais escuto das pessoas que me conhecem. Acho que quando a gente começa a viver uma vida distante de quem nós somos, pra tentar se encaixar, a gente perde o brilho. E por muito tempo eu me perdi de mim mesma. Me perdi de vista, sabe? Eu sentia que ser quem eu era, era um grande problema.
As pessoas percebem essa mudança…
Meus amigos falam que eu estou diferente, com um brilho diferente. Mas eu acredito que é porque eu estou me reencontrando, fazendo escolhas por mim mesma, vivendo uma vida que faz mais sentido pra mim. Sinceramente, eu estou amando viver a coisa mais gostosa do mundo (risos). Estou numa fase que quero aproveitar cada momento, cada milésimo de segundo. Me encontro cada vez mais no meu caminho e isso não significa que esteja tudo calmo e tranquilo, sigo tendo que administrar milhares de emoções e sentimentos que, por muitas vezes, parecem desafiadores.
E o que você aprendeu com tudo isso?
Eu venho descobrindo que é possível mudar a rota e ser feliz. Tento não me levar tão a sério, tiro sarro de mim mesma. Tenho me amado mais, gostando de ficar comigo mesma, dou risada sozinha, brinco comigo, me reergo, e me orgulho da minha vulnerabilidade. Está aí, pra todo mundo ver. Acho que tudo isso era saudade de mim. Aprendi que a gente é mais forte do que imagina, que nada é mais poderoso do que o amor próprio, e que autoconhecimento faz a gente levantar mais rápido da queda. Ah e que andar de mãos dadas com as pessoas certas pode fazer você nascer de novo.