‘Luta por Justiça’: Soco no estômago que todos deveriam tomar
Longa, baseado em fatos, demonstra como o racismo pode ser perigoso e que, apesar de um meio preconceituoso, é possível agir em busca por justiça
Para nós, brasileiros, a pena de morte é algo um tanto quanto distante. Apesar de defendida por alguns, nunca tivemos a experiência de viver em uma sociedade (moderna) em que aqueles que cometem algum tipo de crime possam ser executados por conta destes. Pelo menos não pelo estado, em uma cadeira elétrica.
Luta por Justiça faz com que esta sensação seja vivenciada com tamanha viceralidade que é impossível ficar impassível.
O advogado recém formado em Harvard que se muda para o sul dos Estados Unidos para lutar pelo direito de pessoas no corredor da morte, vivido brilhantemente por Michael B. Jordan se torna o personagem perfeito para realizar esta imersão.
Vindo, também, de um lugar onde não há pena capital, o impacto tido por ele é reverberado pela marcante atuação e atinge o público com força máxima.
Saber que a história se baseia na vida real de Bryan Stevenson e de seu cliente Walter “Johnny D.” McMillian faz com que as emoções vivenciadas a cada novo passo do processo sejam ainda mais fortes.
A trama, apesar de cair em alguns clichês, sabe dosar bem seus temas e consegue ser eficaz em mostrar a competencia dos personagens sem endeusá-los em meio às suas virtudes.
Eficaz em seu trabalho, o diretor Destin Daniel Cretton, tenta se manter sóbrio durante toda a projeção, mas ainda é possível enxergar um pouco do que o cineasta traz de seu longa anterior, A Cabana, no modo como retrata os personagens e suas transformações.
A trilha sonora, composta por Joel P. West, é um espetáculo à parte. Mesclando estilos instrinsicamente ligados à história negra americana, como blues, jazz e gospel aos tons orquestrais, ela não só ajuda no transporte para o Alabama dos anos 1980 e início dos 1990, mas nos coloca em meio à comunidade retratada pelo longa.
Além disto, é a música que cria muita da tensão das cenas de tribunal ou nos momentos introspectivos vividos pelo protagonista em suas experiências num ambiente novo e hostil. Sendo ela, também, a responsável por elevar ainda mais o climax do longa.
As performances sólida de todos em cena, juntas de uma história emocionante e impactante ajudam a lembrar que, mesmo 20 anos após o assassinato de Martin Luther King, em um país livre da escravidão e que já vivia algum tipo de melhoria, o preconceito ainda escolhia culpados fáceis para crimes difícei e como sempre, como canta Emicida, “existe pele alva e pele alvo”.