Gabriela Medvedovsky estreia 3ª temporada de ‘As Five’ e diz: “Gosto de olhar o passado para me impulsionar”
Gabriela Medvedovsky está na contagem regressiva para o lançamento da terceira e última temporada de As Five, que estreia dia 1º de março na plataforma Globoplay. Na trama, ela vive Keyla, personagem que começou a interpretar em Malhação – Viva a Diferença (Globo, 2017).
De lá para cá, a personagem passou por uma gravidez na adolescência, dificuldades financeiras, sonho de trilhar a carreira artística e agora é empreendedora, dedicando-se ao trabalho na casa de shows A Ladeira das Mina. Ao falar sobre a mudança que o trabalho trouxe, a atriz reconhece a importância da personagem em seu amadurecimento pessoal e profissional: “Já não existe mais a Gabi sem um pouco da Keyla. Ela mudou a minha vida”.
Paulista, Gabriela foi criada Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e tinha 24 anos quando foi escalada para interpretar uma adolescente de 17. Hoje, aos 31, ela diz ter encarado a situação com humor. “Quando brincavam que eu parecia ser mais nova, eu respondia: ‘Tudo bem, vou ter 25 anos e vou estar fazendo Malhação‘ (risos). As palavras têm poder”, recorda a atriz, que se formou em Publicidade antes de decidir investir a carreira de atriz.
Protagonista de As Five ao lado de Ana Hikari, Daphne Bozaski, Heslaine Vieira e Manoela Aliperti, Gabriela valoriza a relação de amizade construída entre elas. “Nosso projeto era justamente sobre sororidade, sobre mulheres apoiando mulheres. Seria hipócrita ter bastidores com rivalidades, competição e briga de egos”, afirma a atriz, que ganha um novo par romântico na terceira temporada de As Five, vivido pelo ator Samuel de Assis.
Quem: A terceira e última temporada de As Five vai estrear em 1 de março. Como está a expectativa para o lançamento?
Gabriela Medvedovsky: A temporada está muito legal, com conflitos bem importantes na histórias de todas elas. Estou ansiosa para a estreia da temporada e, ao mesmo tempo, com o coração apertado para dar tchau. Contando desde Malhação – Viva a Diferença, foram sete anos como Keyla.
O bacana é que existiram outros projetos nesse intervalo. Vocês não ficaram presas a apenas uma personagem.
Sim, além dos outros projetos, tivemos uma pandemia no meio desse processo. Fiz uma protagonista em novela e uma peça de teatro que eu mesma escrevi com outras colegas. Ao mesmo tempo em que estava com a personagem, também me abasteci com energias de diferentes projetos. Foi importante para ressignificar e dar um refresh.
Quando Malhação Viva a Diferença estreou, existia a percepção na imprensa e na emissora de que seria uma temporada que fugia do habitual. Você também imaginava que sua vida também mudaria?
Nesses dias, estava até escrevendo um textinho. Já não existe mais a Gabi sem um pouco da Keyla. Ela mudou a minha vida. A gente entendia a grandiosidade do projeto. Havia consciência do diamante que tínhamos em nossas mãos. Desde o início, houve um cuidado muito grande da empresa e da direção para aquela história de Malhação. Era uma temporada com mudança de cidade, de ponto de partida, de foco. Falava de amizade feminina, conversando com a demanda de abordar aspectos diferentes.
Havia um multiplot entre as cinco amigas em vez de duas meninas disputando um mesmo garoto, como era usual nas temporadas anteriores. Considera o grande diferencial?
Sim, foi muito legal. E sabíamos da responsabilidade de fazer essa temporada. Quando acabou, não tínhamos ideia de que existiria o spin-off. Quando terminamos de gravar foi um luto bem dolorido, bem difícil de dar tchau. Era a minha primeira experiência no audiovisual, uma personagem muito importante. A sensação que tive ao terminar Malhação foi de que ainda teria mais a falar com aquela personagem. O spin-off foi um privilégio, havia uma demanda dentro da gente de dar continuidade.
Nesse intervalo de 2017 para cá, como avalia seu amadurecimento? Ou é tanto tempo que nem lembra mais como era a vida antes da Keyla?
Lembro, sim, e acho importante lembrar. Sou canceriana e super nostálgica. Gosto de fazer balanços da minha vida, de olhar para o passado. Não no sentido de ficar presa ao que vivi, mas no sentido de celebrar a minha história e o meu caminho até aqui. Gosto de olhar o passado para me impulsionar, seguir em frente. Observo o que venho me tornando e a profissional que sou hoje em dia. O que sou hoje tem a ver com os profissionais que encontrei no caminho, os amigos que fiz e, claro, tem a ver comigo também. Acho que sou uma profissional dedicada.
A carreira artística é instável. Já pensou em desistir? Foi incentivada pela família quando decidiu ser atriz?
Nunca pensei em desistir. Sou formada em Publicidade. Na época do fim do Ensino Médio, estava um pouco indecisa para saber o que gostaria de ser para o resto da vida. Só fui me dar conta que queria mesmo ser atriz quando estava com 22 anos. Quando comuniquei isso aos meus pais, eles foram compreensivos, só pediram para que eu terminasse a faculdade. Terminei, até porque eu gostava muito de estudar.
E você já tinha experiência teatral?
Fazia workshops de treinamento nos momentos que eu tinha livre, mas não tinha experiência profissional.
A terceira temporada de As Five marca o encerramento de um ciclo. O que planeja fazer daqui para frente?
Quero seguir com novos desafios, trabalhos, personagens. Quero papéis que me tirem da zona de conforto. Gosto muito de fazer audiovisual, mas gosto do teatro para me tirar do prumo e me refrescar. Quando fazemos novelas, acabamos ficando com alguns maneirismos e nos acomodando. Sempre busco estudar e fazer algo diferente para me reconfigurar. Nos últimos dois anos, fui estudar na Espanha com o Juan Carlos Corazza, no Estúdio Corazza. Ele tem essa dinâmica da provocação para te tirar da zona de conforto. Busco coisas novas e acho que isso é muito saudável.
Quando Malhação – Viva a Diferença foi lançada, o comentário geral era de estávamos diante de um produto diferente. Na coletiva de apresentação à imprensa, vocês não escondiam a alegria com o trabalho, mas eram meio desencanadas com a visibilidade e fama. Estou enganada?
O mundo da fama não me atraía, nem chamava a minha atenção. Acho que as meninas também não davam muita bola para isso. Nosso lance sempre foi o ofício de atuar. Nosso compromisso era com nosso trabalho.
Não tinha preconceito com o veículo?
Zero! Sempre gostei de novelas. Eu e minhas amigas tínhamos grupo no WhatsApp para falar de Avenida Brasil (risos). Amava aquela novela.
A fama te assustou em algum momento?
Acho que não. Levo de maneira leve. Tenho experiências boas com a imprensa, o retorno nas ruas e nas redes sociais é sempre muito carinhoso, muito maneiro.
Você e as meninas falaram repetidas vezes que não havia competição entre vocês. Nos bastidores, existia alguma inconveniência?
Não. Nunca teve. Realmente, nos perguntavam muito na época de Malhação. Porém, nosso projeto era justamente sobre sororidade, sobre mulheres apoiando mulheres. Seria hipócrita ter bastidores com rivalidades, competição e briga de egos. Foi uma sábia escolha da direção conseguir ler as atrizes para além das personagens, entendendo a responsabilidade que teríamos ao contar essa história. Em 2017, vivíamos o boom do feminismo, em que várias questões passaram a ser mais debatidas.
Pouco tempo depois de Malhação – Viva a Diferença, você foi escalada para ser a mocinha da novela Nos Tempos do Imperador. Nessa época, de Malhação para protagonista de novela, como ficou a relação com elas?
Quando elas souberam que faria a novela, ficaram muito felizes por mim. Ainda dividi a novela com a Heslaine, que fazia a antagonista da minha personagem, e com a Daphne, no papel de irmã. O antagonismo, às vezes, é tão complexo como o protagonismo. Dividir essa parceria foi incrível. Eu e Heslaine tivemos grande parceria de cena. As meninas ficaram muito felizes por mim e eu por elas.
A Giovanna Grigio também se tornou sua grande amiga e companheira de viagens. Ela não era uma das five, mas estava sempre ali por perto…
Ela era a six (risos). Ela é minha irmãzinha mais nova, uma amigona. Tenho o maior prazer em acompanhar a trajetória dela.
Você nasceu em 1992 e imagino que deva escutar muitos comentários de que não aparenta ter chegado aos 30. Como foi a virada dos 20 pros 30. Percebeu diferenças?
Acho que não. Estou em um processo de maior autoestima e amadurecimento. Estou acostumada com as pessoas me tratando como seu eu fosse mais nova. Mesclo bem a juventude e a maturidade. Sou desencanada quanto a isso. Quando coloco expectativas, posso ficar frustrada. Prefiro não estabelecer prazos. Quando os projetos vêm de maneira surpreendente é muito gostoso. Malhação foi uma dessas surpresas. Quando brincavam que eu parecia ser mais nova, eu respondia: ‘Tudo bem, vou ter 25 anos e vou estar fazendo Malhação (risos).
Jogou pro Universo!
As palavras têm poder.
Nesse período no meio artístico, você tem uma vida discreta. Compartilha suas viagens, mostra um pouco da sua vida, mas não expõe demais. Como é a sua vida por trás das câmeras?
Sou muito a favor de conhecer o mundo. As viagens me abastecem de maneira potente e volto para casa ressignificando muita coisa. Sou bem canceriana e gosto do meu cantinho.
Tem um porto seguro?
Minha família é meu porto seguro, é onde me reconecto. Aprendi a apreciar o bonito da solitude. Tenho que estar bem comigo para estar bem com o outro. Minha família está toda em Porto Alegre, então é mais difícil de encontrar. Assim como a Keyla também tenho minhas amigas de infância em Porto Alegre e elas me reconectam com meu passado, para saber de onde eu vim.