Pepita abre as portas de sua mansão: ‘Aqui é minha zona de segurança’; conheça
Há oito anos, Pepita saía do Rio de Janeiro e chegava em São Paulo. Em uma época em que, assustada, não entendia muito bem onde estava, tinha a certeza de que essa seria a cidade que mudaria sua vida.
De lá para cá, muita coisa, de fato, mudou. Atualmente, a bem-sucedida cantora, atriz, apresentadora e influenciadora digital mora com sua família – o marido, Kayque Nogueira, e o filho, Lucca Antonio – em uma mansão localizada na região nobre do Jardim Guedala, São Paulo. Um imóvel ensolarado, iluminado e gigantesco, que nem em seus sonhos de infância imaginava conquistar.
Na primeira vez que visitou o oásis urbano de 750 m², Pepita se encantou pelo jardim, que pôde ser vislumbrado da porta de entrada da residência. Através das enormes aberturas de vidro que separam a casa da sacada, viu um pequeno pedaço da enorme área externa, um fragmento de natureza similar a que tinha em seu antigo lar, um sítio em Mairiporã, interior de São Paulo.
“Acho aqui muito parecido. É muito verde, muita árvore, silêncio. A gente escuta mais o passarinho cantando do que gente falando”, explicou sobre a tranquilidade do local.
Um refúgio, a zona de conforto
Toda a decoração foi escolhida pela cantora, que trouxe para o seu lar o que gosta, sem se preocupar necessariamente com marcas ou preços – a peça mais cara dentro do imóvel é um sofá, de R$20 mil, e a peça mais barata custou aproximadamente R$10. Pepita transmitiu sua personalidade, especialmente, por meio das obras de arte. As paredes ganham um destaque com os quadros, cheios de cores, beleza e presença.
Cada detalhe foi pensado para que esse imóvel pudesse ser a sua “zona de conforto”, sua “zona segura”, um local em que pudesse chegar, depois de um dia cheio de trabalho, tomar um banho relaxante e descansar.
Porém, mais do que isso, o lar de Pepita é o local em que ela pode ser Priscila Nogueira. É nesse lar, que tem já em sua porta um coração de artesanato estampando os dizeres: “Amar é um ato político”, que ela se sente em segurança.
“Quando eu bato o portão eu me sinto muito segura. Aqui eu sei que ninguém vai se catucar quando eu passar. Aqui eu sei que vou poder rir, falar, dançar, curtir, viver, comer. E ninguém vai estar me julgando e nem apontando.”
A casa como o cenário de uma rotina bem definida
Às 07h40, Pepita acorda. É na companhia de uma xícara – presente de uma fã – que ela inicia o dia. “Eu não bebo nada, só o café. Me sirvo na cozinha e venho andando, sento na varanda [e penso]: ‘Deus, mais um dia. Que o senhor possa me dar muita força, que possa me livrar dos olhares dos meus inimigos. Me fortaleça, para que nada me atravesse ou me desestruture no dia abençoado que eu preciso ter’.”
Durante o dia, além de mãe, influenciadora digital, atriz e apresentadora, ela também é dona de casa. Organizada, do tipo que alinha até o quartinho da bagunça, ela se diz do time da faxina e da cozinha.
“Há dias em que acordo bem inspirada. Como aos domingos. Na noite anterior, vou ao mercado e compro tudo, então eu já acordo inspirada. Acho que domingo é dia de estar com pessoas que você ama. Dia de comer aquela comida gostosa e uma bela sobremesa. Assistir a um filme ou série comendo uma pipoca. Domingo é dia de descansar para se fortalecer para a semana. Esse é meu lema aqui em casa.”
Com a ajuda de secretária, cozinheira, diarista, piscineiro e jardineiro, ela mantém a casa funcionando em perfeita ordem. Além da limpeza física, Pepita também tem alguns cuidados com a energética. Os sapatos, por exemplo, sempre ficam para o lado de fora. “A energia [ruim] fica lá, na rua.”
“Energia é tudo para mim. É a energia que faz você deitar e levantar para viver a vida.”
Lucca Antônio
Sem planos de se mudar para outra casa, a apresentadora tem em mente uma reforma próxima: a do quarto do herdeiro, Lucca Antônio. O espaço, hoje tomado de brinquedos, possivelmente será modificado com base na atual paixão do bebê: dinossauros.
“O lance da gente fazer um outro quarto para ele é que a gente quer que ele entenda que agora ele consegue dormir numa cama. Que ele entenda que já está grande. Todos os pitacos e todas as opiniões [para a reforma do quarto] virão dele. A gente só vai assinar embaixo”, garantiu a cantora.
Sonhos ainda não realizados
Quando questionada sobre quais bens materiais ainda deseja conquistar, Pepita falou sobre sua vontade de ter uma casa para acolher meninas transsexuais e travestis: “Tenho muita vontade delas poderem ter um chuveiro para tomar um banho, uma cama para dormir, uma comidinha gostosa, um café da manhã. Que elas possam, de repente, fazer um curso durante o dia. Eu acho que essa é uma conquista que eu queria muito realizar.”
“Eu sei que é louco no sentido de: ‘Caramba, por que ela não teria um outro sonho?’ Mas [essa] é uma dor que eu vivo. Então eu tenho vontade de ter uma casa assim.”
Leia a entrevista na íntegra:
Como foi a sua vinda para São Paulo?
Nos primeiros meses, foi muito assustador, porque eu não consegui entender onde eu estava, mas eu consegui entender que era uma cidade que poderia mudar minha vida. E aí quando eu comecei a entender isso eu fui e abracei. [Pensei:] Então, estou em casa. E estou aí até hoje.
E como era a casa em que você morou durante a infância, no Rio de Janeiro?
Era no bairro de Marechal Hermes. Tinha sala, cozinha, banheiro e quintal. Tinha um quarto em que dormia eu e o Cadu, em uma bicama, eu dormia embaixo e ele dormia em cima. E o quarto dos meus pais.
E como você imaginava, na infância, que seria a sua casa no futuro?
Eu imaginava que ia ter um quarto, uma sala, uma cozinha. Mas nunca grande assim. Eu sempre gostei de casa, sou meio bagunceira, gosto de usar um som, escutar um pagodinho. E eu sempre sonhei ter uma casa desse jeito, que desse para escutar uma música, um sonzinho e ser feliz.
Teve algo nesta casa que, quando você viu, teve a certeza de essa ser a casa ideal?
Eu acho que foi meu jardim. Quando eu entrei aqui, não prestei atenção em nada. Quando eu fui andando, que abri essa porta e vi a varanda, [pensei:] Ai, meu Deus, olha o tamanho desse quintal. E aí eu falei: ‘Ah, tem piscina.’ Se eu entrei duas vezes nessa piscina foi muito [risos].
Antes vocês moravam em um sítio, como foi essa transição do campo para cá?
Eu acho que aqui é muito parecido. É muito verde, muita árvore, silêncio. Aqui a gente escuta mais o passarinho cantando do que gente falando. Nós não vimos muita diferença nisso. A gente viu essa casa e nos apaixonamos.
E foi você quem escolheu toda a decoração [da casa]?
Eu escolhi bastante coisa. Acho que quase tudo nessa casa fui eu que escolhi. Tudo pensado assim, para ser um lugar que pudesse ser minha zona de conforto. Que eu pudesse sair para trabalhar, como uma louca, e quando voltasse [para casa] tomasse um banho e pensasse: ‘Agora, vou descansar’. Essa casa é muito pensada nisso.
Você comentou, em conversa anterior à entrevista, que esse é um lugar em que você pode ser verdadeiramente você. O que simboliza, para você, o seu lar?
Eu acho que, quando eu bato o portão, aqui é minha zona de segurança, sabe? Eu me sinto muito segura aqui. Aqui eu sei que eu vou poder rir, falar, dançar, curtir, viver, comer. E ninguém vai estar me julgando e nem me apontando. As pessoas acham que porque a gente trabalha com internet, que a gente vive de internet 24 horas. Não, eu só mostro o que eu quero, o que me faz bem mostrar. Quando eu não estou mostrando nada, pode ter certeza que estou vivendo um momento para guardar na minha mente.
Quais são os lugares que você mais gosta de estar aqui dentro? Aquele lugar que, quando você some, as pessoas sabem que vai estar lá.
Minha varanda, meu banheiro. No meu banheiro, eu me desconecto de tudo. E a frente da casa, onde a gente vê os bichos passando e o novo dia que vai começar.
Qual é o objeto da casa que você acha que mais transmite sua personalidade?
Os quadros. Os quadros da casa transmitem quem eu sou.
Como foi a primeira noite do seu filho aqui?
Na primeira noite, o quarto dele ainda não estava pronto, então ele dormiu com a gente. No amanhecer, eu vi que ele ficava meio: ‘Aonde eu estou?’. Mas acho que ele achava normal porque via muita árvore assim. Com o tempo, ele foi se entendendo e conhecendo. Aí a gente desceu, ele viu que tinha uma piscina. Depois, eu acho que ele foi levando de boa, sabe? […] Fico pensando que quando a gente for para uma outra casa, ela tem que ser maior do que essa, né? Porque a gente vai aumentando as coisas…
E sobre a reforma do quartinho do Lucca, para que o quarto tenha a personalidade dele, você já imagina como vai ficar o ambiente?
Eu quero um quarto que o dia que meu filho falar: ‘Mamãe, dorme aqui comigo’, eu consiga dormir ali. O lance da gente fazer um outro quarto para ele, é que a gente quer que ele entenda que agora ele consegue dormir numa cama. Que ele entenda que já está ‘grande’. Acho que todos os pitacos e opiniões vão vir dele – a gente só vai assinar embaixo.
Vocês recebem muitos convidados em casa?
Poucos. Mas gostamos de receber amigos, tomar um banho de piscina, comer um churrasco, tomar um vinho, comer um queijo. Sou carioca, né? Então a gente gosta de uma baguncinha [risos].
Vocês têm um ‘quartinho da bagunça’?
Claro, todo mundo tem. Mas aqui é uma bagunça organizada. As caixas têm um nome, [por exemplo:] Árvore de natal, decoração de natal, decoração de Halloween, decoração de festa junina. A Gente bota tudo no quartinho da bagunça com os adesivos.
Falando agora do seu lado mais dona de casa, você é do time da faxina ou do time da cozinha?
Eu sou dos dois. Há dias em que acordo bem inspirada. Como aos domingos. Na noite anterior, vou ao mercado e compro tudo, então eu já acordo inspirada. Acho que domingo é dia de estar com pessoas que você ama. Dia de comer aquela comida gostosa e uma bela sobremesa. Assistir a um filme ou série comendo uma pipoca. Domingo é dia de descansar para se fortalecer para a semana. Esse é meu lema aqui em casa. Domingo é eu, o Kayque e o Lucca. Se eu não fizer a fumaça em casa, as panelas não cantarem, a gente vai em um restaurante.
Qual é o seu objeto favorito da casa?
É uma xícara que todo dia eu tomo café da manhã. É muito louco quando falo disso. Eu ganhei essa xícara em um show que fiz, de uma fã. É engraçado que parece que quando eu não tomo meu café naquela xícara, meu dia não rende, sabe? Aquela xícara já me viu rindo, chorando de manhã. Já me viu bem, já me viu em dúvida, já me viu discutindo no WhatsApp, já me viu emocionada falando com uma outra pessoa. E aí é muito louco que aonde eu vou, que dá para levar ela, levo. Pela manhã, eu não bebo nada, só o café. Não quero pão, não quero nada. Eu quero meu cafezinho. Me sirvo na cozinha e venho andando, sento na varanda: ‘Deus, mais um dia. Que o senhor possa me dar muita força e me livrar dos olhares dos meus inimigos. Que o senhor possa me fortalecer para que nada me atravesse ou me desestruture no dia abençoado que eu preciso ter.’ Subo, vou pegar meu pequeno, ele desce, a gente toma café junto e começa a loucura.
Vocês têm planos de se mudarem?
Não, eu espero ficar bastante tempo aqui. Eu gosto muito dessa vibe. Essa energia de acordar de manhã, conseguir ver a chuva, o sol. Da gente sentar ali para tomar um cafezinho.
Você tem algum ritual para sair de casa ou ao chegar?
O sapato fica [do lado de fora]. A energia fica lá, na rua. E quando eu subo, eu não vou em lugar nenhum da minha casa, subo direto para o banheiro, já deixo um pijaminha ali, pendurado, vou tomar meu banho e só depois falo com as pessoas.
Você preza muito pela energia da casa, certo?
Sim, energia é tudo para mim. É a energia que faz você deitar e levantar para viver a vida.
Muitas mulheres trans acabam passando por situações de preconceito na vizinhança. Como você foi recepcionada?
Eu não conheço meus vizinhos, só conheço minha vizinha do lado, que é uma senhora maravilhosa com quem me dou superbem . Mas eu passei por um episódio de transfobia na minha rua, quando estava aqui há um ano. Foi doloroso, foi complicado, e é um assunto que eu quase não estou falando porque estamos na justiça.
Quais são os bens materiais que você ainda deseja conquistar?
Tenho muita vontade de ter uma casa para acolher meninas transsexuais e travestis. Tenho muita vontade delas poderem ter um chuveiro para tomar banho, uma cama para dormir, uma comidinha gostosa, um café da manhã. Que elas possam, de repente, fazer um curso durante o dia. Eu acho que essa é uma conquista que eu queria muito realizar.