Paciente terminal, Isabel Veloso cogita maternidade até depois da morte
Isabel Veloso lida com a difícil notícia da previsão de seis meses de vida em meio ao diagnóstico de um quadro incurável de câncer desde janeiro deste ano. O detalhe é que a jovem de 18 anos caminha para o sexto mês como paciente terminal com o sonho vivo de se tornar mãe de alguma forma.
O tratamento paliativo com o uso de canabidiol, inicialmente usado para amenizar dores, acabou ajudando na contenção do crescimento do tumor e, consequentemente, estendendo aos poucos a expectativa de vida da influenciadora. A partir disso, a paranaense com Linfoma de Hodgkin tem se permitido sonhar com o grande desejo da maternidade.
Gravidez
Em um relacionamento com Lucas Borbas desde agosto de 2023, Isabel pontua o fato do tumor estar com o crescimento controlado além de considerar resquícios do último tratamento oncológico, uma imunoterapia chamada Pembrolizumabe, para cogitar a gravidez de forma natural. No entanto, ela reconhece o riscos das condições atuais de saúde.
“Essa medicação fica meses no sangue, então continua agindo de uma forma indireta no tumor. Junto com o canabidiol faz com que o tumor cresça de uma forma estabilizada. Não está parado, ele continua crescendo, mas devagar”, explicou.
Desde 2021, Isabel passou por quimioterapias e transplante de medula óssea até ser curada em novembro de 2023. Mas a doença voltou de forma muito agressiva em janeiro deste ano, quando descobriu que seria incurável.
“Então, tem a possibilidade de eu conseguir gerar, tem a possibilidade de ter duas coisas [feto e tumor] crescendo ao mesmo tempo e, talvez, quando eu engravide, não ter mais resquícios do medicamento e o tumor começar a crescer de uma forma descontrolada”, completou.
Ela ainda frisa a chance de não aguentar uma gestação completa por conta do tamanho do bebê e os possíveis procedimentos invasivos para o nascimento da criança.
“Pode ser que o bebê venha a falecer ou eu venha a falecer. Na verdade, tem mais riscos para mim do que para a criança. Os médicos acreditam na possibilidade da criança nascer prematura ou da gestação ser um alto risco para mim no dia do parto”, afirmou.
“É muito arriscado qualquer forma de cirurgia, mesmo que seja até acordada, por conta do tumor que pressiona os vasos do meu coração e acaba descontrolando tudo. Não posso pensar só em mim, tenho que pensar com certeza na criança, mas, como eu falei, a gestação no caso seria de muito mais risco para mim do que para ela”, acrescentou.
Congelamento de óvulos
A influenciadora conta ter sido aconselhada pelos médicos a se submeter ao congelamento de óvulos para duas possibilidades. Primeiro, ela cogita a chance de conseguir fazer uma terapia celular nova, que ainda está em fase experimental, chamada Car-T Cell.
“Eles sugeriram que eu congele meus óvulos, para caso eu tenha a oportunidade de fazer o Car-T Cell e obtenha sucesso nesse tratamento. Ou caso o controle do tumor siga muito estabilizado, para que consiga fertilizar”
Segundo, caso a previsão de meses de vida se concretize, Isabel cogita a maternidade em parceria com o marido, com quem se casou em abril deste ano, até depois da morte.
“Caso eu acabe falecendo, achar alguém que se disponha a ser barriga de aluguel para gerar a criança com as minhas células e as do Lucas”, declarou.
Adoção
A jovem também fala do desejo de adotar uma criança e das dificuldades burocráticas por conta do estágio terminal, mas reforça o fato do tratamento com canabidiol ter estabilizado o crescimento do tumor.
“A adoção é muito complicada, não aceitam a adoção em termos terminais, uma doença incurável. Não sei se consigo por estar em cuidados paliativos com a doença controlada, tenho que ver. Mas o meu tumor está estabilizado, já vou bater os seis meses que me deram. Então, tudo depende de um contexto, laudo médico…”, afirmou.
Ela reitera a vontade de adotar junto do desejo de viver uma gravidez. “É um desejo meu. Até mesmo antes de eu ficar doente, meu sonho sempre foi gerar um filho e também adotar. Sempre entendi que eu vim com essa missão”, explicou.
Sem garantir nenhuma escolha concreta até o momento, Isabel ainda não sabe responder sobre como lidará com o sonho da maternidade em meio à previsão médica de um curto tempo de vida. O crescimento contido do tumor faz a jovem confiar em possibilidades que possam contrariar as previsões médicas.
“Seria com certeza uma coisa muito difícil de ser realizada, mas que eu acredito que, se fosse a permissão de Deus, do universo ou qualquer coisa que as pessoas creem, teria possibilidades”