Lisa Gomes diz que cogitou desistir da carreira após entrevista com Bruno, da dupla com Marrone
A jornalista Lisa Gomes, repórter da RedeTV!, ainda lida com os traumas da entrevista que fez com o cantor Bruno, da dupla com Marrone , em maio do ano passado. Na ocasião, o sertanejo a questionou: “Você tem pau?”. O caso de transfobia, que está na Justiça, teve na sexta–feira (15) o depoimento do artista na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo.
“Essa situação impactou em muitas coisas na minha vida. Inclusive pensei em desistir da minha carreira como jornalista e não foi uma, duas ou três vezes. Foram inúmeras vezes que pensei em desistir simplesmente pelo medo de passar por tudo isso novamente”, relembra em entrevista à Quem.
A jornalista conta que até hoje tem o emocional abalado por conta do ocorrido. Os ataques que recebe dos fãs do sertanejo colaboram para o agravamento das crises de ansiedade.
“Até hoje tenho crises de ansiedade e medo que algum artista tenha um comportamento transfóbico comigo. Tive muitos gatilhos. Sem contar que até hoje os fãs dele não me deixam em paz”, explica.
Por outro lado, Lisa tem lidado com muitas demonstrações de afeto: “Acabei recebendo muita ajuda e carinho das pessoas que me fizeram mudar a visão em relação ao meu trabalho. Vi que o problema não estava nele e sim em quem me fez mal”.
Ela espera que a justiça seja feita e que esse caso sirva de exemplo de que toda ação tem uma reação. “Acredito muito na justiça. Não só por mim, mas por todos que fazem parte da sigla LGBT+. Espero que a sociedade tenha um entendimento de que a gente não pode sair por aí falando qualquer coisa. Que transfobia, homofobia, racismo e qualquer tipo de preconceito dói, fere nossa alma e não se tolera mais. Chega!”, espera.
O depoimento de Bruno é uma das etapas finais da investigação sobre o caso. Segundo a jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a expectativa da defesa do cantor é a de que o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recomende o arquivamento da apuração.
A instauração do inquérito policial foi requisitada pelo MP-SP depois que a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e o ativista Agripino Magalhães protocolaram uma representação no órgão que acusa Bruno de transfobia. A entidade pedia a prisão do cantor ou a suspensão de suas atividades profissionais. Dias depois, após a grande repercussão do caso, ele se desculpou pelo episódio.