Giullia Buscacio comemora papel em ‘Renascer’: ‘Chance de me apresentar ao público como mulher’
Giullia Buscacio tem se destacado como a jovem Sandra em Renascer. A atriz, de 27 anos de idade, avalia que a personagem é um divisor em sua carreira. “A novela é um renascimento meu aos olhos do público. Antes, meus personagens eram mais adolescentes e jovenzinhos. Nunca fiz Malhação, mas estava sempre nos núcleos jovens das novelas. Renascer é a oportunidade de me apresentar ao público como uma mulher”, afirma.
Nascida em Portugal, Giulia morou em diferentes países por conta da carreira do pai, o jogador de futebol Júlio César Gouveia. Além dos times nacionais como Ponte Preta e América, ele fez parte do Marítimo, em Portugal, Videoton, na Hungria, e Chonnan Dragons, na Coreia do Sul.
Foi na Coreia do Sul que Giullia teve o primeiro impulso para ser atriz quando via doramas. “Morei quatro anos lá e passei a assistir muito dorama. Eu tinha uns 12 anos e minha única conexão era ver os sentimentos que aqueles atores estavam representando. Naquela época, o doroma não era bombado como é hoje. Eu assistia e falava para minha mãe: ‘Quero fazer isso que eles estão fazendo’. Não tinha ideia de que isso poderia virar uma profissão.”
De volta ao Brasil, iniciou a busca por oportunidades e conquistou o primeiro papel em 2009, a pré-adolescente Patrícia, na série A Lei e o Crime, na Record. Na Globo, ganhou personagens de destaque em tramas como Velho Chico, em 2016, e Éramos Seis, em 2019. Com Renascer, vieram suas primeiras cenas de sexo.
As sequências calientes geraram comentários e a atriz se diz em paz com o corpo. “A atividade física não entrou na minha vida para atingir o suprassumo do padrão. Não tenho essa busca pela perfeição do corpo. Essa perfeição, na verdade, não existe, nem nunca vai existir. Não acredito nela.”
Quem: Você tem se destacado em Renascer. Como define este trabalho na sua carreira?
Giullia Buscacio: Diferentemente de tudo o que já fiz, Renascer é um renascimento meu aos olhos do público. Comecei na TV Globo aos 18 anos, quando fiz I Love Paraisópolis. Meus personagens eram mais adolescentes e jovenzinhos. Nunca fiz Malhação, mas estava sempre nos núcleos jovens das novelas. Renascer é um novo passo da minha carreira e tenho a oportunidade de me apresentar ao público como uma mulher de 27 anos.
Desde que entrou na trama, a personagem tem movimentado as redes sociais. Isso acaba sendo um termômetro da repercussão do trabalho, não?
A Sandra é um sucesso nas redes sociais e isso se deve muito ao texto do Bruno Luperi. Fico impressionada com a qualidade do texto. Ela peita, ela afronta o Egídio, ela retruca o padre… São sacadas muito boas. Sinto que o público também gosta da minha pareceria com o Juan Paiva, que é um excelente ator dessa minha geração. Estou feliz e honrada ao me ver fazendo parte de um trabalho com tanta gente talentosa.
Você começou na TV ainda adolescente. Nesta novela, vieram cenas de sexo. Sentia-se preparada para as sequências calientes ou bateu alguma insegurança?
Sei que faz parte da minha profissão. Ao longo dos anos, soube que cenas de sexo poderiam chegar. O que faz toda a diferença é a equipe, o diretor, o parceiro de cena… Todos tentam te deixar o mais confortável e respeitada possível. O resultado é reflexo de um trabalho de equipe.
O figurino da Sandra também chama a atenção. Nas redes, comentam que tinha a Guta regatinha em Pantanal, agora veio a Sandra top cropped em Renascer. Você curte?
Sou suspeita para falar do figurino porque usaria praticamente tudo da Sandra. Curto muito. Os cropped fazem parte do figurino dela. A Marie Salles (figurinista) preparou uma seleção muito legal. Tem peças de marcas que não existem mais, peças vintage.
As comparações incomodam?
A Sandra é muito única. Entendo que o público tente apontar algumas semelhanças com outros personagens, mas ela foi abraçada pelo público. Ela não é uma personagem simples, nem fácil. Ela fala o que muita gente gostaria de falar. É normal que, no início, tenham feito algumas comparações, mas, aos poucos, o público foi conhecendo melhor a Sandra.
Você tem boa relação com seu físico para deixar a barriguinha à mostra ou fazer uma cena mais ousada?
Quanto mais natural, melhor! É o que eu, Giullia, penso. Cada uma se mostra do seu jeito.
É atenta aos cuidados com o corpo? Lida bem com pressões estéticas?
Sou uma menina que tem o corpo considerado padrão. A atividade física não entrou na minha vida para atingir o suprassumo do padrão. Não tenho essa busca pela perfeição do corpo. Essa perfeição, na verdade, não existe, nem nunca vai existir. Não acredito nela. Os cuidados com o corpo são para a minha saúde física e mental. A pandemia me fez perceber que a atividade física ajuda a manter minha cabeça no lugar, é uma aliada para a minha saúde mental. O que visualmente vão achar de mim, não me importo.
Você nasceu em Portugal, morou em diferentes países, inclusive na Coreia do Sul. É verdade que as doramas influenciaram na sua decisão de ser atriz?
Sim, dorama foi o grande responsável para eu dar o pontapé na carreira. Morei quatro anos na Coreia do Sul e passei a assistir muito dorama. No início, não sabia falar a língua. Só depois me tornei fluente. Eu tinha uns 12 anos e minha única conexão era ver os sentimentos que aqueles atores estavam representando. Naquela época, o doroma não era bombado como é hoje. Eu assistia e falava para minha mãe: “Quero fazer isso que eles estão fazendo”. Não tinha ideia de que isso poderia virar uma profissão.
E qual foi seu primeiro passo para ser atriz?
Quando voltei ao Brasil, me matriculei no curso de teatro e comecei a atuar. Muitas pessoas me veem como Sandra e ainda não me conheciam. A personagem traz uma visibilidade bem diferente de tudo o que eu já vivi. Estou impactada como a personagem reverbera, mas já tenho uma trajetória longa, com muitos trabalhos. Eu acho que todos os atores têm uma personagem que é um divisor de águas, uma virada de chave. Sinto que a Sandra é essa personagem na minha carreira. Percebo que estou virando uma chavinha. Ela é uma realização profissional.
Outra coincidência é que, mais uma vez, você faz um remake e interpreta uma personagem que tinha sido vivida pela Luciana Braga. Chegou a conversar com ela?
Já conhecia a Luciana Braga de Éramos Seis — na novela, fiz a Isabel que havia sido interpretada por ela em 1994. Tive a chance de contracenar com ela quando ela fez uma participação especial na história. Admiro a trajetória dela. Eu me orgulho ao me ver como uma atriz capaz de estar em lugares que ela já ocupou.
A carreira artística é marcada por altos e baixos. Em algum momento, já pensou em desistir?
Desistir é uma palavra muito forte. Uma vez que você é atriz é difícil se imaginar sem exercer a profissão. Não me vejo sem ser atriz. Tive momentos em que, talvez, não fosse rolar seguir na profissão, exercer meu ofício. O estudo sempre fez parte da minha vida e me mantive estudando para me aprimorar. Tive a transição de adolescente para mulher. Tive personagens importantes como uma menina jovem. Hoje em dia, poder me apresentar ao público como mulher é uma virada de chave. Talvez, tenha passado por momentos em que me frustrei, mas o tempo é crucial na profissão. Meu amadurecimento e minha reciclagem como atriz foram necessárias.
Depois de um período afastada da TV, você voltou às novelas em Travessia, uma participação pequena, porém significativa.
Sou uma apaixonada pela profissão. Tem personagens que me tocam, independentemente de ser uma participação ou um papel fixo. Fui muito feliz ao fazer a participação em Travessia e trabalhar com o Mauro Mendonça Filho (diretor). Foi muito importante poder falar de um assunto tão sério como a pedofilia. O trabalho do ator também é social.
Para entrar em Renascer, você passou por testes?
A Sandra foi a última personagem a entrar na história. Gustavo Fernandez (diretor) e Bruno Luperi (autor) apostaram em mim. Passei por testes. A Marcela Bergamo, produtora de elenco, também apostou em mim. Estou basicamente respirando Renascer. É um prazer voltar para casa pensando no desenvolvimento da Sandra. Adoro o retorno do público.
E como aproveita seus momentos longe das gravações?
Quando estou fora das gravações, eu busco me alimentar como atriz. A família me incentiva. Estou namorando. O Diogo super me apoia e entende. É muito importante ter um parceiro que incentiva. Ele acompanha meu esforço e minha dedicação.
Afinal, não daria para ter um homem-âncora, daqueles que te puxam pra baixo, né?
Não, não dá mesmo. Ainda bem que eu tenho um parceiro como ele, que sempre me apoia. Ele sabe o quanto esse trabalho é importante para a minha vida.
Ao longo da carreira, já dividiu cena com grandes atores também — Gloria Pires, Antonio Calloni, Domingos Montagner… Isso já foi um peso para você?
Fico feliz em já ter tido a chance de trabalhar com tantos profissionais incríveis e que me ensinam dia após dia. Em Renascer, tenho ainda a oportunidade de contracenar com Mateus Nachteragaele, que é um sonho, assim como Vladimir Brichta e Camila Morgado.
Você é do tipo que traça metas para o futuro?
Tenho vontade de fazer cinema, conquistar minha primeira protagonista e torço para que a Sandra me abra portas, profissionalmente falando. Tenho grandes autores com quem desejo trabalhar, diretores com quem ainda não trabalhei.