Belo se prepara para encarar rotinas de turnê com Soweto, solo e trabalhos como ator: ‘Gracyanne é primordial’
Em entrevista exclusiva, cantor fala sobre o retorno ao Soweto para turnê em comemoração aos 30 anos do grupo de pagode
Belo fica emocionado ao ver o carinho que as pessoas ainda têm pelo grupo Soweto, que o lançou ao sucesso na década de 90. O cantor, que antes de iniciar a carreira solo era vocalista do grupo de pagode, se impressionou com as vendas rápidas dos ingressos para a turnê comemorativa de 30 anos do ano que vem.
“Fico emocionado em falar que vendemos 40 mil ingressos para o show de São Paulo em seis horas. O estádio esgotou e abrimos show extra. Mesmo acostumado com isso, por viver de música, estou muito feliz com tanto carinho e receptividade”, celebra ele, que deixou o grupo em 2000 para trilhar a carreira solo.
“Vamos cantar músicas que não conseguiram entrar porque na época só podia colocar doze músicas em um álbum”, adianta ele, que revela que vai gravar um DVD do registro do último show da turnê, que ainda não tem data para acabar.
“Vamos gravar esse DVD. A ideia é que seja no último show da turnê. Quero trazer artistas desta nova geração que têm uma história com o grupo. Talvez o Thiaguinho, que começa a chorar toda a vez que escuta Não Foi à Toa… Tenho o desejo de chamar artistas de outros gêneros musicais como Luan Santana e L7nnon para essa grande celebração”, revela.
Além dos shows com o grupo pelo Brasil e mundo, Belo faz apresentações solo e se dedica a uma nova paixão, a atuação. Ele grava duas séries e um filme. Para ter tanto pique, o artista conta com a ajuda de sua mulher, a musa fitness Gracyanne Barbosa.
“Emagreci dez quilos para um personagem e mantive. Faço atividade física todos. Isso me dá muito mais disposição. Não sou mais um menino e a vida na noite é muito ruim para a saúde. A Gracyanne é primordial no meu caminho. Ela tem um estilo de vida saudável. Independentemente do que ela esteja fazendo, ela tem aquele foco e determinação. Aprendi muito com ela sobre dieta e a importância de se exercitar, apesar dela não força nada. Ela é tranquila demais aqui em casa“, diz.
Muitas pessoas conhecem seu trabalho solo, mas não tiveram a oportunidade de te ver no grupo Soweto. Como era fazer parte de um grupo de pagode grandioso na década de 90?
O Soweto é um grupo formado por garotos da periferia que gostavam de boa música. Fazia aulas de cavaquinho e muitas vezes me atrasava para entrar na aula porque perdia a noção do tempo tocando. Tinha professor que até falava que eu devia fazer o que amava: música. Meu amigo de infância Buiú (morto em 1997) que me levou para o grupo. No começo, eu não era o vocalista, tocava cavaquinho. Um dia o vocalista faltou e como eu sabia todo o repertório, por tocar instrumento de harmonia, assumi o vocal. Eles amaram e eu me tornei o vocalista. E o Soweto foi o grupo que me projetou no mercado nacional.
Era uma loucura naquela época fazer parte de um grupo de pagode. Acho que era quase como estar em um grupo K-Pop hoje…
Pegamos aquela época que para fazer sucesso era muito difícil. Não que não seja hoje, mas a internet abre portas. Antes a gente tinha que pegar o disco e levar na rádio, pedir para eles ouvirem… A gente pegava dinheiro emprestado no bar e padaria para poder fazer o disco chegar a ser ouvido. Quando o sucesso veio, a gente não podia andar na rua! Não estávamos acostumados a andar com segurança, a ter pessoas querendo um pedaço da blusa ou chegar perto para sentir o cheiro… Tinha gente que saía chorando após tirar uma foto. Sou filho de um pedreiro e de uma costureira, um artista de periferia e pé-no-chão.
A fama nunca subiu a cabeça?
Nunca. Sempre encarei a música com um presente. A fama nunca foi um objetivo. Digo que a música me encontrou. Não faço isso como um sustento. Se eu não fosse cantor, a música ainda estaria presente na minha rotina. Seria cantor nas horas vagas.
Por que você decidiu deixar o grupo em 2000?
Sempre gostei de MPB e queria fazer música romântica, com piano, corda e voz que não se encaixavam no pagode da época. Estou na atividade e trabalhando muito desde que saí do grupo, mas nunca perdi a minha essência. O Soweto sempre esteve comigo. Sempre cantei as músicas nos meus shows.
E por que decidiu voltar para essa turnê especial depois de tantos anos?
Em 2022, comecei a ter esse desejo de fazer um reencontro e celebrar os 30 anos que o grupo faz em 2024. A história do Soweto está viva e ela marcou a trajetória de muitos artistas como Thiaguinho e Ludmilla. Vale muito a pena nos reunirmos mais uma vez para contar essa história para Brasil. Tenho três netas que conhecem as músicas, mas nunca me viram tocar com os meninos.
Você e o Claudinho de Oliveira voltaram para o grupo para essa turnê especial para se juntar ao Criseverton, o remanescente da antiga formação, e ao Dado, integrante mais novo. Não conseguiram convencer o Marcinho e o Digo a voltarem?
Quando tive a ideia, convidei todo mundo, mas o Digo e o Marcinho são pastores hoje e não conseguiram voltar porque a religião não permite. Respeitamos isso.
A maturidade ajuda a uma melhor convivência em grupo?
Nunca tivemos desavenças entre a gente. Eles foram para um lado e eu para outro. Mas nunca deixei de falar deles e eles nunca de mim. Todo mundo muito está muito feliz com esse retorno. Temos pela frente 34 shows, incluindo em Portugal e Angola. Quase todo mundo da equipe viveu aquela época da década de 90 e está muito empolgado para relembrar essa história.