BIOGRAFIA DE CHICO BUARQUE
Quem é Chico Buarque?
Francisco Buarque de Hollanda é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. Iniciou sua carreira na década de 1960, destacando-se em 1966, quando venceu, com a canção A Banda, o Festival de Música Popular Brasileira. Socialista declarado, se auto-exilou na Itália em 1969, devido à crescente repressão da ditadura militar no Brasil, tornando-se, ao retornar, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização do Brasil. Na carreira literária, foi ganhador do Prêmio Jabuti, pelo livro Budapeste, lançado em 2004.
Chico Buarque é como ele é conhecido. São muitos os títulos que o músico, compositor, dramaturgo e escritor brasileiro Francisco Buarque de Hollanda recebe: um dos maiores nomes da MPB e uma das personalidades mais politizadas na música, por exemplo. Na lista de sucessos que fazem a história da música brasileira estão muitas canções de Chico Buarque, como “Construção”.
Nascido no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944. Filho do importante historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), autor de livros essenciais à formação nacional, a exemplo de “Raízes do Brasil”(1936), e de Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim (1910-2010), pintora e pianista. Tem seis irmãos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, Ana de Hollanda, Cristina Buarque e Miúcha.
Intelectual
Por ter nascido em uma família de intelectuais, afirmava que “as paredes lá de casa viviam cobertas de livros”. Desde cedo conviveu com diversos artistas, amigos de seus pais e da irmã Heloísa, entre os quais, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Tom Jobim, Alaíde Costa e Oscar Castro Neves. Em 1952, mudou-se com sua família para Roma onde o pai foi lecionar. Na capital italiana eram comuns os serões familiares em que sua mãe ou seu pai acompanhavam ao piano o diplomata Vinicius de Moraes, que cantava os sambas da época. Dois anos depois retornou ao Brasil, indo estudar no Colégio Santa Cruz, em São Paulo.
Leu muito durante a adolescência, desde os grandes escritores russos como Dostoievski e Tostoi, franceses, como Céline, Balzac, Zola e Roger Martin, aos brasileiros, como Guimarães Rosa, João Cabral, José Lins do Rego, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos. Aprendeu a tocar de ouvido, recebendo, da irmã Heloísa, as primeiras noções de violão.
Convivendo com os amigos da irmã, que estavam iniciando a bossa nova, sofreu grande influência desse estilo, principalmente de João Gilberto, a quem procurava imitar. Ouvia muito no rádio as músicas de Ataulfo Alves, Ismael Silva, Noel Rosa e outros, além de chorinhos, sambas, marchas, modinhas, baiões e serestas. No Colégio Santa Cruz começou a envolver-se com o movimento estudantil e com organizações como a OAF (Organização de Auxílio Fraterno), que realizava campanhas para arrecadar agasalhos e alimentos para mendigos. Ainda durante o curso científico no Colégio Santa Cruz, começou a destacar-se entre os colegas pelo amor ao futebol, pelas crônicas, chamadas de “Verbâmidas”, que escrevia para o jornalzinho da escola, e pela participação constante nas batucadas que ocorrriam no ambiente escolar. Por essa época, escreveu suas primeiras composições, “Canção dos olhos” e “Anjinho”.
Ainda no Colégio Santa Cruz, pisou num palco, pela primeira vez, num espetáculo no qual cantou a “Marcha para um dia de sol”, de sua autoria. Em 1961, foi preso juntamente com um amigo, por “puxar” um carro para dar umas voltas, ocasião em que foi proibido pelos pais de sair à noite antes de completar 18 anos. Dois anos depois, ingressou na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), na qual somente ficaria até o 3º ano. Já no 2º ano da faculdade, tornou-se amigo de Francisco Maranhão e de outros adeptos das batucadas.
Criou com alguns colegas o Sambafo, que se reunia após as aulas para cantar e batucar no grêmio escolar ou então no Quitanda, boteco da Rua Dr. Vila Nova. Em 1966, conheceu a atriz Marieta Severo com quem se casou pouco tempo depois e com quem teve três filhas. O casal veio a separar-se em meados dos anos 90, após mais de trinta anos de convivência, mantendo, contudo, assídua convivência.
A ditadura:
– Desde o lançamento de seu primeiro sucesso, “A Banda”, revelada em 1966, ele percorreu um longo caminho até completar 50 anos de carreira, sendo, inclusive, exilado durante a ditadura militar
– Chico foi exilado na Itália em 1969, quando estava ameaçado pelo Regime Militar. As músicas “Apesar de você” (interpretada como crítica negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser referência à situação militar) e “Cálice” foram proibidas pela censura brasileira. Na Itália, ele adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide e compôs: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha.
A paixão pela música
Chico Buarque foi levado à música por causa do compacto “Chega de Saudade”, de João Gilberto, lançado em 1958.
Os saltimbancos trapalhões
Segundo o curador de seu site oficial Wagner Homem, a canção “Meu caro barão”(1981), para o filme “Os saltimbancos trapalhões”, foi composta de acordo com o longa para mostrar as dificuldades que eles tinham com a língua e com o teclado, Chico tira o acento de várias palavras e faz com que rimem com outras (faxina com maquina, dizia com ausencia, lotado com sabado, virgula com ridicula, ouvido com palido, etc.). Além disso comete, propositalmente, erros de concordância em frases como “o santo dos ladrão” e “Deu uma cocega/ Nos calo da mão.
A fama de galanteador
Chico tem fama de galanteador, mas ele contrapôs o argumento de que artistas faziam músicas para conquistar as mulheres. “Depois da ditadura, falam que o artista só faz música para pegar mulher. Mas aí geralmente acontece o contrário, o artista inventa uma mulher para pegar a música”, escreveu.
Além da música
No teatro, escreveu peças importantes da dramaturgia brasileira, como “Calabar”, que foi proibida pela ditadura, assim como “Roda Viva”. Escreveu romances premiados, a exemplo de “Estorvo”(1991), “Budapeste” (2004) e “Leite derramado” (2009), que ganharam o prêmio Jabuti de Literatura. Algumas das suas obras foram adptadas para o cinema, a exemplo do romance “Benjamin”, publicado quatro anos depois de “Estorvo”. Na década de 80, dividiu com Caetano Veloso o famoso programa “Chico & Caetano”, exibido na TV Globo, que recebeu diversos convidados. Na década de 70 se recusou a participar de vários programas populares, como o famoso apresentado por Chacrinha. Irritado com uma piada do apresentador com uma canção sua, Chico foi embora da gravação. A recusa fez com que o executivo do canal, Boni, proibisse qualquer menção ao nome do cantor e compositor na programação da emissora. A proibição não durou muito tempo.
Sua vida:
Na infância foi morar na Itália, pois seu pai foi convidado a lecionar na Universidade de Roma, em 1953. Volta ao Brasil em 1960 e três anos depois entra na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo. Cursou a FAU por dois anos, pois em 1965 o interesse e a dedicação à música já eram grandes. Em 1966, ganha o Festival, transmitido pela TV Record, com “A banda”, intepretada por Nara Leão. Em 1967, foi a vez de “Roda Viva”, interpretada pelo grupo MPB-4 ganhar notoriedade nacional. No ano seguinte, voltou a vencer, desta vez o III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, com “Sabiá”, parceria com Tom Jobim. Apesar das vaias do público, que preferiam “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré. Apesar do ocorrido, a carreira de Chico Buarque é marcada por sucessos. No cinema, por exemplo, foram muitas as canções e trilhas sonoras que marcaram épocas. No currículo, as músicas do filme “Quando o carnaval chegar”, de Cacá Diegues, adaptação das músicas da peça infantil para o filme “Os saltimbancos Trapalhões”, canções da peça e do filme “Ópera do Malandro”, “Bye bye Brasil”, “Dona flor e seus dois maridos”, entre outros.
Canções polêmicas e contatos
Foi compositor de canções consideradas de protesto, a exemplo de “Construção” e “Partido alto”. A música “Meu caro amigo”, por exemplo, foi direcionada ao diretor Augusto Boal quando vivia no exílio. As maiores cantoras brasileiras gravaram muitas músicas de Chico Buarque, como Nara Leão, Maria Bethânia, Elis Regina, Zizi Possi. Teve muitos parceiros musicais com os quais fez belas canções da MPB. Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Toquinho, Milton Nascimento.
Por ter sido ameaçado pelo regime militar, canções como “Apesar de você” e “Cálice” foram proibidas pela censura. Adotou como saída para o problema o pseudônimo de Julinho de Adelaide, com o qual escreveu três canções: “Jorge Maravilha”, “Acorda amor” e “Milagre brasileiro”. Durante o exílio na Itália, Chico ficou amigo de Lucio Dalla, e na França conheceu e fez amizade com Carlos Bandeirense Mirandópolis.
O amor pelo esporte
A paixão pelo esporte fez com que Chico compusesse, entre várias outras músicas, “O futebol”, canção que simboliza como nenhuma outra a apreço do cantor pela pelada e os personagens que marcaram sua juventude. Chico é autor também do hino do Polytheama, time criado por ele há 35 anos e que o próprio artista jogava.