Aos 80 anos, Boris Casoy começa nova graduação e desabafa: ‘Tem que viver até a última gota’
Em entrevista ao Pânico, o jornalista, que hoje mantém programas diários no YouTube, conversou sobre sua aposentadoria: ‘Tem que viver intensamente e a faculdade está me dando isso’
Nesta terça-feira, 7, o programa Pânico recebeu o jornalista e apresentador Boris Casoy. Matriculado no curso de Medicina Veterinária aos 80 anos, em entrevista, ele falou sobre a tentativa de se esquivar daquilo que esperam que seja uma aposentadoria. Para ele, é necessário ser útil e viver intensamente durante o período. “A pessoa vai envelhecendo, o conceito que existe é que a pessoa tem que se aposentar e ir para a praia. Isso é uma bobagem, mata e deprime. Tem que ter uma atividade, se a pessoa for derrotada por uma doença não tem jeito, mas se estiver em condições físicas, tem que se sentir útil, a vida não acaba. Tem que viver intensamente e a faculdade está me dando isso. Eu sou consciente da finitude do ser humano, mas você não pode se encontrar antes da hora. A depressão, essa coisa de ficar triste e pensativo, vai em frente, tudo muda muito, você vai se adaptando. É a vida, você se adapta e tem que viver até a última gota.”
Casoy, que passou por rádios, jornais e emissoras, incluindo a Jovem Pan, comparou a atual geração do jornalismo com a do século passado, onde ele começou sua carreira. “Era um grupo de intelectuais, parte deles tinham vivido a ditadura Vargas, várias crises. Era um pessoal mais preparado sobre o aspecto intelectual e tinha passado pela ditadura militar. Esse pessoal, quando se deu a abertura, tinha experiência e preparo”, disse. “Eu não vejo isso muito claramente agora, mas vejo gente que se acumula por um esforço de trabalho. O ouvinte mudou um pouco, a exigência caiu. A imprensa escrita está numa grande encruzilhada também. Crise econômica, internet e audiência. Vivemos um momento de transição no Brasil”, completou.
O jornalista, que apresenta diariamente um programa matinal independente de jornalismo no Youtube, criticou o uso da internet pela grande imprensa. Segundo ele, o espaço virtual ainda não é utilizado suficientemente bem pela mídia. “A internet ainda é um produto secundário dentro dos jornais, sofre um pouco de preconceito. Os grandes jornais também erram”, disse ele, que também opinou sobre escândalos de fake news. “A ideia seria manter uma linha divisória clara entre o fato e a opinião. Não sou bolsonarista, mas acho que o presidente Jair Bolsonaro muitas vezes recebe um tratamento injusto no aspecto do equilíbrio da notícia.”