Ministro da Educação diz que, em junho, vai consultar inscritos no Enem sobre adiamento do exame
Abraham Weintraub diz que 4 milhões já se inscreveram no Enem.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta terça-feira (19) que, na última semana de junho, vai abrir uma consulta aos estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre a data do exame.
“O MEC fará uma consulta, na última semana de junho, a todos os inscritos, através da “Página do Participante”, do @inep_oficial. Vamos manter a data? Adiar por 30 dias? Suspender até o fim da pandemia?”, escreveu o ministro.
O ministro inicialmente não deu mais detalhes sobre a medida, mas afirmou que a futura abertura de consulta é o posicionamento da pasta diante dos questionamentos sobre a manutenção do cronograma mesmo com a rotina dos estudantes alterada pela pandemia da Covid-19.
“Neste momento, 4.000.000 de brasileiros já se inscreveram no #ENEM2020. As inscrições vão até sexta-feira. Há um debate sobre seu adiamento. Nosso posicionamento é saber a opinião dos principais interessados, perguntando diretamente aos estudantes inscritos.” – Abraham Weintraub
No fim da tarde, o ministro fez uma transmissão ao vivo em sua conta no Instagram e falou um pouco mais sobre a decisão. Weintraub afirmou que, de acordo com dados do ministério, cerca de 85% dos estudantes inscritos afirmam ter acesso à internet, e por isso poderão opinar na enquete.
Disse ainda que o resultado vai ser auditado por órgãos como a CGU (Controladoria-Geral da União) e que “vai ter muita transparência”. Segundo ele, o ministério vai ter acesso aos resultados por estado.
O ministro também explicou que a pasta prepara medidas sanitárias para a aplicação das provas, com espaçamento maior entre as carteiras, o que deve aumentar o custo já que para isso serão necessárias mais salas de aula. Também falou que o ministério vai fornecer água sanitária, papel toalha, álcool-gel, sabonete para os locais de provas.
Votação no Senado
O Senado pode votar, nesta terça, o adiamento do Enem 2020 e de vestibulares. O projeto de lei nº 1.277, da senadora Daniela Ribeiro (PP-PB), prevê a prorrogação de “provas, exames e demais atividades para o acesso ao ensino superior “, por causa da pandemia do novo coronavírus.
Na segunda-feira (18), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza a aplicação do Enem, afirmou que as datas da prova não são “imutáveis”, mas estão mantidas, a princípio, para novembro:
- 1º e 8 de novembro: versão presencial
- 22 e 29 de novembro: versão digital (inédita)
Pedidos de adiamento do Enem
Entidades estudantis, universidades e colégios federais pedem o adiamento do Enem, argumentando que os alunos mais pobres não têm acesso ao ensino remoto durante o período de suspensão das aulas presenciais. Afirmam que, se o calendário inicial não for alterado, haverá uma ampliação das desigualdades sociais.
Em nota, o Inep ressalta que, como “ainda estamos enfrentando a situação de emergência de saúde pública”, por causa da pandemia do novo coronavírus, não é possível tomar decisões por ora.
O órgão diz também que “está buscando garantir a execução adequada (do Enem), não apenas para cumprir com seu dever institucional, mas, principalmente, para não prejudicar mais ainda a sociedade brasileira”.
Defensoria Pública entra com recurso
A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com recurso, na segunda-feira, para que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) reveja decisão tomada em abril e adie a aplicação do Enem.
Ao pedir a mudança do cronograma, a DPU diz que, com a suspensão das aulas presenciais durante a pandemia do novo coronavírus, o preparo dos alunos para o Enem é prejudicado. O órgão apresenta os seguintes argumentos:
- as condições de acesso à Internet são desiguais entre os estudantes, especialmente na zona rural;
- alunos mais pobres não têm materiais didáticos em casa;
- bibliotecas estão fechadas, por causa das medidas de isolamento social;
- estudantes de escolas particulares têm programas de educação remota superiores aos de escolas públicas.
O pedido da DPU é apoiado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação e pelo Centro de Assistência Jurídica Saracura (Caju).