Enem tem escola cheia e candidatos com medo de contaminação
Nem os 30 minutos de antecedência na abertura dos portões foram suficientes para conter as aglomerações de candidatos
Nem os 30 minutos de antecedência na abertura dos portões foram suficientes para conter as aglomerações de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova, aplicada neste domingo (17) e no próximo, dia 24, tem 5,7 milhões de inscritos pelo País.
Na Unip da Avenida Paulista, muitos candidatos chegaram antes de meio-dia, mas preferiram esperar do lado de fora sentados em uma escadaria ou na praça de alimentação do prédio para evitar mais tempo de permanência nas salas fechadas. A prova vai até as 19 horas.
“Aqui tomo um ar e relaxo. Tenho medo de ficar em ambiente pequeno com muitas pessoas”, disse Alice Ferreira, de 18 anos. Ela só entrou na sala de aplicação às 12h30. Nesse horário, era grande a movimentação de estudantes que passavam pelas catracas do prédio em direção às suas salas. Não houve tumulto na Unip Paulista.
Dentro da unidade, fiscais ajudavam os estudantes a localizar as salas onde fariam as provas. “Estou muito preocupada. Vi em um grupo no Facebook que as pessoas, mesmo infectadas com o coronavirus, fariam a prova”, diz Alice, que carregava uma máscara extra e álcool em gel na bolsa.
A estudante pretende conseguir uma bolsa com a nota do Enem para cursar Psicologia. Ela espera salas vazias e que os colegas de classe sigam os protocolos sanitários.
O Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais) antecipou nesta semana o horário de abertura dos portões para as 11h30, depois que as medidas de segurança do exame contra a covid-19 foram questionadas na Justiça. Às 13 horas, os portões foram fechados e a prova teve início às 13h30.
“Minha preocupação é a entrada e a saída. Nas salas acredito que vai ter separação”, disse Jennifer Moreira, de 18 anos. A jovem gastou duas horas de Pirituba até o local de prova na Avenida Paulista, em uma viagem de trem e metrô.
Em dezembro, conta, acabou infectada pelo coronavírus após ir a uma celebração em uma igreja, recuperou-se em casa, mas passou momentos difíceis. “Fico preocupada de pegar de novo.” Jennifer tenta uma vaga em Medicina.
Para se proteger, Beatriz Emiko, de 19 anos, levava consigo uma face shield, além de usar máscara profissional. De volta para casa, deve seguir o protocolo que começou a adotar desde que a maratona de vestibulares teve início: usar máscara em casa, para proteger o pai.
Hesitante, Ana Carolina Fernandes, de 17 anos, nem queria prestar o Enem por medo da covid-19 e de obter notas ruins. A mãe e a madrinha, de 65 anos, deram um empurrão. “Não me sinto preparada, a verdade é que não tive terceiro ano”, disse a jovem, aluna de uma escola pública.
A idosa acompanhou a afilhada até a entrada das salas, mas pretendia deixar o espaço em seguida e procurar um ambiente mais arejado.
Para Alice, aluna de uma escola estadual de São Paulo, o jeito foi procurar vídeos no YouTube para tentar aprender as matérias do 3° ano. Segundo conta, não houve aulas remotas no colégio – os estudantes só receberam materiais para estudar por conta própria.
Ela aposta no primeiro domingo, com as matérias de Humanas, para alavancar a nota uma vez que tem mais dificuldades em Exatas.
Neste domingo, os candidatos resolvem as 90 questões de Ciências Humanas e Linguagens, além da Redação. A previsão de término é às 19 horas, mas a partir das 15h30 os candidatos já podem deixar os locais de prova.
Todos os candidatos devem usar máscaras e o Inep promete salas com 50% da capacidade. Também orienta que seja priorizada a ventilação natural dos locais de prova.