Neurotech: demanda por crédito cai 13% em fevereiro em relação a janeiro
O indicador mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços
A procura por financiamento no Brasil encerrou fevereiro com declínio de 21% na comparação com igual mês de 2022, marcando a terceira queda seguida na casa dos dois dígitos. Em relação a janeiro de 2023, o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC) caiu 13%. O indicador mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços.
A maior retração em fevereiro ante o mesmo mês do ano passado foi no segmento de serviços (-34%), seguido por bancos e financeiras (-21%) e varejo (-9%). Também em relação a janeiro, o setor de serviços puxou a queda, ao registrar variação negativa de 28%. Já a demanda por crédito de bancos e instituições financeiras recuou 16%. Em contrapartida, houve aumento de 16% na procura por crédito no varejo no segundo mês deste ano ante janeiro.
“Atualmente, as instituições estão trabalhando menos na aquisição de novos clientes e focando mais na rentabilização dos que já existem”, diz Breno Costa, diretor da Neurotech e responsável pelo INDC. Deste modo, acrescenta, embora o indicador tenha caído, “não significa uma retração no crédito como um todo.”
Por ora, afirma o executivo, não há perspectiva de reversão no curto prazo da tendência de queda do INDC iniciada em agosto do ano passado.
Costa explica que o caso da Americanas, com rombo bilionário anunciado recentemente, e de outras varejistas agravou o cenário. “É o chamado inverno do varejo. As menores vendas impactam diretamente a oferta de crédito. O momento é de contração da oferta. Estamos vivenciando uma crise de crédito, mas sua intensidade ainda é uma incógnita”, explica.
O aumento da inadimplência das famílias e das empresas fez com que as instituições se tornassem mais seletivas por conta do elevado risco das carteiras, segundo o diretor da Neurotech. “A retração da oferta tem como consequência o recuo da demanda, já que não há mais tantos canais facilitando a obtenção de crédito”, analisa Costa.
Segundo o especialista, o aquecimento do crédito nos primeiros seis meses de 2022 “precarizou” a qualidade das carteiras das instituições financeiras. Isto fez com que a oferta recuasse, com a redução dos canais de distribuição e campanhas de marketing para aquisição de novos clientes.
“A menor quantidade de canais ofertantes de crédito reduz as consultas das pessoas à possibilidade de buscar financiamentos, levando à queda da demanda. Tudo isso aliado ao comprometimento da renda e às perdas dos bancos com crédito corporativo faz com que nossa expectativa não seja de reversão do cenário no curto prazo”, afirma Costa.