Juros fecham em alta, influenciados pelo câmbio e negociações do governo

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Os juros futuros fecharam a terça-feira (23) com viés de alta. As taxas experimentaram alguma volatilidade no fim da tarde, na medida em que os juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) reduziram o ritmo de queda, num esforço para manter as taxas perto da estabilidade para qual haviam migrado após subirem pela manhã.

O dólar em queda firme e a percepção de melhora nas negociações do governo com o Congresso, especialmente com o engajamento pessoal do presidente Lula, contribuíram para limitar a piora da curva local.

No fechamento, a do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,315%, de 10,296% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 10,49% para 10,51%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,82%, de 10,79%. A taxa do DI para janeiro de 2029 era de 11,28% (de 11,26%). A primeira parte dos negócios foi marcada pelo avanço das taxas, especialmente as de longo prazo que respondem principalmente aos riscos fiscais e externo.

As preocupações com o cenário das contas públicas, em especial o andamento da chamada “pauta bomba” de R$ 70 bilhões combinada à arrecadação de março abaixo do esperado, e ajustes técnicos relacionados ao leilão do Tesouro pesavam sobre a curva. O Tesouro fez uma oferta muito maior de NTN-B, com risco para o mercado mais de 300% superior ao da semana passada.

No começo da tarde, passado o leilão, o cenário desanuviou quando o dólar acelerou as perdas e a taxa da T-Note de dez anos se firmou abaixo de 4,60%, respondendo inicialmente a dados mais fracos de atividade nos EUA e depois a um leilão de papéis de 2 anos com demanda acima da média.

 

PMIs preliminares de abril vieram abaixo do esperado, o que levou o mercado a ampliar as apostas nos cortes de juros este ano pelo Federal Reserve. Assim, as taxas aqui zeraram o avanço. Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, há pouco espaço para novas altas das taxas na medida em que o mercado exagerou na reprecificação na semana passada. “O movimento foi violento, com o dólar perto de R$ 5,30 e a curva projetando Selic terminal de 10,50%. Acho que passou do ponto e os dados de atividade mais fracos hoje nos EUA abriram margem para alguma melhora.

O mercado aproveitou a trégua externa para comer um pouco dos prêmios”, disse, ressaltando que os dados, de abril, indicam que uma acomodação da economia americana pode estar a caminho no segundo trimestre. Internamente, apesar da nova piora nas expectativas de inflação mostrada hoje na pesquisa Focus, o que mais preocupa é a situação fiscal, com pressões por aumentos de gastos em várias frentes e margem pequena de manobra para o governo para reduzir subsídios.

A boa notícia foi o acordo fechado com o Legislativo para a reformulação do Perse, que terá uma trava para impedir que o custo dos benefícios ultrapasse o teto de R$ 15 bilhões em três anos. Por outro lado, o presidente Lula confirmou que o governo prepara “aumento de salário para todas as carreiras” do funcionalismo, em café da manhã com jornalistas nesta terça-feira.

Pelo lado das receitas, a arrecadação de impostos e contribuições federais somaram R$ 190,611 bilhões em março de 2024, levemente abaixo da mediana das expectativas, de R$ 191,1 bilhões. Borsoi nota que houve um certo “apaziguamento” na seara política, o que melhora a perspectiva para a agenda econômica que depende do Congresso.

“Lula parece que escanteou Padilha e tenta se aproximar de Lira e de Pacheco. E Haddad está de volta para reforçar as negociações”, disse. Lula negou que o governo tenha problemas com o Congresso e confirmou que se encontrou com Lira domingo, mas se recusou a detalhar o conteúdo da conversa.

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Fonte einvestidor
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