ICMS das teles: após reportagens do InfoMoney, Claro diz que vai ressarcir clientes até novembro
É a primeira tele a dizer como e quando vai repassar a redução do imposto aos consumidores, mais de 2 meses após sanção da lei
Após reportagens do InfoMoney revelarem que as operadoras de telecomunicações não estão repassando a redução do ICMS aos clientes — e ficando com a diferença ou ainda cobrando a alíquota antiga —, a Claro afirmou, nesta quarta-feira (24), que vai ressarcir esses valores até novembro.
“Será feito o ressarcimento do valor referente à redução relativa aos serviços em que não foi possível o repasse imediato. Nestes casos, o ressarcimento será feito de setembro a novembro, dependendo do ciclo de vencimento da fatura”, afirmou a empresa em comunicado. “Esta etapa exige um desenvolvimento de sistema específico que também demanda tempo”.
Com isso, a Claro se torna a primeira tele a dizer como e quando vai repassar a redução do ICMS aos clientes, mais de 2 meses após a sanção da lei que determinou a redução do tributo. Até então, as teles não davam nenhum prazo (e não diziam se os clientes que estavam pagando a mais seriam ressarcidos). TIM (TIMS3) e Vivo (VIVT3) foram procuradas, mas ainda não se pronunciaram.
A mudança de postura ocorre após o Procon-SP e Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) anunciarem, na semana passada, terem aberto investigações contra operadoras, após as reportagens do InfoMoney. Além da Claro, da TIM e da Vivo, os dois órgãos de defesa do consumidor também vão investigar a Oi (OIBR3) e a Sky.
A Senacon é ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Procon-SP, ao governo de São Paulo. Em entrevista exclusiva, o diretor-executivo do Procon-SP, Guilherme Farid, afirmou que a cobrança da alíquota antiga (e maior) era indevida e que não repassar a redução do ICMS ao cliente era “completamente imoral”.
Na nota divulgada hoje, a Claro disse que o “processo de repasse da redução do ICMS” começou em julho, “à medida que os estados aderiram à mudança”, e que os primeiros foram os “serviços de menor complexidade sistêmica”. “Em setembro, concluiremos o repasse para os demais serviços” (veja abaixo o comunicado completo).
A Claro também disse na nota que, “primando pelo pilar da transparência, reafirma seu compromisso de repassar integralmente aos seus clientes o benefício da redução do ICMS, decorrente da Lei Complementar nº 194/2022”. “A complexidade das adaptações sistêmicas necessárias e os diferentes tempos de adesão dos estados exigiram um grande esforço e um período de transição, que está próximo da conclusão”.
“Clientes já começaram a ter a redução do imposto repassada e, entre setembro e novembro, receberão desconto retroativo referente ao período de ajustes nos sistemas“, destacou a empresa.
Mas a Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo afirmou ao InfoMoney que “não há período de transição para adequação dos sistemas”. “Conforme disposto no Informativo SFP de 27/06/2022, com fundamento na Lei Complementar nº 194/2022 e no § 4º do artigo 24 da Constituição Federal, tais operações devem ser tributadas à alíquota de 18% a partir de 23/06/2022” (veja mais abaixo).
As reportagens
A primeira reportagem, publicada na semana semana, revelou que a Claro, a Vivo e a Copel/Ligga Telecom já estão pagando uma alíquota menor de ICMS, mas não estão repassando o benefício aos clientes em pelo menos 4 estados (Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo).
No dia seguinte, uma segunda reportagem mostrou que a Claro e a TIM ainda estavam cobrando de clientes de São Paulo a alíquota antiga, mais cara, apesar de a lei que determinou a redução do tributo ter sido sancionada em 23 de junho.