Dólar sobe e real tem pior desempenho global em meio a riscos fiscais
Moeda americana recuou das máximas do dia após intervenção do Banco Central
O dólar fechou em alta nesta terça-feira, com o mercado mostrando receios de mais despesas públicas sem contrapartidas fiscais. Os temores levaram o real, mais uma vez, ao pior desempenho no mundo entre as moedas globais, mesmo com o Banco Central intervindo e vendendo de 1 bilhão de dólares no mercado de derivativos.
Nesta terça-feira, a moeda americana subiu 0,192% contra o real, e encerrou o dia negociada a 5,389 reias. Na máxima, a moeda foi a 5,4483 reais (+1,41%), antes de, na mínima, descer a 5,3546 reais (-0,33%).
O real não apenas liderou as perdas nos mercados de câmbio como foi apenas uma das três moedas dentre 33 pares do dólar a recuar. Peso colombiano (-0,15%) e peso argentino (-0,11%) também caíam no dia em que o índice do dólar recuava 0,55% globalmente.
A maior preocupação é a possível renovação do auxílio emergencial sem contrapartidas de corte de gastos. Internamente todas as atenções estão voltadas para Brasília. Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o Congresso estuda viabilizar a renovação do benefício sem a contrapartida de cortes de despesas e fora do teto de gastos. O presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que deve haver a extensão do auxílio.
O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou a respeito do tema em evento virtual realizado nesta terça-feira. Segundo ele, há forte impacto da questão fiscal sobre a volatilidade do câmbio, o que é preocupante. Campos Neto também afirmou que a recuperação econômica do Brasil “perdeu o momento”.
“Mais uma vez o Campos Neto mostra que a situação financeira do país é conturbada e estende a bandeira da necessidade da austeridade fiscal”, diz Henrique Esteter, analista da Guide.
Intervenção do Banco Central
Na máxima da sessão, alcançada por volta de 13h20, o dólar saltou 1,41%, para perto de 5,45 reais, e manteve-se próximo desse patamar até 14h11, quando o BC anunciou o primeiro leilão de swap cambial, com oferta de até 20 mil contratos (1 bilhão de dólares).
Nesse leilão, foram vendidos 14.300 contratos. O BC, então, anunciou às 14h57 a segunda operação do dia, disponibilizando os demais 5.700 contratos, que posteriormente foram colocados integralmente no mercado.
O BC não fazia oferta líquida de swaps cambiais tradicionais desde 11 de janeiro deste ano, quando leiloou 10 mil contratos (500 milhões de dólares).
O primeiro leilão de swap desta terça, com lote de 20 mil papéis, foi o maior desde 14 de maio do ano passado, quando o BC disponibilizou a mesma quantia de contratos, num período em que o mercado ainda tentava se estabilizar após o choque em março decorrente da pandemia.
*Com redação