Dólar sobe e fecha no 2º maior valor da história; Ibovespa cai, mas mantém os 106 mil pontos
Mercado mostra forte pessimismo diante de mais um aumento nas tensões entre EUA e China; tensão na América Latina também pesa
SÃO PAULO – O dólar subiu nesta quarta-feira (13) e atingiu o segundo maior valor de fechamento da história. A moeda americana teve uma valorização de 0,48%, para R$ 4,1862 na compra e R$ 4,1869 na venda. O recorde histórico do câmbio é R$ 4,19, cotação atingida em 13 de setembro do ano passado.
Também o Ibovespa revelou aversão a risco no mercado. O principal índice da B3 teve queda de 0,65%, para 106.059 pontos, no menor patamar desde 21 de outubro, quando fechou em 106.022 pontos.
O volume financeiro negociado foi de R$ 35 bilhões, bem acima da média diária dos últimos dias, em torno de R$ 20 bilhões.
O grande driver de pessimismo da sessão foram as informações da Dow Jones divulgadas à tarde de que a China não quer fixar um compromisso numérico na compra de produtos agrícolas americanos, indo contra o presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que o país asiático concordou em comprar até US$ 50 bilhões por ano em soja, carne de porco e outras commodities.
Além disso, analistas ainda citaram as tensões na América do Sul e a crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL como focos de pessimismo.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avançou cinco pontos-base, para 4,62%, e o DI para janeiro de 2023 subiu dois pontos-base, para 5,73%.
Sobre a guerra comercial, ontem o presidente americano, Donald Trump, frustrou quem esperava por um adiamento nas tarifas à importação de carros europeus e dobrou a aposta no discurso mais agressivo contra a China.
Trump disse que o fechamento da fase 1 de um acordo com os chineses pode ocorrer rapidamente, mas ameaçou o país asiático afirmando que pode elevar ainda mais as tarifas se não se chegar a um consenso. Como resposta, o jornal chinês Global Times publicou que as declarações dos EUA “entediam” e que o governo americano “acredita em uma mentira contada mil vezes”.
Os investidores, especialmente os locados na América Latina, acompanham ainda a onda mundial de protestos, que além de Hong Kong – que hoje viveu o terceiro dia consecutivo de violência –, espalhou-se no Chile, onde uma greve geral está prevista, e na Bolívia, onde a segunda vice do Senado, Jeanine Añez, em uma manobra e sem aval do Congresso, se declarou presidente, falando em convocar eleições “o mais cedo possível”.
Para Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, a escalada de instabilidade na América Latina afetou a percepção do estrangeiro para a região depois do Chile propor uma nova Constituição. O investidor lá fora, de acordo com o analista, junta isso com a saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL para verificar um balanço de riscos mais negativo.
Bolsonaro oficializou na véspera a sua saída do partido pelo qual foi eleito presidente, anunciando a criação de uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil.
“Ainda não existe um temor no mercado de que essa ruptura vai impactar no andamento das reformas, mas é mais uma fonte de incertezas”, diz Gabriel Fonseca.
Entre os indicadores, as vendas no varejo brasileiro cresceram 0,7% em setembro, acima da expectativa mediana dos economistas apurada pelo consenso Bloomberg, que apontava para um avanço de 0,6%. É o quinto resultado positivo consecutivo, período em que o segmento acumulou ganho de 2,4%. Comparado a setembro de 2018, o varejo cresceu 2,1%, sexta taxa positiva seguida.
No Congresso, o debate sobre uma nova Constituinte trouxe divergências entre os presidentes das duas Casas. Rodrigo Maia fez duras críticas à hipótese, que surgiu após sugestão de Davi Alcolumbre, em meio à discussão de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a prisão em segunda instância.
Ainda hoje, Bolsonaro recebeu o líder chinês Xi Jinping, no Palácio do Itamaraty, e assinou nove atos para aprofundar a relação entre os dois países.
Noticiário Corporativo
No corporativo, estão previstas as divulgações dos balanços de Natura (NATU3), Via Varejo (VVAR3), Vivara (VIVA3), Centauro (CNTO3), Cogna (COGN3), Eztec (EZTC3), Rossi (RSID3), Light (LIGT3), Cemig (CMIG4), Taesa (TAEE11), Alupar (ALUP11), Randon (RAPT4), Bradespar (BRAP4), Qualicorp (QUAL3), Positivo (POSI3) e Hapvida (HAPV3).
Entre os resultados divulgados à noite, a MRV (MRVE3) registrou lucro líquido de R$ 160 milhões no terceiro trimestre deste ano. A cifra é 8% menor que o valor registrado no mesmo período do ano passado (R$ 174 milhões).
Já a Wilson Sons viu seu lucro líquido recuar 9,5% na comparação com o mesmo período de 2018, totalizando US$ 14 milhões. A CPFL Energia (CPFE3) registrou lucro líquido de R$ 748 milhões, enquanto a Even (EVEN3) lucrou R$ 16,5 milhões. Enquanto isso, a Trisul teve lucro de R$ 42,6 milhões.
Maiores altas
ATIVO | VARIAÇÃO % | VALOR (R$) |
---|---|---|
TIMP3 | 2.68293 | 12.63 |
WEGE3 | 2.49123 | 29.21 |
CSAN3 | 2.43056 | 59 |
YDUQ3 | 2.31104 | 37.63 |
COGN3 | 1.78947 | 9.67 |
Maiores baixas
ATIVO | VARIAÇÃO % | VALOR (R$) |
---|---|---|
CSNA3 | -4.72973 | 11.28 |
ELET6 | -2.50457 | 37.37 |
PCAR4 | -2.23114 | 78 |
JBSS3 | -2.18023 | 26.92 |
UGPA3 | -2.10475 | 20 |
A Petrobras (PETR3; PETR4) iniciou o processo de venda de 100% de seus negócios de distribuição de combustíveis, lubrificantes e fertilizantes no Uruguai.
O portfólio de ativos da estatal brasileira no Uruguai inclui uma rede de 90 postos, 16 lojas de conveniência, um terminal logístico de lubrificantes e uma planta de QAV, sendo a segunda maior distribuidora do país vizinho.
Já o Magazine Luiza (MGLU3) levantou R$ 4,73 bilhões com oferta de ações, segundo fontes consultadas pela Bloomberg.
Bolsas Internacionais
A ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na véspera, que sem um acordo com os chineses “haverá aumentos significativos das taxas”, ampliou o sentimento de aversão ao risco derrubando os futuros de Nova York e as bolsas. “O comércio deve ser justo e, para mim, deve ser recíproco. Somos competitivos como nenhuma outra nação”, disse.
Trump alertou ainda que uma vitória dos democratas em 2020 poderia colocar em risco os ganhos do mercado acionário obtidos ao longo de seu governo. Adicionalmente, cabe destacar que começam hoje os depoimentos relacionados ao seu processo de impeachment no Congresso.
Nos indicadores internacionais, em setembro frente agosto, a produção industrial da zona do euro, ajustada sazonalmente, aumentou 0,1%, segundo estimativas do Eurostat, o escritório de estatística da União Europeia. Em agosto de 2019, a produção industrial aumentou 0,4%.
Já o CPI do Reino Unido subiu 1,5% em outubro ante igual mês do ano passado, desacelerando em relação ao ganho anual de 1,7% observado em setembro e atingindo o menor nível desde novembro de 2016. O resultado veio em linha com as estimativas, mas afastou ainda mais a inflação da meta do Banco da Inglaterra, de 2%.
Destaque ainda para o relatório Perspectiva da Energia Global da Agência Internacional de Energia (AIE), afirmando que a produção de xisto dos Estados Unidos remodelará os mercados de energia globais nos próximos anos, reforçando a influência do país, em contraposição aos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A AIE afirma que, mesmo com o crescimento anual na produção americana desacelerando nos últimos anos, projeta que políticas já anunciadas significam que o país será responsável por 85% do aumento na produção global de petróleo até 2030.
(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)