Dólar cai para R$ 4,83 e amplia desvalorização ante o real pelo sétimo dia
Investidores acompanham anúncio de novas sanções à Rússia e expectativa de alta dos juros no Brasil
O dólar ampliou a sua desvalorização ante o real pelo sétimo dia seguido nesta quinta-feira, 24, e voltou a fechar na menor cotação em dois anos com novas pressões sobre as commodities, sobretudo o petróleo, e o anúncio de mais sanções do Ocidente à Rússia durante a viagem de Joe Biden à Europa. Na pauta doméstica, o Banco Central (BC) voltou a sinalizar que pode subir os juros mais do que o previsto em meio ao cenário de alta volatilidade. O cenário fez o câmbio fechar com queda de 0,25%, cotado a R$ 4,832, a menor cotação desde o dia 13 de março, quando encerrou em R$ 4,816. A divisa chegou a bater a mínima de R$ 4,765, enquanto a máxima não passou de R$ 4,858. O dólar fechou a véspera com forte queda de 1,45%, a R$ 4,844. Seguindo o clima positivo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com alta de 1,36%, aos 119.052 pontos, o melhor resultado desde 1º de setembro, quando o pregão foi a 119.395 pontos. O índice encerrou a véspera com leve alta de 0,1%, aos 117.457 pontos.
Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira novas sanções financeiras à Rússia com o congelamento de ativos nos EUA e o bloqueio total contra mais de 400 indivíduos e entidades – sendo 328 deputados da Duma (câmara baixa do parlamento) e a própria instituição. As novas sanções financeiras se direcionam a políticos, oligarcas e a indústria de defesa da Rússia. A intensificação da coordenação com aliados para impedir que Moscou use suas reservas de ouro, também foi outra mudança que aconteceu. O anúncio ocorreu em meio à viagem do presidente norte-americano, Joe Biden, a Bruxelas para uma série de encontros com aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A invasão da Ucrânia pelo vizinho completa um mês nesta quinta-feira, sem sinalizações de acordos para cessar-fogo. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo no mundo, e o temor de desabastecimento com as sanções geram nova pressão sobre os preços. O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, operava acima dos US$ 117, enquanto o WTI, base do mercado dos EUA, era cotado na casa de US$ 111. O clima ficou ainda mais carregado após a Rússia anunciar a interrupção do fluxo no oleoduto de Caspian Pipeline Consortium (CPC), entre o território russo e o Cazaquistão, após uma tempestade atingir a região. Segundo autoridades, o quadro pode tirar de circulação até 1 milhão de barris por dia — o equivalente a 1% de toda a produção global.
No cenário doméstico, o Banco Central (BC) divulgou nesta manhã que a inflação deve encerrar 2022 com alta de 7,1%. Em um cenário alternativo e visto como mais provável, a variação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fecharia o ano com avanço de 6,3%. Nos dois casos, a inflação fica acima do teto da meta deste ano, com centro de 3,5% e limites de 2% e 5%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que a inflação passa do limite máximo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, o IPCA encerrou em 10,06%, quase o dobro do limite de 5,25%. O BC promove uma série de apertos na taxa de juros para buscar trazer o índice para baixo, e subiu a Selic de 10,75% para 11,75% na semana passada. A autoridade contratou nova alta de 1 ponto percentual para o encontro agendado para maio, mas deixou a “porta aberta” para altas mais significativas.