Dólar cai 1,3% com ajuste dos juros nos EUA e tratativas de cessar-fogo na Ucrânia; Bolsa sobe
Autoridade monetária norte-americana elevou taxa e sinalizou novos reajustes ao longo de 2022
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta quarta-feira, 16, após a alta dos juros nos Estados Unidos e as indicações de avanços nas tratativas de cessar-fogo no Leste Europeu. Investidores ainda aguardam pela divulgação da elevação da Selic pelo Banco Central (BC), previsto para às 18h. O dólar encerrou com queda de 1,3%, a R$ 5,092. O câmbio chegou na máxima de R$ 5,156, enquanto a mínima não passou de R$ 5,091. A divisa encerrou a véspera com alta de 0,76%, a R$ 5,159. Seguindo o clima positivo nos mercados globais, o Ibovespa fechou com alta de 2% aos 111.112 pontos. O pregão desta terça-feira, 15, fechou com queda de 0,9%, aos 108.959 pontos. O cenário otimista dá força para nova queda do barril de petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, para a casa de US$ 98.
O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, alterando a taxa para um intervalo entre 0,25% e 0,5%, conforme comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). É a primeira vez que o colegiado sobe os juros desde 2018. Em nota, a entidade deixou contratada novas altas nos próximos encontros. O movimento já era esperado pelo mercado financeiro e ocorre em meio à disparada da inflação aos consumidores para 7,9% no acumulado de 12 meses em fevereiro, o maior patamar em 40 anos. O dado não inclui a recente pressão gerada pela disparada das commodities, principalmente o petróleo e os alimentos, em todo o mundo em reflexo à guerra na Ucrânia e aos embargos à Rússia.
Ainda na pauta internacional, sinalizações de avanços no cessar-fogo no Leste Europeu trazem sentimento de alívio entre os investidores. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reconheceu que as tratativas estão avançando, mas afirmou que precisam de mais tempo para garantir que os interesses da Ucrânia sejam respeitados. Por sua vez, Dmitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, disse que um entendimento para que a Ucrânia assuma um “status neutro” é possível.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também vai anunciar mudanças nos juros. O mercado estima o acréscimo de 1 ponto percentual, que levaria a Selic a 11,75% ao ano, o maior nível desde 2017. O movimento representa a pisada no freio na subida dos juros após três altas consecutivas de 1,5 ponto percentual e já foi indicado pela autoridade monetária na divulgação da última reunião, realizada no início de fevereiro. A inflação foi a 1,01% em fevereiro, o maior patamar para o mês em sete anos, e somou 10,54% em 12 meses. O mercado financeiro passou a enxergar um patamar mais alto para o fim do ciclo de alta promovido pelo BC. Para 2022, a expectativa passou para 12,75% ao ano, contra estimativa de 12,25% na semana passada. O aumento também se espalhou para 2023 (de 8,25% para 8,75%) e 2024 (7,38% para 7,5%).