Controle da inflação: tom mais duro de comunicado do Copom surpreende mercado

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Que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central iria aumentar a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual era consenso no mercado financeiro. O que surpreendeu os economistas foi o tom do comunicado, considerado mais duro do que o usual.

“O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”, afirmou o comitê.

No texto, o Copom prevê que a Selic deve ter um aumento da mesma magnitude em fevereiro e deixou claro que pode ajustar seus passos dependendo do comportamento da inflação.

“O que me chamou mais atenção do comunicado é que o BC de fato elevou o tom contra a inflação. Aquela dúvida que tínhamos se os dados de atividade mais fraca iam pesar na decisão do Copom ou não, não existe mais. Claramente isso ficou em segundo plano. O colegiado deu muito mais ênfase em buscar uma convergência da inflação”, afirma Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset.

Para Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, o colegiado mostrou mais preocupação com a inflação no longo prazo. “Apesar da decisão ter vindo em linha com as expectativas, acredito que o tom mostra uma preocupação adicional no sentido de ancorar as expectativas no médio prazo”, afirma Lima.

Menos crescimento

O custo de aumentar a dose do aperto monetário para reduzir a inflação será o menor crescimento econômico em 2022. No comunicado, o BC indicou um ciclo monetário mais longo, chegando a 11,75% ao final dele. “A nossa avaliação é que esse nível de juros pode gerar um nível desinflacionanário bastante importante, isso porque vai ter como contrapartida menos crescimento no próximo ano, que controla os preços”, afirma Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, o baixo crescimento econômico pode reduzir a dose do aperto. “Vale notar que apesar do Copom ter indicado uma alta de 150 pontos acreditamos que as condições econômicas no entorno da reunião irão forçar uma alta menor, seja por conta do IPCA mais comportado, do câmbio mais estável ou pela atividade ainda fraca.”

Por isso, Perfeito diz que mantém a projeção de Selic em 11,5% ao final do ciclo, em maio do ano que vem.

Nem tão surpresos

Para a Genial Investimentos, o tom não era surpresa e a grande novidade foi a forma como o BC enxerga a política contracionista. “A palavra ‘significativamente’ contracionista não apareceu nos outros comunicados e essa é uma mudança importante”, afirma José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.

Para o time de economistas do C6 Bank, os próximos passos do Copom vieram em linha com as estimativas. “Acreditamos que a comunicação é compatível com nosso cenário de uma alta adicional de 150 pontos base, seguido de outra alta de 100 pontos base na reunião de março, elevando a taxa Selic ao nível de 11,75% ao final do ciclo de aperto monetário e permanecendo nesse patamar até pelo menos o final do ano”, afirma relatório do banco.

Histórico da Selic

Em janeiro, a Selic estava em 2% ao ano, menor patamar histórico. Desde então, o BC começou a elevar a taxa para conter as pressões inflacionárias do país. A elevação de ontem foi a sétima consecutiva.

Se por um lado o aumento tem o papel de segurar os preços, por outro, reduz a atividade econômica e dificulta o acesso à crédito.s

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Fonte 6minutos
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