Citi relaciona queda nas importações do diesel aos preços da Petrobras; entenda
Para o Citi, os dados acendem luz amarela sobre o aumento do volume russo que pode impactar o mercado do setor
As importações brasileiras de diesel em agosto caíram 29% com relação ao mesmo período de 2022, para 1,31 mil metros cúbicos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Apesar da queda interanual, esse volume é 24% superior ao verificado oficialmente em julho.
O Citi (CTGP34), que elenca os dados em relatório a investidores, atribui essa queda nas importações de diesel com relação ao mesmo período do ano passado à pequena ou nenhuma diferença com relação aos preços Petrobras (PETR4;PETR3) no período, o que desestimula a importação. Os analistas observam que o preço médio do diesel negociado no País segue 12% abaixo dos preços de importação, segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).
Eles observam que, após 15 de agosto, quando a Petrobras reajustou o diesel em 25,8%, a janela de importação “parece ter se reaberto”. Na prática, as importações tendem a subir em setembro, ainda que os volumes tendam a permanecer abaixo dos registrados em 2022.
“Mantemos nossa visão positiva sobre a tese de investimento das maiores distribuidoras de combustíveis (Raízen, Ultrapar e Vibra), devido a uma oferta mais equilibrada de combustíveis no mercado interno a partir de setembro. Porém, os dados de agosto acendem luz amarela quanto ao aumento do volume russo que pode impactar a competitividade de mercado do setor”, escrevem os analistas do Citi.
Diesel russo
Em agosto de 2023, segundo os dados oficiais, o diesel russo representou 74% das importações, cerca de 976 mil metros cúbicos, seguido do diesel vindo dos Estados Unidos (15%), Índia (9%) e Emirados Árabes Unidos (1%).
O Citi observa que o produto russo segue crescendo entre as cargas importadas para o Brasil, substituindo o produto americano, cujos volumes caíram 83% na comparação com agosto de 2022 e 39% ante julho deste ano. Isso, explicam os analistas do Citi, se deve ao fato de o diesel russo estar 19% mais barato que o americano.
Segundo o Citi, o produto russo tem sido importado pelas maiores distribuidoras independentes, enquanto as cargas advindas dos EUA ainda foram trazidas pela Petrobras.