BC mantém taxa básica de juros em 2% ao ano pela quarta vez seguida
Em veredito unânime, Copom cita mutações do novo coronavírus e retira compromisso de não elevar a Selic
A taxa básica de juros da economia vai seguir em 2% ao ano ao menos pelos próximos 45 dias, segundo decisão tomada nesta quarta-feira (20), pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central). O veredito mantém a Selic no menor patamar da história pela quarta vez consecutiva.
A nova manutenção da Selic em 2% ao ano atende às expectativas do mercado financeiro e indica que o BC segue confortável com as medidas adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus e também com a inflação atual, que fechou 2020 em 4,52%, valor 0,5 ponto acima da meta do governo.
Do início da pandemia até agosto, o Copom optou por quedas acentuadas das taxas de juros para incentivar a produtividade e o consumo no Brasil, com a Selic reduzindo 2,25 pontos percentuais no período.
Ao justificar a decisão desta quarta, o Copom destacou que as mutações do novo coronavírus “deverão afetar a atividade econômica no curto prazo”. Sobre a atividade econômica nacional, os diretores do BC avaliam que a situação “têm surpreendido positivamente”, mas ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos da covid-19.
“Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o primeiro trimestre deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, observa o Copom.
Na nota, o BC também retira o compromisso assumido em agosto do ano passado de não elevar os juros básicos. “O forward guidance deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, afirma.
“O Comitê reitera que o fim do forward guidance não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”, destaca o documento.
Os juros de 2% ao ano permanecem vigente até a próxima e última reunião do Copom, marcada para os dias 16 e 17 de março, quando pode ser iniciada uma sequência de altas da taxa de juros. A aposta das instituições financeiras é de que a Selic termine 2021 em 3% ao ano.
Votaram a favor da decisão na primeira reunião de 2021 o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fabio Kanczuk, Fernanda Feitosa Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.
Conhecida como taxa básica, a Selic representa os juros mais baixos a serem cobrados na economia e funciona como forma de piso para as demais taxas cobradas no mercado financeiro. Significa que a Selic é aquela taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores a ela.
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A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Sempre que o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.