Apesar de aumento de incerteza, mercado vê chance maior de manutenção da meta em 2024
A despeito das turbulências geradas por um quadro de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos e, no plano doméstico, afrouxamento das metas fiscais de 2025 em diante e incertezas sobre a agenda de revisão de despesas, aumentou no mercado financeiro a percepção de que a meta de déficit zero será mantida pelo governo federal ao longo da execução orçamentária em 2024.
É o que mostra sondagem feita pela XP Investimentos com um grupo de 86 investidores institucionais entre os dias 14 e 18 de junho. De acordo com o levantamento, 55% dos respondentes acreditam que o objetivo original previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não sofrerá modificações. Outros 45% pensam o contrário.
Considerando a regra do novo marco fiscal, há uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para a aferição da meta de resultado primário − o que permite que a atual administração cumpra o objetivo mesmo se entregar um desequilíbrio nas contas de até 0,25% do PIB.
Esta é a segunda vez em que uma pequena maioria dos especialistas consultados pela XP aposta na manutenção da regra. Em maio, data do último levantamento, o grupo somou 51% dos respondentes − diferença de apenas 2 pontos percentuais para aqueles que apostavam em uma revisão da meta fiscal. Trata-se do resultado mais favorável para a equipe econômica do governo desde que a pergunta começou a ser feita. Em janeiro, apenas 10% acreditavam na manutenção, enquanto 90% apostavam contra.
A sondagem com investidores institucionais é feita sempre às vésperas de uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Esta edição também mostrou que 88% dos entrevistados apostam na manutenção da taxa básica de juros (a Selic) a 10,50% ao ano, enquanto 12% projetam uma queda de 0,25 ponto percentual. Para o próximo encontro, em julho, é quase unânime (94%) a expectativa dos respondentes de manutenção da taxa.
A sondagem com investidores contou com 86 entrevistas, realizadas entre os dias 14 e 18 de junho, com economistas, gestores, analistas e consultores de gestoras, bancos, instituições financeiras em geral e consultorias. O questionário foi aplicado eletronicamente e os resultados são divulgados apenas de forma agregada, preservando a identidade dos participantes.