Padarias lucram com panetone e consumidor tem que pesquisar
Lojas aumentam produção da iguaria natalina, que é a mais procurada no fim do ano,mas diferença de preços em função da qualidade e do tamanho pode chegar a 5.000%
Salgado, doce, com ou sem recheio, o panetone é presença marcante nas mesas de Natal de todo o mundo. Neste fim de ano, a iguaria natalina é a mais procurada nas padarias, mas a dica é pesquisar, já que a diferença de preços é exorbitante. De acordo com levantamento feito pelo Estado de Minas, esta variação pode chegar a 5.000%. Em Belo Horizonte, o preço desse tipo de produto pode variar de R$ 10 a R$ 500.
No Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) espera que a venda deste produto seja 5% maior do que no Natal de 2018, alcançando receita de R$ 735 milhões.
Em Minas, de acordo com pesquisa feita pela Associação Mineira de Supermercados (Amis), o comércio de panetones vai dividir, com as carnes, a liderança das vendas do Natal de 2019, com um percentual de 10% sobre o faturamento de 2018. Entre os produtos mais vendidos, o panetone está à frente do famoso chester, do peru, de vinhos, cervejas e bebidas quentes.
De acordo com Igor Silva, coordenador da Padaria Trigopane, localizada na Avenida Grão Mogol, no Bairro Sion, Região Centro-Sul de BH, a produção de panetone cresce mais de 100% em dezembro, se comparado a novembro. “Produzimos panetones o ano inteiro, porém, nos meses de outubro, novembro e dezembro a demanda aumenta. Produzimos mais ou menos 8 mil panetones em nossas duas lojas na época de Natal”, explica.
João Câncio, de 66 anos, é cliente da padaria. Ele conta que compra panetones o ano todo e por isso sente a diferença no bolso. “Gosto de panetone o ano inteiro e tenho costume de comprar e comer no café da manhã. Não vejo diferença entre o Natal e o resto do ano”, comenta. “Apesar disso, o preço é bem diferente nesta época do ano, porque fica mais caro”, diz.
Na Padaria Vianney, no Bairro Funcionários, a grande aposta do fim do ano são os panetones artesanais. Lançados há cerca de três meses, os panetones respondem por 50% do comércio de produtos natalinos, seguidos pelas encomendas de itens da ceia de Natal. Somados panetones e chocotones, 10 mil unidades são oferecidas aos clientes em 2019, incluindo os mini-chocotones, destinados aos consumidores que preferem as porções individuais da iguaria. A expectativa para este ano é que mais de 700 famílias encomendem produtos para a ceia de Natal.
Cliente fiel da Vianney, Neide Lobato, de 83 anos, conta que é “fissurada em panetones”. Para ela, o produto é considerado um presente para agradar familiares e amigos. “Tenho muito costume de comer panetone, é tradição da minha família. Compro no ano inteiro. Os meus favoritos são os que têm chocolate, gosto muito”, diz. “A gente tem costume de presentear as pessoas que gostamos com panetone, todo mundo ganha. Às vezes, compro presente e o panetone também. Sempre opto pelo maior e mais bonito. Mesmo não estando na embalagem bonita, a gente muda e dá”, afirmou.
Neide afirma que os panetones de fabricação artesanal são os mais gostosos na hora da ceia de Natal. De acordo com ela, lojas como Cacau Show, Kopenhagen, Brasil Cacau e afins, por terem produção industrial, acabam sendo mais caras. “Época de Natal tem sempre que ter panetone. Já fui ao BH Shopping comprar, mas não achei muita coisa. Fui na Cacau Show, é mais caro”, afirma.
No café da manhã
Apesar de ser um prato considerado natalino, o panetone também está presente nas mesas de café da manhã. De acordo com a assessoria de marketing da Padaria Vianney, é perceptível o sucesso do produto durante todo o ano. “Sentimos que o consumidor não compra panetone somente no fim do ano. Compra o ano inteiro para tomar no café da manhã, faz parte do hábito alimentar das pessoas.”
Os panetones considerados tradicionais (com frutas cristalizadas) são os mais vendidos para acompanhar o pãozinho francês e o café, durante a manhã. “É um produto que vende a qualquer momento do dia, não só em uma refeição especial ou na ceia de Natal”, diz.
“Tenho muito costume de comer panetone, é tradição da minha família. Compro o ano inteiro. Os meus favoritos são os que têm chocolate, gosto muito”
Neide Lobato, aposentada, de 83 anos
Origem do panetone
A origem do bolo de Natal é um mistério, porém, estima-se que ele foi inventado por volta do século 15, na Itália. São várias as lendas envoltas em torno do prato natalino. Uma dessas histórias conta a vida de um nobre chamado Ughetto degli Atellani, que teria se apaixonado pela filha de um padeiro. Para se casar, ele teria abandonado sua vida de luxo e se tornado um excelente padeiro. Criativo, ele inseriu as uvas passas no pão doce que, a partir daí, passou a se chamar “panetone”. Nos dias atuais, em algumas regiões da Itália, as uvas passas são chamadas ughetta.
A lenda mais famosa sobre a criação do panetone, no entanto, é a de um padeiro chamado Toni. De acordo com a história, ele trabalhava na Padaria Della Grazie, em Milão, na mesma época de Ludovico, o Mouro (1452-1508). O jovem padeiro, apaixonado pela filha do patrão, teria inventado o pão doce para impressionar o pai de sua amada. Os fregueses passaram a pedir o “Pani de Toni”, que evoluiu para o “panattón” (vocábulo milanês, e depois para “panettone”, em italiano).
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