O que astronautas fazem no espaço? Qual a importância do trabalho do astronauta?
A vida dos astronautas pode ser cheias de emoções, e às vezes até divertida, mas nunca fácil. Mas o que um astronauta faz no espaço, exatamente? E qual a importância do trabalho do astronauta? Bom, além de terem que se adaptar ao ambiente de baixa gravidade do espaço, precisam conduzir e monitorar experimentos científicos diversos, além de realizar caminhadas espaciais para manutenção de algum equipamento e até mesmo praticar exercícios físicos para manter o corpo sempre saudável.
Há sempre muito o que fazer no espaço, e nem sempre o tempo disponível é o suficiente para realizar todas as tarefas. Em uma missão lunar, por exemplo, o tempo para andar na superfície da Lua pode ser bem curto, então eles precisam fazer tudo bem rapidinho. Já na Estação Espacial Internacional (ISS), o tempo pode não ser o maior desafio, mas a tripulação nunca fica sem ter o que fazer.
Confira algumas das principais atividades do dia-a-dia de um astronauta!
O que um astronauta faz no espaço?
Quando os astronautas estão em um voo rumo a algum destino no espaço — seja a ISS, seja a Lua durante as missões Apollo —, a tripulação é geralmente dividida em duas principais funções: comandantes e engenheiros de voo. Em muitos casos, também há os especialistas de missão e os especialistas de carga.
O comandante é quem tomará as decisões caso alguma coisa dê errado. Embora as naves sejam praticamente autônomas, com voos pré-programados para percorrer uma rota precisa, o comandante deve estar preparado para assumir o controle em caso de emergência. Geralmente, um astronauta será o piloto que auxilia o comandante na operação do veículo. Estes dois não costumam deixar o interior da nave.
No caso das viagens à Lua durante a era Apollo (e provavelmente as missões Artemis terão procedimentos semelhantes), o comandante tinha tarefas como checar a espaçonave ao entrar em órbita terrestre antes da injeção translunar, que é a queima que os colocava no caminho para a Lua. Eles realizavam manobras de transposição, acoplando módulos no espaço gastando o mínimo de combustível possível. Se necessário, faziam correções de curso.
Atualmente, astronautas da NASA viajam rumo à ISS na nave Crew Dragon, da SpaceX, usando as telas sensíveis ao toque caso precisem usar comandos manuais para acionar os propulsores de manobra da cápsula. Contudo, a Crew Dragon foi projetada para ser totalmente autônoma, sem exigir entradas manuais dos astronautas a bordo, exceto em casos excepcionais. O comandante também deve ficar atento caso precise apertar o botão de aborto de lançamento.
Já o especialista de missão realizará tarefas bem específicas e, portanto, dentro de uma área limitada. Geralmente são responsáveis pelos testes médicos e experiências científicas, portanto serão treinados para os experimentos que serão colocados em prática durante a estadia na ISS, por exemplo. Na NASA, existem cinco níveis tipos de treinamento para especialistas: nos níveis 1 e 2 estão aqueles treinados para caminhadas espaciais, enquanto os demais são os encarregados pelos experimentos, por isso costumam ser químicos e médicos, e estão constantemente monitorando a saúde da tripulação.
O especialista de carga terá missões técnicas específicas em lugares como a ISS, por isso são selecionados fora do corpo oficial de astronautas da agência espacial. Eles vão acompanhar cargas transportadas ao espaço, como satélites comerciais ou científicos.
O dia-a-dia de um astronauta
Quando se está em uma nave espacial, ou mesmo em órbita terrestre, os dias não são como os nossos. A cada 24 horas, os astronautas a bordo da ISS, por exemplo, contemplam o amanhecer 15 vezes! É que a estação orbital dá várias voltas ao redor do globo terrestre durante um único dia, então os astronautas precisam se orientar pelos seus relógios e confiar pouco no que estão vendo pela janela.
Como nós, humanos, somos condicionados por milhões de anos de evolução a um ciclo diário de 24 horas, dividindo bem as horas de sono à noite e atividades físicas durante o dia, os chamados ciclos circadianos estão programados em nós. Por isso, a tripulação da ISS trabalha e dorme em horários fixos e rígidos, que correspondam a esses ritmos que estamos acostumados.
A tripulação é acordada por um alarme todas as “manhãs”. Eles então se levantam de suas camas e se vestem o mais rápido que podem, mesmo não sendo uma tarefa fácil em baixa gravidade — eles se trocam uma vez a cada três dias, já que usam roupas descartáveis, pois não não há máquinas de lavar no espaço —, e fazem suas rotinas de higiene pessoal. Depois, se alimentam de sopas e líquidos conservados em saquinhos projetados para não deixar nada sair flutuando dentro da ISS.
Experimentos científicos
Tanto os antigos ônibus espaciais da NASA, quanto as estações como a Mir e a ISS, foram projetados para fornecer um ambiente de microgravidade disponível por décadas para execução de experimentos científicos. Hoje, apenas a ISS permanece ativa (embora a China esteja construindo sua nova estação, a Tiangong-3), então as nações que fazem parte da colaboração internacional do laboratório orbital enviam seus astronautas para lá a cada seis meses.
Durante esse período (ou mais), os astronautas realizam uma série de experimentos, que vão desde cultivo de alimento no espaço a coisas mais estranhas, como cuidar de aranhas para ver como elas tecerão suas teias em ambiente de microgravidade. Os campos científicos dessas experiências são bem amplos, incluindo astrobiologia, astronomia, medicina espacial, ciências da vida, ciências físicas, ciência dos materiais, clima espacial e meteorologia.
Atividades extraveiculares (EVA)
As atividades extraveiculares são as famosas “caminhadas espaciais”, ou seja, quando é preciso realizar tarefas fora da nave. Os astronautas responsáveis por essas atividades constroem estruturas no espaço — a ISS, por exemplo, foi montada dessa forma. Também fazem manutenção dos equipamentos, como acontece na reposição de peças da ISS e como foi preciso no reparo do telescópio Hubble em 1993. Enquanto isso, os especialistas nível 3 e 4 permanecem dentro da ISS ou da nave para medir as pressões sanguíneas e batimentos cardíacos dos que estão do lado de fora.
Nas missões Apollo, as atividades EVA incluíam andar pela Lua para coletar amostras e realizar alguns experimentos científicos no ambiente de baixa gravidade. O tempo de permanência na superfície era curto, então eles deveriam fazer tudo no menor tempo possível. Às vezes, era preciso enfrentar a dura escalada nas escarpadas de crateras, o que era árduo de se fazer nos trajes da época — e de vez em quando soltavam até alguns palavões no microfone. Eles também tiravam fotografias e enviavam relatos ao controle de missão.
Em algumas das últimas missões Apollo, os astronautas tinham uma espécie de jipe desenvolvido especialmente para percorrer maiores distâncias da superfície lunar, em curtos intervalos de tempo. Ah, em missões como estas, os astronautas também ganham algumas funções extra: piloto do Módulo de Comando, que fica na órbita da Lua, e piloto do Módulo Lunar, o veículo que se separava do Módulo de Comando para pousar na Lua, levando dois astronautas. Ou seja, um dos três tripulantes das missões Apollo jamais pisava na Lua, aguardando em órbita o retorno dos colegas.
Exercícios físicos e lazer
A rotina de um astronauta também inclui exercícios físicos constantes, pois o corpo humano perde músculos e ossos na falta de peso. Então, algumas horas de exercícios diários são necessárias para manter o tônus muscular. Os exercícios também ajudam a aliviar as “fungadelas espaciais”, causadas quando fluidos corporais não são mais puxados para baixo pela gravidade e se acumulam na cabeça.
Um exercício clássico nas estações espaciais, desde a antiga estação russa Mir, é a esteira ergométrica. A ISS também conta com uma bicicleta ergométrica, na qual é preciso se amarrar para os astronautas não saírem flutuando durante os exercícios. Tudo isso é feito com o monitoramento físico e exames contantes por parte dos especialistas médicos, o que também fornece informações sobre como o corpo é alterado no espaço.
O tempo livre é tão importante para os seres humanos quanto qualquer outro reservado às obrigações diárias. Durante as horas de lazer, os astronautas podem ler um livro, tirar fotografias do nosso planeta, escrever e-mails para os familiares, assistir a DVDs ou conversar com pessoas aleatórias da Terra através do radioamador — uma das diversões favoritas de alguns astronautas, por sinal.