Lockdown é perda de tempo e pode matar mais, diz cientista de Stanford
Michael Levitt, Nobel de química, acredita na volta à rotina, mas com máscaras. Na prática, países com isolamento têm melhor desempenho contra coronavírus
O lockdown, fechamento total do comércio não-essencial, como estratégia contra o novo coronavírus é uma perda de tempo e pode matar mais pessoas, afirma Michael Levitt, professor da Universidade de Stanford e vencedor de um prêmio Nobel de química em 2013.
Levitt previu corretamente o impacto da pandemia do novo coronavírus e sugere que as medidas de isolamento social foram tomadas mais por pânico do que por evidências científicas conclusivas. Para ele, o modelo matemático adotado pelo governo americano inflou 10 ou 12 vezes o número de mortes nos Estados Unidos, um dos países que aderiram ao lockdown em alguns estados. O país é o que tem mais casos de pessoas contagiadas no mundo.
Ao jornal britânico Telegraph, Levitt afirmou acreditar que o lockdown não tenha salvado vidas. “Eu acho que ele pode ter custado mais vidas. Pode ter poupado vidas que seriam perdidas em acidentes de trânsito, coisas assim, mas o dano social – violência doméstica, divórcios e alcoolismo – foi extremo. E há também quem deixou de ser tratado por outras condições médicas”, disse.
O professor acredita na retomada da rotina, mas com a população usando máscaras e adotando medidas de distanciamento social.
O outro lado
Apesar da opinião de Levitt, um estudo feito por pesquisadores de Singapura mostra que as medidas de distanciamento social, o fechamento de escolas e a quarentena de pessoas infectadas são as medidas mais efetivas para conter a propagação do novo coronavírus, causador da doença covid-19.
Além disso, a realidade vem se contrapondo a Levitt. A Suécia, país com regras de isolamento mais livres da Europa, é também um dos campeões de casos e mortes proporcionais — e prevê uma retração econômica tão forte quanto a de seus vizinhos. Países que tiveram o melhor desempenho no combate à pandemia, por sua vez, fizeram isolamentos restritos e muitos testes — entre eles estão China, Taiwan, Coreia do Sul e Nova Zelândia.