Cientistas desvendam um dos maiores mistérios do mundo: a consciência existe?
Muito já se discutiu sobre a existência ou não da consciência, mas sem se chegar a uma conclusão. Em estudo recente, uma equipe de cientistas australianos alega ter encontrado uma maneira de medir quantitativamente a consciência e, sendo possível fazer essa medição, está comprovada a sua existência. Essa descoberta pode ter grandes implicações no tratamento de pacientes em coma, por exemplo.
Além disso, a nova pesquisa aponta “que existe um marcador claro de excitação consciente que não depende de estímulos externos específicos”, conforme explica o físico da Universidade Monash e o principal pesquisador do estudo, Kavan Modi, em nota. Em outras palavras, o que se descobre é a própria consciência, conforme detalha o estudo publicado na revista Physical Review Research.
“Isso [a medição da consciência] é importante porque sugere uma maneira confiável de determinar o nível de excitação consciente, tocando em uma pequena região do cérebro, em vez de em muitas partes do cérebro”, afirma o pesquisador.
Sinais neurológicos
Afinal, como seria possível provar da consciência, aquela voz que habita a nossa mente e que poderia dar algumas orientações de como agir, igual ao Grilo Falante que sempre acompanhou o Pinóquio em suas aventuras? No filme da Disney, é o Grilo (ou a consciência de Pinóquio) quem dá conselhos ao personagem de como lidar com as suas dificuldades.
Para desvendar a consciência, então, uma equipe de cientistas da Universidade Monash, na Austrália, buscou diferentes sinais neurológicos em 13 moscas-da-fruta, isso enquanto estavam acordadas e anestesiadas, de acordo com pesquisa.
Após a análise, essas moscas apresentaram diferentes níveis quantificáveis de consciência que podiam ser captados em registros neurais. “Nossa técnica nos permite distinguir entre moscas que foram anestesiadas e aquelas que não o foram, calculando a complexidade do tempo dos sinais”, explica Modi.
A teoria é que a complexidade dos sinais neurais das moscas estava ligada ao seu nível de excitação consciente. Por exemplo, as moscas que estavam acordadas tinham atividade cerebral mais complicada do que aquelas que foram anestesiadas.
E nós, humanos?
Identificar a presença de consciência em moscas-da-fruta é muito mais simples do que em humanos, já que o cérebro delas tem cerca de 100 mil células, enquanto o nosso tem 86 bilhões. No entanto, os pesquisadores esperam que, em um segundo momento, esse trabalho se direcione para a comprovação da consciência em cérebros humanos.
Se o método for também eficiente em seres humanos, poderá dar aos médicos uma nova maneira de investigar a mente de pacientes que não respondem aos seus cuidados, como aqueles que estão em coma. “Este é um grande problema em neurociência”, explicou Modi. “É crucial diferenciar entre pacientes vegetativos que não respondem e aqueles que sofrem de uma condição na qual um paciente está ciente, mas não pode se mover ou se comunicar verbalmente devido à completa paralisia de quase todos os músculos voluntários do seu corpo”, finaliza.