Assim como lobos, cachorros se ajudam para buscar recompensa
Cães passaram por mudanças durante o processo de domesticação, há 30 mil ou 40 mil anos, mas não perderam a capacidade presente no ancestral
Os cachorros, assim como os lobos, são capazes de cooperar quando buscam uma recompensa, capacidade presente em um ancestral em comum e que não se perdeu ao longo do processo de domesticação, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo “Journal of Comparative Psychology”.
Acredita-se que o processo de domesticação dos cachorros começou há 30 mil ou 40 mil anos, quando alguns lobos se habituaram à presença humana. Com o tempo, os cães passaram por muitas mudanças que os diferenciaram dos pares selvagens.
Para o estudo, os pesquisadores do Max Planck Institute for the Science of Human History, na Alemanha, testaram a capacidade de cachorros e lobos ao trabalharem com um companheiro da mesma espécie para conseguir uma recompensa e observaram que ambos concluíram a tarefa igualmente bem.
Essa descoberta sugere que essa capacidade estava presente em um antepassado comum com os lobos, antes da domesticação dos cachorros.
Os pesquisadores afirmam que, como os cães foram selecionados especificamente pela habilidade e disposição para cooperar com os humanos, podem ter uma maior taxa de sucesso quando o companheiro na cooperação é um humano.
Para os experimentos, os pesquisadores criaram um cenário que simulava uma situação de caça na qual vários animais tentavam abater um herbívoro muito maior, como uma rena e outra presa com chifres.
No ambiente natural, um dos animais de caça precisa atrair a atenção e se esquivar dos chifres da presa para que os outros na matilha possam atacar por trás para derrubá-la. Desta forma, o caçador que está exposto a mais riscos o faz porque está confiante de que ganhará uma parte da recompensa.
Os pesquisadores descobriram que cães e lobos têm a mesma capacidade de cooperar com sucesso em uma média de três a cada quatro experiências.
Depois dos testes, os lobos e os cães geralmente compartilharam o alimento com membros da mesma espécie, embora seja mais provável que o façam se o membro dominante do grupo for o segundo a alcançar a presa.
“A probabilidade de comerem juntos durante os testes bem-sucedidos foi maior quando os dominantes ‘assumiram o risco'”, explicou a autora principal do estudo, Juliane Bräuer, diretora do grupo de Estudos Caninos do instituto.