Mourão: Uso das Forças Armadas na Amazônia deve ter tempo definido

Em entrevista, membros do governo afirmaram rechaçar o rótulo de "vilões do meio ambiente" que tentam aplicar ao Brasil

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No dia em que o Conselho Nacional da Amazônia Legal iniciou um conjunto de operações contra atividades ilegais em áreas protegidas a partir do Pará, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que o emprego das Forças Armadas para essa finalidade não pode se dar por tempo indefinido, mas colocou a estratégia como alternativa aos “quadros reduzidos” de órgãos de fiscalização como o Ibama.

“Não podemos continuar a empregar indefinidamente as Forças Armadas neste tipo de atividade. Temos que reconstruir a capacidade de o Estado brasileiro ter elementos de fiscalização e de proteção. Quem são? O Ibama e ICMBio, obviamente, mas que estão com quadros reduzidos. Temos que ter capacidade de aumentar esses quadros”, disse nesta segunda-feira (11).

Na entrevista coletiva da qual participaram os ministros da Defesa, Fernando Azevedo; da Justiça, André Mendonça; do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, as autoridades afirmaram rechaçar o rótulo de “vilões do meio ambiente” que tentam aplicar ao Brasil.

“É cara a manutenção da Amazônia, é difícil, tudo é longe, tudo complicado. Precisamos ter muita disposição para mudar essa visão que muitas vezes o mundo forja da Amazônia, para nos colocar como vilões. A gente não pode aceitar essa pecha de vilões. Se eles estivessem aqui, talvez não conseguiriam fazer isso”, afirmou Heleno.

No mesmo raciocínio, Heleno reconheceu que são tímidos os esforços do governo para fiscalizar a Amazônia por conta da complexidade das ações necessárias. As operações Verde Brasil 2, iniciadas nesta segunda vão empregar 3.800 homens, 110 viaturas, 20 embarcações e 12 aeronaves.

“Quando se fala em 12 aeronaves, para patrulhar o Rio de Janeiro é maravilhoso. Na Amazônia é muito pouco. Doze aeronaves na Amazônia é uma coisinha de nada”, disse o chefe do GSI.

Mourão destacou que operações como a desta segunda fazem parte do planejamento do governo para o período até 2022. “Não é o melhor emprego para as Forças Armadas, estarem atuando constantemente nesse tipo de situação. Mas é o meio que temos para evitar. Não queremos que o Brasil seja colocado para o restante do mundo como o vilão do meio ambiente”, disse o vice-presidente.

Ricardo Salles, do Meio Ambiente, comemorou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, baixado na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro e que permitiu o envio de tropas à região amazônica. Segundo o ministro, os efeitos do trabalho coordenado do governo, com redução do desmatamento, serão observados a partir do ano que vem.

“Atuação (com GLO) que deve conter o crescimento do desmatamento mas cujo percentual, nós vimos nessa semana, atingiu 64%. Temos que segurar esse percentual e trabalhar para que já no ano que vem haja redução drástica de desmatamento, base 2018 e 2019. O vice-presidente Mourão faz a coordenação mais adequada e os resultados devem chegar neste período”, declarou Salles.

Na entrevista, o vice-presidente também defendeu a aprovação da Medida Provisória, no Congresso, que trata da regularização fundiária. “Dois grandes problemas que temos são a questão do zoneamento ecológico e da questão fundiária. Enquanto não tivermos esses dois aspectos devidamente fundamentados, vamos ver esse eterno jogo de gato e rato entre elementos do governo responsáveis por fiscalização e pessoas que cometem ilegalidades”, disse.

A Operação Verde Brasil 2 visa combater “atividades ilegais em áreas protegidas por lei federal”, a partir de Porto Velho, Cuiabá e Marabá (PA). O orçamento reservado para as ações é da ordem de R$ 60 milhões.

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Fonte r7
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