Lula reitera a chanceler russo disposição do Brasil de colaborar para um acordo de paz na Ucrânia

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quinta-feira, no Palácio da Alvorada, com o chanceler russo, Sergei Lavrov. No encontro, Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito na Ucrânia e Lula reiterou que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz.

O diplomata chegou ao encontro por volta das 18h e saiu uma hora depois. O encontro com o chanceler russo aconteceu um dia depois de Lula conversar, por quase duas horas, com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

 

Segundo uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a reunião ocorreu a pedido de Lavrov, que veio ao Brasil para participar do encontro de chanceleres do G20, no Rio. Foram discutidos temas da agenda bilateral e questões globais.

Lavrov transmitiu a Lula uma mensagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de apoio à presidência do Brasil do G20. Ele reforçou o convite, ao presidente brasileiro, para a cúpula do Brics, em outubro, na Rússia, E reiterou que seu país concorda com o pleito do Brasil para ocupar assento permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

De acordo com o comunicado do Planalto, Lula reafirmou a importância de uma nova governança global para lidar com temas como inteligência artificial e as mudanças climáticas que,, segundo ele, não podem ser enfrentadas isoladamente. Ressaltou a importância das iniciativas que o Brasil tomou, junto com outros países detentores de florestas tropicais, para combater o desmatamento e buscar formas mais justas de remuneração pela preservação desses bioma e mencionou a necessidade de aprimorar os mecanismos de financiamento aos países em desenvolvimento.

Lavrov esteve no Rio, quarta-feira, onde participou de um encontro de chanceleres do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Um tema delicado que cerca o governo russo é a morte recente, em uma prisão da Sibéria, de Alexei Navalny, advogado, ativista e considerado o principal opositor de Putin.

Em uma entrevista a jornalistas no último domingo, na Etiópia, Lula foi perguntado sobre o que achava da morte de Navalny, em um momento em que vários países avaliavam que o opositor, na verdade, havia sido assassinado. O presidente brasileiro disse que não iria se manifestar, por uma questão de bom senso.

— Se a morte está sob suspeita, temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu — disse Lula, acrescentando que era preciso esperar o resultado dos trabalhos de médicos legistas russos “para poder fazer um pré-julgamento”.

Outro tema tratado foi a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que completa dois anos no próximo sábado. Os russos sofrem sanções econômicas dos Estados Unidos, da União Europeia e outros países ocidentais. O Brasil, no entanto, é contra esse tipo de punição, se não for decidida de forma multilateral, ou seja, aprovada pelas Nações Unidas — o que complica ainda mais a situação, pois a Rússia, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, tem poder de veto.

Em entrevista exclusiva aos jornais O GLOBO e Valor, respondida por email e publicada na edição de quarta-feira, o chanceler russo disse que seu país quer fortalecer a relação com o Brasil e que o Brics é prioridade do Kremlin. Indicou que a Rússia vê com simpatia a proposta brasileira de se criar um grupo de amigos para mediar a paz com a Ucrânia e criticou o excesso de armas fornecidas pelas nações do Ocidente aos ucranianos.

Uso de avião da FAB

O governo brasileiro trouxe Lavrov a Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Havia uma preocupação com o abastecimento de combustível do avião russo que levou Lavrov para a reunião de chanceleres do G20, no Rio.

Como a Rússia, após invadir a Ucrânia, passou a ser alvo de sanções pelos Estados Unidos e outros países ocidentais, empresas brasileiras têm receio de abastecer a aeronave russa e desagradaram os americanos.

A informação é que o avião de Lavrov, que foi abastecido por uma empresa com o nome não revelado, permaneceria no Rio até o retorno do chanceler da Rússia. De lá, ele voltaria para seu país.

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