Indígenas fazem ato em Brasília para denunciar invasões e protestar contra a morte de Paulo Guajajara
Guardião da Floresta foi assassinado na sexta-feira (1º), no Maranhão. Grupo caminhou da Catedral Metropolitana até o Congresso Nacional e ocupou duas vias da Esplanada dos Ministérios.
Lideranças de povos indígenas fizeram um protesto, em Brasília, durante a tarde desta quinta-feira (7). O ato foi para denunciar invasões de terras e protestar contra a morte de Paulo Paulino Guajajara, Guardião da Floresta na Terra Indígena Arariboia. Ele foi assassinado na última sexta-feira (1º), no Maranhão.
O grupo se reuniu na Catedral Metropolitana e caminhou pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional. Duas vias do Eixo Monumental foram fechadas durante a manifestação.
“Estamos aqui para pedir justiça pelo assassinato do nosso índio. E principalmente pelo povo brasileiro. Não podemos nos calar mais.”
Participaram da marcha os povos indígenas Surui Aikewara, Akrãtikatêjê Gavião, Amanaye, Atikum, Guajajara, Guarani Mbya, Tembe, Parakana, Galibi Marworno, Palikur e Karipuna dos estados do Pará e do Amapá.
Durante o ato, eles cobraram agilidade do governo federal na demarcação das terras indígenas em processo de regularização e pediram a desocupação de territórios invadidos. As lideranças também reafirmaram a necessidade de garantir acesso à saúde e educação que, segundo eles, não estão sendo respeitadas.
Denúncias
As lideranças indígenas reunidas em Brasília denunciam as invasões de terras por fazendeiros, madeireiros, grileiros e também por parte de empreendimentos de infraestrutura. Eles citaram o caso da Usina Hidrelétrica de Marabá, no rio Tocantins, e do projeto “Ferrogrão” – uma ferrovia de 932 km que liga Sinop (MT), até Mirituba (PA), destinada ao escoamento de grãos como soja e milho.
Em frente ao Palácio da Justiça, os manifestantes pararam e estenderam faixas em defesa da demarcação de terras.
No gramado do Congresso Nacional, o grupo sentou em uma roda e fez um minuto de silêncio. Depois, disseram que o ato era um pedido de justiça.
Eles lamentaram a morte do Guardião da Floresta Paulo Paulino Guajajara e, de mãos dadas, dançaram e cantaram músicas dos povos tradicionais.
De acordo com as lideranças indígenas, as ameaças que Paulino Guajajara sofria por conta da sua atuação eram conhecidas. Documentos pedindo proteção e ação para combater os crimes na região foram enviados para a Fundação Nacional do Índio (Funai), para o Ministério Público Federal (MPF), para a Polícia Federal (PF) e também para a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), mas nada foi feito.