Gilmar Mendes ‘ultrapassou limite’ da crítica, avalia Mourão
O vice-presidente da República ainda disse que o ministro do Supremo ‘forçou a barra’; neste sábado, Gilmar associou a atuação dos militares na Saúde a ‘um genocídio’
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (13) que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “forçou a barra” e “ultrapassou o limite de crítica” ao dizer que o Exército se associou a um genocídio durante a pandemia do novo coronavírus. “O ministro Gilmar Mendes não foi feliz. Vou usar uma linguagem do jogo de polo, ele [Gilmar] cruzou a linha da bola. Cruzou a linha da bola ao querer comparar com genocídio o fato das mortes ocorridas no Brasil durante a pandemia, querer atribuir essa culpa ao Exército porque tem um oficial-general do Exército como ministro interino da Saúde [Eduardo Pazuello]”, disse Mourão durante videoconferência promovida pela Genial Investimentos.
Mais cedo, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) classificou a fala de Gilmar como ‘injusta agressão ao Exército”. Em abril, Mourão usou a mesma expressão usada no polo, esporte que pratica, para se referir ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No jogo, “cruzar a linha da bola” é considerada uma falta grave. “Ele [Gilmar] forçou uma barra aí que agora está criando um incidente com o ministério da Defesa. Há pouco a Defesa soltou uma nota e talvez até acione a Procuradoria-Geral da República”, afirmou. “A crítica vai ocorrer, tem que ocorrer, é válida, mas o ministro ultrapassou o limite da crítica”, acrescentou o vice.
Nesta segunda, o Ministério da Defesa e comandantes das Forças Armadas acionaram a Procuradoria Geral da República contra as declarações do ministro do Supremo. Apesar do desgaste com Gilmar, Mourão afirmou que as “tensões” entre os poderes diminuíram nos últimos tempos. De acordo com ele, o presidente Jair Bolsonaro escalou ministros como Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e André Mendonça (Justiça) para “restabelecer as pontes com o STF”. “Nós tivemos um período meio conturbado no relacionamento do Executivo com o Legislativo e Judiciário que nos últimos tempos, essas tensões foram se reduzindo”, avaliou o vice-presidente.
*Com informações do Estadão Conteúdo