‘Em nenhum momento a rachadinha parou’, diz ex-líder do PSL sobre áudio de Queiroz
Para Delegado Waldir (GO), governo Bolsonaro está fingindo que corrupção não ocorre
BRASÍLIA — O ex-líder do PSL Delegado Waldir (GO) vê “indícios de novas condutas criminosas” no áudio divulgado pelo GLOBO de Fabrício Queiroz , ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), negociando cargos no Congresso Nacional.
— Acho que em nenhum momento a rachadinha parou, e a decisão do Supremo Tribunal Federal previamente acordada foi equivocada — diz, se referindo à suspensão da investigação do caso Queiroz imposta pelo STF.
Queiroz: ‘Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. 20 continho caía bem’
— (O áudio) mostra que Queiroz continua operacionalizando, mostra indícios de novas condutas criminosas no Senado. Uma das propostas do nosso governo era o combate à corrupção. Ao fingir que a corrupção não ocorre, é visível que ele (Bolsonaro) se afastou das propostas de campanha, e nossa ala (do PSL) não aceita isso, ao contrário da ala bolsonarista.
O GLOBO obteve um áudio de WhatsApp, de junho deste ano, no qual o ex-assessor sugere a um interlocutor como proceder para fazer indicações políticas em gabinetes de parlamentares.
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido no Senado, disse que o áudio mostra que a influência de Queiroz não se restringiu à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, mas atingiu também o âmbito federal.
– É muito grave, ele indica que a influência do senhor Queiroz, ao contrário do que tinha sido negado pela família Bolsonaro, continua ocorrendo nos altos escalões do governo. Indica que a influencia dele não se restringiu à Assembleia Legislativa do Rio da Janeiro, é uma influência que esta estendida no âmbito federal, na família do presidente e pelo que tudo indica na Câmara e o no Senado – disse o senador.
O líder da Rede afirmou que está considerando apresentar uma representação na Procuradoria-Geral da República para que o órgão se manifeste sobre o áudio divulgado nesta quinta-feira. O senador disse também não descartar apresentar um pedido para convocar Fabrício Queiroz na CPI das Fake News.
O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), líder do partido na Câmara, pregou equilíbrio. Segundo ele, é preciso ter cuidado quando a autenticidade da gravação e verificar se Queiroz falava em nome de alguém.
“Nessas questões há de se ter equilíbrio: nem ser leviano, nem subestimar. No caso, acho que dois cuidados são essenciais: um, a autenticidade da gravação e dois, se de fato ele fala em nome de alguém que proveria o cargo em troca de suposta vantagem pecuniária”, disse em mensagem.
Alencar ainda ressaltou os “laços funcionais” de Queiroz e disse acreditar que o áudio deve ser considerado na investigação da qual o ex- assessor do senador Flávio Bolsonaro é alvo.
“De todo modo, dada a proximidade histórica e de laços funcionais do Queiroz e o que está sob investigação – desvio de finalidade do salário de servidores – creio ser matéria a ser considerada na apuração em curso”