Desmatamento na Amazônia pode ser maior do que dados brasileiros apontam
Segundo pesquisa norte-americana, o território da floresta amazônica é 15% maior do que os dados oficiais brasileiros reportam
O desmatamento da Amazônia nas duas últimas décadas pode ter sido ainda pior do que imaginamos. Isso segundo um estudo da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, publicado no último dia 29 de julho na revista científica Nature Sustainability.
De acordo com a pesquisa, entre 2001 e 2016, o território amazônico perdeu 410 mil km² de cobertura florestal – mais que o dobro do que os 180 mil km² registrados nesse período pelo PRODES, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o inventário de perda de floresta a partir de imagens geradas por um satélite. Segundo o estudo, 27 mil km² foram desmatados anualmente nesse período. Para ter ideia, isso equivale a cinco vezes o tamanho de Brasília.
Os pesquisadores norte-americanos – junto a cientistas brasileiros e chineses – utilizaram o radar PALSAER, que tem melhor capacidade de registrar imagens mesmo com muitas nuvens e fumaça, por exemplo. Eles também recorreram a um satélite (MODIS) para registrar imagens diárias da área de floresta. Os dados obtidos foram analisados, então, por um algoritmo que apontou o que é área verde e o que não é.
“Monitorar, verificar e reportar a dinâmica da floresta na Amazônia brasileira é uma tarefa crítica, mas desafiadora, para a comunidade científica e a sociedade como um todo”, observa Xiangming Xiao, que participou da investigação, em nota.
Outro achado do estudo é que a Amazônia brasileira tem um território 15% maior do que o que apontam dados oficiais. “Mapas disponíveis da cobertura florestal na região têm muitas incertezas”, completa.
O trabalho revela ainda que a perda de áreas de floresta acelerou a partir de 2013, por conta da agropecuária e também devido a fenômenos climáticos, como o El Niño. Os autores esperam que os achados tenham efeito sobre políticas públicas de preservação do meio ambiente.