Deputados usam dinheiro público para faturar na internet

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Parlamentares utilizam verbas de seus gabinetes para gerir canais monetizados no YouTube. Deputados governistas e da oposição contratam empresas e assessores para lucrar com a publicação de vídeos na internet.

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, ao menos sete integrantes da Câmara faturam como “youtubers”: Carla Zambelli (PSL-SP), Joice Hasselmann (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Otoni de Paula (PSC-RJ), Paulo Pimenta (PT-RS), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Flordelis (PSD-RJ).

Zambelli, por exemplo, gastou R$ 4 mil da cota parlamentar com uma firma que trabalha em edição de conteúdo. O alcance dos vídeos gerou a Carla R$ 23.702,00, dos quais diz ter recebido R$ 15,1 mil do YouTube. Gleisi, por sua vez, recorreu a assessores pagos pela Câmara para manter seu canal, e recebeu da plataforma R$ 32,3 mil.

Dos parlamentares citados, apenas Pimenta e Otoni de Paula disseram à reportagem ter desistido da monetização. Esse dinheiro não é alvo de fiscalização e controle da Câmara, que não inclui a nova prática na lista de irregularidades.

Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre atos antidemocráticos, Bia Kicis pagou R$ 45,5 mil de sua cota às empresas BM Gestão de Mídias Sociais e L. A. Soluções em TI e Marketing Digital por serviços de produção, edição, montagem e publicação para o canal dela no YouTube, entre novembro de 2019 e junho deste ano. Nos últimos cinco meses, segundo o Estadão, o canal saltou de 100 mil inscritos para 136 mil.

O STF também investiga Otoni de Paula, que pagou R$ 191,6 mil às empresas Agência Vírgula e Aplicanet por serviços que se relacionam ao canal dele, com 81,2 mil inscritos, entre março do ano passado e maio deste ano. Ao Estadão, o deputado disse que não sabia da monetização e informou que suspenderia a prática. Caso tenha recebido alguma quantia, repassará de volta à Câmara. “Foi um erro de gestão e assessoria, que já foi corrigido com o YouTube”, disse a assessoria do parlamentar.

O canal Joice Hasselmann TV, com 937 mil inscritos e mais de 200 milhões visualizações, oferece até assinatura por R$ 7,99 mensais, com benefícios como “selos de fidelidade ao lado do seu nome em comentários e no chat ao vivo” e “um bate-papo semanal exclusivo, olho no olho” com a parlamentar.

Joice, informa a reportagem, pagou R$ 27,5 mil à Agência EG, entre agosto de 2019 e maio de 2020, para serviços que incluem o YouTube, segundo as notas fiscais reembolsadas pela Câmara. A deputada se recusou a falar sobre o assunto e a revelar quanto ganhou com a monetização.

Carla Zambelli, que ganhou mais de 140 mil inscritos nos últimos três meses, não disse que não vê ilegalidade em ganhar dinheiro com um conteúdo produzido com verba pública. A deputada afirmou que usou R$ 3,5 mil, que é parte do primeiro valor de monetização de seu canal, na compra de “pasta e escova de dente” para “pessoas carentes” de Brasília e São Paulo e que pretende doar o restante: “Em nenhum momento estou dizendo que quero ter lucro com o YouTube. Estou dizendo que, eventualmente, se o dinheiro fosse utilizado para cobrir um rombo do mandato, eu acho que não é imoral”.

Paulo Pimenta gastou R$ 133,9 mil entre 2015 e 2019 em cota da Câmara na contratação da empresa Clou Assessoria, que, nas notas fiscais, informa serviços relacionados ao Canal da Resistência, com 309 mil seguidores. O deputado informou que parou de monetizar seu YouTube “há uns dois meses” e as receitas foram reinvestidas em sua comunicação, não resultando em lucro privado.

Gleisi Hoffmann efetuou ao menos um pagamento especificando serviço no YouTube (R$ 2 mil) ao microempreendedor Gustavo Castro, em 2019. Desde fevereiro, já pagou R$ 29,4 mil a uma empresa que presta serviços para Facebook e Instagram. O dinheiro da monetização, segundo ela, é “reinvestido na comunicação, como na compra de equipamentos para produção dos vídeos”. “Não há nenhuma imoralidade ou improbidade”, disse.

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Fonte yahoo
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