Censo 2022: entre os 1,7 milhão de indígenas que residem no país, mais da metade têm até 29 anos
Entre os quase 1,7 milhão de indígenas que residem no Brasil, mais da metade (56,1%) têm até 29 anos de idade, enquanto apenas 10,65% possuem 60 anos ou mais. É o que apontam os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 3. O maior peso percentual de indígenas concentra-se na faixa de idade entre zero e 14 anos (29,95%).
Dentro das terras indígenas, o percentual de pessoas até 29 anos é ainda maior: 69%. Nas comunidades, o percentual de pessoas de zero a 14 anos chega a 40,54% e apenas 1,87% tem acima de 75 anos.
Censo 2022: entre os 1,7 milhão de indígenas que residem no país, mais da metade têm até 29 anos
Segundo o IBGE, algumas das explicações para a predominância de uma população jovem são a estrutura familiar das comunidades e a dificuldade de assistência à saúde na velhice
Censo 2022: dentre os indígenas, maioria são mulheres (Carlos Moura/SCO/STF/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 3 de maio de 2024 às 11h57.
Entre os quase 1,7 milhão de indígenas que residem no Brasil, mais da metade (56,1%) têm até 29 anos de idade, enquanto apenas 10,65% possuem 60 anos ou mais. É o que apontam os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 3. O maior peso percentual de indígenas concentra-se na faixa de idade entre zero e 14 anos (29,95%).
Dentro das terras indígenas, o percentual de pessoas até 29 anos é ainda maior: 69%. Nas comunidades, o percentual de pessoas de zero a 14 anos chega a 40,54% e apenas 1,87% tem acima de 75 anos.
Metade da população tem 25 anos ou mais
De acordo com o Censo, os indígenas apresentam uma idade mediana de 25 anos, ou seja, metade da população possui 25 anos ou mais. Isso significa uma diferença de 10 anos, quando comparada à idade mediana da população residente no Brasil. Entre os que residem dentro de comunidades oficialmente demarcadas, metade das pessoas tem até 19 anos.
Norte tem menor índice de envelhecimento
O Acre apresenta a menor idade mediana entre a população indígena (17 anos de idade), seguido por Roraima e Mato Grosso (ambas com 18 anos).
O IBGE aponta ainda que a região Norte tem menor índice de envelhecimento da população indígena: 19 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 indígenas de até 14 anos de idade.
De acordo com o coordenador de estruturas territoriais da diretoria de geociências do IBGE, Fernando Damasco, alguns contextos históricos explicam a predominância de jovens. Entre eles, a estrutura familiar das comunidades e a dificuldade de assistência à saúde na velhice, fator que contribui para uma maior mortalidade a partir da fase adulta.
“Uma das hipóteses para esse contexto é a organização familiar composta por muitos filhos, que envolve uma dinâmica cultural para manter as comunidades e a subsistência das famílias. Mas existe também a falta de acesso à saúde e saneamento básico, que impacta na longevidade”, explica.
Na comparação entre os Censos 2010 e 2022, as Terras Indígenas que apresentaram maior variação positiva absoluta na população de 17 anos de idade ou menos foram a TI Raposa Serra do Sol, em Roraima (mais 4.815 indígenas nessa faixa), a TI Munduruku, no Pará, com variação de 3.134, e a TI São Marcos, RR, com variação absoluta de 2.280 pessoas indígenas com 17 anos ou menos de idade.
Número de indígenas cresceu 88%
Em 2022, o número de indígenas residentes no Brasil foi de 1.693.535 pessoas, o que representava 0,83% da população total do país. Em 2010, o IBGE contou 896.917 mil indígenas, ou 0,47% do total de residentes no território nacional. Isso significa que esse contingente teve uma ampliação de 88,82% desde o Censo Demográfico anterior. Esse aumento expressivo pode ser explicado também por mudanças metodológicas, que contou com a participação das próprias lideranças das comunidades no processo de coleta de dados e passou a considerar outras localidades indígenas além das terras oficialmente delimitadas.
“Só com os dados por sexo, idade e etnia e os quesitos de mortalidade, fecundidade e migração será possível compreender melhor a dimensão demográfica do aumento do total de pessoas indígenas entre 2010 e 2022, nos diferentes recortes. Além disso, existe o fato de termos ampliado a pergunta ‘você se considera indígena?’ para fora das terras indígenas. Em 2010, vimos que 15,3% da população que respondeu dentro das Terras Indígenas que era indígena vieram por esse quesito de declaração”, explica Marta Antunes, responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
Maioria da população mora fora de Terras Indígenas
Quando considerada a totalidade de indígenas vivendo no país, 622,1 mil (36,73%) residiam em Terras Indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas. Três estados respondiam por quase metade (46,46%) das pessoas indígenas vivendo nas terras indígenas: Amazonas (149 mil), Roraima (71,4 mil), e Mato Grosso do Sul (68,5 mil).
O Sudeste era a região com a maior proporção de indígenas que viviam fora desses territórios delimitados (82,56%), seguido do Nordeste (75,43%) e do Norte com 57,99%. Somados, Amazonas e Bahia concentravam 46,46% do total de indígenas nessa situação geográfica no país.
A maior parte dos indígenas do país (51,25%) vivia na Amazônia Legal, região formada pelos estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão. O Norte concentrava 44,48% da população indígena do país em 2022. Outros 31,22% estavam no Nordeste.
Além disso, o Censo mostrou que a Terra Indígena Yanomami, no Amazonas e Roraima, era a que tinha o maior número de pessoas indígenas (27.152), seguida pela Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176 habitantes indígenas, e pela Évare I (AM), com 20.177.