Bolsonaro promete atacar ‘opiniões distorcidas’ sobre área ambiental
Em cúpula do Mercosul, feita de modo virtual pela primeira vez, presidente também defendeu finalização rápida de acordo com a União Europeia
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (2), na cúpula virtual do Mercosul, que entre as principais ações futuras de sua administração está a de desmentir informações negativas que têm sido divulgadas sobre a atuação do governo na área ambiental.
“Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações que temos tomado em favor da proteção da floresta amazônica e do bem estar das populações indígenas”, declarou.
O desmatamento da Amazônia e a forma como o Brasil combate a destruição da natureza são alvos de críticas de ambientalista e governos de todo o mundo e colocam em risco futuros acordos comerciais do país e do bloco.
Para Bolsonaro, que teve a seu lado durante a videoconferência o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, os “históricos acordos selados em 2019 com a União Europeia e a associação europeia de livre comércio” mostram que o bloco está “no caminho certo”.
“Apelo a todos os presidentes para que, como eu mesmo fiz, instruam seus negociadores a fecharem os textos. Atuemos com o firme propósito de deixá-los prontos para assinatura neste semestre”, pediu Bolsonaro.
Bolsonaro também afirmou que o Brasil está disposto a avançar em outras parcerias internacionais. “Queremos levar adiante as negociações abertas com Canadá, a Coreia, Cingapura e o Líbano, expandir os acordos vigentes com Israel e a Índia e abrir novas frentes na Ásia, e temos todo interesse em buscar tratativas com os países da América Central.”
Segundo ele, o “Mercosul é nosso principal veículo para nossa inserção [nas negociações mundiais]”.
A 56ª reunião de cúpula de chefes de Estado do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi a primeira realizada de modo virutal
A presidência da cúpula estava a cargo do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Nesta quinta ele passar o comando rotativo do bloco para o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
Bolsonaro disse ainda que espera que a Venezuela, do presidente Nicolás Maduro, “retome o caminnho da liberdade” e criticou a não participação de Jeanine Áñez Chávez, da Bolívia, na cúpula. “Nesse mesmo espírito de valorização da democracia lamento que o governo da presidente Jeanine Áñez, contrariamente à vontade do Brasil, não tenha podido participar dos nossos trabalhos ao longo do semestre.”
Jeanine Áñez foi proclamada presidente da Bolívia após a saída de Evo Morales. Seu governo, no entanto, é contestado internamente e por outros países, mas não pelo Brasil.
Antes de Bolsonaro, o presidente do Paraguai afirmou que, apesar da pandemia, os negócios envolvendo o Mercosul foram essenciais para garantir parte das negociações de seu país.
O presidente argentino, Alberto Fernández, defendeu a unidade do bloco na “maior crise econômica dos últimos tempos”. “As diferença que podem surgir devem ficar em segundo plano”, disse.
Fernández diz esperar que logo o mundo supere a pandemia, mas o desafio é sair dela pensando em um planeta mais igualitário. “Como podemos pôr fim à desigualdade que lastima dia a dia a América Latina? Estou certo que podemos fazê-lo. Tenho respeito a todos os líderes do mundo, mesmo sabendo que não penso igual a muitos deles, mas estou aqui para que trabalhemos mais juntos que nunca, para que entendamos a oportunidade que nos está dando a história.”