Bolsonaro critica lockdown, mas cita possibilidade de “meio termo” para evitar desemprego
- Presidente cita possível “meio termo” sobre medidas de isolamento
- Defesa do “tratamento imediato” continuou com exemplo de Chapecó (SC)
- Governo se mobilizou “quando ninguém falava” em vacinas, diz secretário
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) destoou um pouco, nesta quinta-feira (8), do seu tom habitual nas críticas contra as medidas de isolamento para combater a Covid-19, citando a possibilidade de se chegar a um “meio termo” para a abertura da economia nos estados e municípios.
Apesar disso, o presidente não esclareceu sobre o que esse “meio termo” englobaria.
Bolsonaro disse que visitou recentemente uma comunidade em Brasília e questionou moradores, que trabalham na informalidade, sobre como eles estão sobrevivendo na pandemia. “A resposta foi: ‘só Deus sabe disso'”, disse o presidente.
“Eu gostaria que, quem acha que pode fechar tudo sem se preocupar com o desemprego, que visite as comunidades, entre nas casas, veja o que tem na geladeira, como eles sobrevivem. Para ver se a gente vai para um meio termo, pelo menos, para evitar que mais empregos sejam destruídos”, afirmou o presidente, que diz ser adepto de “uma linha de defender o emprego e combater o desemprego”.
Em uma transmissão mais curta que o habitual, durando pouco menos de 25 minutos, ele também voltou a defender o que chama de “tratamento imediato”, com o uso de remédios sem eficácia contra a covid-19.
Ele elogiou o prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD), pela “total liberdade que ele deu para o secretário municipal da Sáude para realizar o tratamento imediato para quem apresente primeiros sintomas da covid”. Bolsonaro já havia feito declarações semelhantes nos últimos dias, inclusive durante uma visita, ontem, à cidade catarinense.
Governo se mobilizou “quando ninguém falava” em vacinas, diz secretário
Na live desta quinta, Bolsonaro levou o secretário executivo do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, que “bateu bola” com o presidente sobre o combate à covid e chegou a dizer, erroneamente, que o governo federal se mobilizou pelas vacinas “quando ninguém falava” sobre os imunizantes.
Bolsonaro, na ocasião, afirmava que o país tinha se preparado de forma adequada para o enfrentamento à doença desde o ano passado, envolvendo a participação de vários ministérios. “A prova disso foi que nós compramos as vacinas no ano passado. Procede?”, questionou o presidente.
Angotti concordou. “Nos preparamos, desde o ano passado, e inclusive foi anunciada uma encomenda tecnológica com a Oxford, AstraZeneca, envolvendo Fiocruz. Então, desde o ano passado, quando quase ninguém estava falando em vacina, o governo já tinha se mobilizado e estava se preparando para termos as vacinas que são aplicadas hoje”, disse o secretário.
Apesar da fala de Angotti, as discussões sobre a vacina eram intensas desde o início da pandemia. O governo federal, inclusive anunciou a participação na produção da vacina desenvolvida pela Oxford e AstraZeneca no dia 27 de junho de 2020 – duas semanas depois, portanto, de o Estado de São Paulo fechar um acordo com o laboratório Sinovac para participar da produção, por meio do Instituto Butantan, da CoronaVac.
Além do atraso em relação a São Paulo, Bolsonaro também demonstrou relutância em relação às vacinas no ano passado, atacando a CoronaVac – que ele chegou a classificar de “vacina chinesa do João Doria –, questionando a eficácia dos imunizantes e afirmando que não tomaria a vacina quando ela estivesse disponível.