Rita Batista: ‘Sempre fui a mais popular. Estudei em escola progressista e era a que falava sobre sexo’

-- Publicidade --

-- Publicidade --

Rita Batista, 45 anos de idade, é um dos nomes do novo time do Saia Justa, atração do canal GNT, que estreia nova temporada na quarta-feira (7). Mesmo com a agenda tomada por compromissos para a divulgação da atração, a apresentadora reservou um período para conversar com Quem e falar sobre suas conquistas.

Comprometida no combate ao racismo, ao sexismo e às intolerâncias de toda ordem, a apresentadora não esconde a alegria com a nova etapa profissional. O convite aconteceu em março, mas só em julho soube qual seria o time completo da atração, que contará com ElianaBela Gil e Tati Machado. “Acho que estou no lugar certo e na hora certa. As pessoas me perguntam se eu esperava. Claro que eu esperava! Trabalho tanto e há tanto tempo para quê? Estou bem feliz com essa formação, com esse momento de entrega mais solta. Menos textão e mais diversão'”, diz.

Com 21 anos de carreira, Rita conquistou seu primeiro emprego em 2003, em uma rádio de Salvador, onde nasceu. De lá para cá, deixou a Bahia, trabalhou em emissoras sediadas em São Paulo, voltou para sua cidade natal e, atualmente, mantém Salvador como base, mas viaja semanalmente para o Rio de Janeiro, onde comanda o É de Casa, e agora também a São Paulo, onde fica o estúdio do Saia Justa.

O filho, Martim, de 6 anos, da união com Marcel Suzart, de quem se separou em 2022, permanece em Salvador. “Minha rede de apoio é o pai de Martim. Em uma sociedade onde os homens negligenciam a paternidade ou fazem a paternidade como bem entendem, eu sei que tenho uma Mega Sena acumulada com o pai do Martim disposto a fazer a parte dele. Temos guarda compartilhada e a responsabilidade é dividida.”

Ao recordar sua infância, conta que foi criada pelos avós maternos, já que a mãe, professora, se mudou para trabalhar em Camaçari, cidade do polo petroquímico baiano. Filha de mãe solo e sem contato com o pai, Rita afirma que tabus fizeram parte de sua educação, mas sempre buscou se posicionar no colégio. “Sempre fui a mais popular, a líder de sala, a líder de gincana. Estudei em uma escola progressista e era a que falava sobre sexo”, diz.

Episódios de racismo também fizeram parte da sua vida escolar. “Como usava meu black, era comum que me chamassem de cabelo de bombril ou de piolhenta. Não tinha força física, então eu destruía esses meninos e meninas no discurso. Quando eu reportava essas situações em casa, era treinada para responder. Ganhava força de argumentação. Fui orientada a reagir respondendo e não batendo”, diz a apresentadora, que é autora do livro de mantras A Vida É Um Presente, e estará na Flipelô (Feira Literária do Pelourinho) no dia 11 de agosto para divulgar a publicação lançada neste ano, após pedidos de seguidores nas redes sociais.

Quem: Você estreia como uma das apresentadora do Saia Justa. Como está a expectativa?
Rita Batista: Acho que estou no lugar certo e na hora certa. As pessoas me perguntam se eu esperava. Claro que eu esperava! Trabalho tanto e há tanto tempo para quê? Completo 21 anos de carreira em 2024. Acompanho o Saia Justa desde que ele está no ar, há 22 anos. Já fui repórter da atração em 2016, com o projeto Saia pelo Brasil. Conheço o Saia como telespectadora, como participante, como convidada e agora como uma das saias. Estou bem feliz com essa formação, com esse momento de entrega mais solta. Menos textão e mais diversão. Desta vez, a temporada estreia apenas no segundo semestre e isso gerou expectativa.

Eliana, Tati Machado, Bela Gil e Rita Batista — Foto: Reprodução/Instagram
Eliana, Tati Machado, Bela Gil e Rita Batista — Foto: Reprodução/Instagram

E a nova temporada vem bem renovada, o que acaba gerando mais curiosidade.
Queremos atender aos anseios da audiência, tudo é calçado em pesquisas, análises. A gente percebeu que as mulheres querem ter uma conversa franca, com assuntos importantes, relevantes e com leveza. É um papo de amigas, pode ter conversa fiada. O Saia Justa não será apenas às quartas, no GNT. Teremos intervenções durante toda a semana no digital, vamos ter um grupo no WhatsApp. O canal percebeu que havia essa demanda para que as saias não aparecessem apenas às quartas e, sim, se relacionassem com o público durante toda a semana. E o digital nos oferece essas possibilidades.

Quando foi batido o martelo de que você estaria na nova temporada do Saia Justa, como reagiu? Ficou curiosa para saber quem seriam suas parceiras? Ou sempre soube quem seriam?
Não, eu não sabia. Eliana só fiquei sabendo junto com todo mundo, junto com o público. Nos documentos que a gente recebia, ela aparecia identificada como “a âncora”. Não vinha o nome dela. Eram questões contratuais e questões jurídicas que se implicam diante de uma profissional dessa monta. Existia a especulação do mercado, mas não tínhamos nenhuma certeza. Tínhamos os indícios, mas o nome não era falado nos bastidores. Uma agonia (risos). Fui convidada no fim de março de 2024. A expectativa era começar em maio, mês do meu aniversário. Fiquei muito ansiosa. Afinal, era o Saia Justa, meus 45 anos, dois anos no É de Casa… Fiquei na expectativa. Acho que fui a pessoa que mais questionou o canal para saber o que iria acontecer. Tenho esse ritmo de ao vivo, não quero perder tempo. Cavalo selado não passa duas vezes na frente. Você chega e monta!

Já são mais de duas década de carreira, construída degrau a degrau. No início da carreira, você imaginava que se solidificaria na TV ou foi acontecendo sem idealizar?
É como casamento. A gente não casa pensando em separar. A gente casa pensando em ter uma convivência longeva, profícua, feliz. Pensava o mesmo para minha carreira. Cada veículo que passei foi importante para construir essa persona artística que hoje eu defendo, para ter o repertório que tenho. Valorizo cada momento e cada perrengue até para a gente saber como se comportar nas adversidades.

Valorizo cada perrengue que passei. Com eles, aprendi a lidar com as adversidades”

Afinal, ninguém está ileso a perrengues e dificuldades. Eles realmente existiram para você?
Sim. E foram se aperfeiçoando (risos). As dificuldades não deixam de existir, elas mudam, migram, se modificam, mas não deixaram de estar lá. Fazem parte do processo. Apreciar o processo faz parte da vida. A vida é equilibrar os pratos girando. Não dá para esperar ficar perfeito. Quando a vida profissional está de vento em popa, a vida pessoal nem sempre está perfeita. Na vida, a gente tem que trocar o pneu com o carro andando, aceitar isso e desenvolver suas habilidades. Tem que entender as especificidades de cada veículo, de cada grupo de comunicação, afinal cada um tem sua linha editorial.

Cada conquista é motivo de orgulho?
Sim. Neste ano, fiz o Negritudes com Zezé Motta, Antonio Pitanga e (o historiador) Átila Roque. O Antonio Pitanga, com 85 anos de idade e 60 de carreira, comentou que a Zezé, uma atriz consagradíssima, fez sua primeira campanha publicitária aos 74 anos. A gente tem que estar sempre em ação porque não sabemos o momento em que a carreira vai acontecer. Afinal, ela vai acontecendo e em um momento faz boom. Você não sabe quando vai ser esse momento. Tinha meus sonhos, como o de entrar na TV Globo, ser apresentadora, entrar no Saia Justa… Eram desejos e expectativas, mas não sabia quando isso iria acontecer. Não sabia se seria aos 40, aos 45 ou aos 50 anos. O importante é que continuei trabalhando com afinco para os produtos que defendi ao longo da minha vida profissional.

A representatividade cresceu nos últimos anos. Como você enxerga essa questão? Ainda temos muito a evoluir ou passos significativos já foram alcançados?
Estamos na caminhada. Os passos estão firmes e sabem exatamente o caminho que precisa ser trilhado. Titubeamos muito na questão racial no Brasil. Hoje, trabalhamos com mais seriedade. Não apenas as pessoas negras e os coletivos negros, mas enxergo que a sociedade está caminhando para a equidade que é necessária. Não há sociedade sem diferenças e sem respeito aos grupos que formam essa sociedade. Não só os negros, como as PCDs, as pessoas LGBTQIAPN+, as pessoas asiáticas, as pessoas com nanismo. Todas as pessoas que compõem esse tecido social que é o Brasil. Equipes mistas e diversas são muito mais eficientes. É uma questão matemática: qual a idade do Brasil? Quanto tempo o Brasil viveu sob a égide da escravidão? Quanto tempo passou desde a abolição da escravatura? É óbvio que ainda temos muito a caminhar, mas acho que a gente engrenou no caminho certo. Apesar de todas as pessoas contrárias e de todo o racismo que permeia a sociedade. Hoje em dia, falamos em racismo estrutural. Porém, racismo estrutural virou uma desculpa.

Racismo estrutural virou uma desculpa”

Percebe que o termo “racismo estrutural” acaba servindo como argumento para desculpa ao preconceito?
Ô, meu Deus! A culpa é do racismo estrutural, né? Que peninha… É muito importante que prestemos atenção nisso. Não apenas na questão racial, mas falo também em relação a outros tantos problemas e mazelas. Isso não pode virar um discurso de defesa daqueles que praticam deliberadamente as mais diversas descriminações. É histórico vermos o opressor usando o discurso do oprimido a seu favor. Acompanhamos isso ao longo da história da humanidade.

Além disso, continuamos a ver que um homem, ao se posicionar, é tido como um cara de personalidade forte. Já a mulher vai ser a raivosa, a insubordinada.
A mulher preta, então, três vezes. O sexismo e a heteronormatividade fazem parte desse tecido social brasileiro. O Saia Justa instaurou o formato de quatro mulheres para conversar com a mediação de uma jornalista — primeiro a Monica Waldvogel, depois Astrid Fontenelle e, agora, Eliana. Embora a Eliana não seja jornalista, ela é mestre em televisão e tem uma longa experiência em comunicação e sabe exatamente o que fazer. Eu me lembro que falavam que o Saia Justa seria um ‘clube da Luluzinha’, que iria ficar falando de feminices, de coisinhas de mulher, como roupa e maquiagem. Nos colocam sempre no lugar de futilidades, como se não pudéssemos. Historicamente, os homens também se reúnem para beber, conversar, jogar futebol, carteado, pescar, enfim… E eles não são questionados.

Seriam até questionados se deixassem de fazer, né?
Exato. ‘Como assim, você casou e não foi mais pro futebol?’. Nós, mulheres, somos questionadas o tempo inteiro. Em muitas situações, somos até descredenciadas. Com o avanço do feminismo, do papel da mulher na sociedade e de termos certezas sobre nós mesmas — o que somos, o que queremos, para onde iremos — e sem fazer questão de nos encaixar nas caixinhas que entendem como próprios. Podemos fazer o que quiser das nossas vidas e carreiras. Isso se reflete no audiovisual. Há seis anos, pelo menos, vivemos em um Brasil mais dividido, mais arrepiado. Temos que dizer que lugar de mulher é onde ela quiser. Isso implica diretamente enfrentar essa nossa sociedade sexista, que quer nos dividir em rosa e azul.

Nada impede de discutir pautas ditas como “feminices”, mas é importante mostrar que as mulheres vão muito além de cabelo e maquiagem.
Exatamente! Não é preciso essa postura de sabichona — tem que ter discurso sobre tudo, opinião sobre tudo, parecer inteligente. Se é bonita, tem que ser inteligente. Se é inteligente, tem que ser bonita, gostosa e bem-sucedida. Se é bem-sucedida, tem que ser casada e com dois filhos, de preferência, um menino e uma menina. Socorro! Pelo amor de Deus. Que inferno.

Rita Batista — Foto: Ju Coutinho
Rita Batista — Foto: Ju Coutinho

Você citou essa cobrança por casamento e filhos. Como tem sido a experiência da maternidade?
O Martim tem 6 anos e ser mãe é uma das experiências mais interessantes. Há uma expectativa social grande com meninos e rapazes. Da minha parte, ele é filho único. Da parte de Marcel, meu ex-marido, ele é o filho caçula — tem dois irmãos mais velhos. Antes de ser mãe, tive a experiência de ser madrasta — e os meninos ainda me chamam de Tia Rita –, de conviver com três meninos. Observo como eles se comportam nesse mundo de exigências para o masculino.

O que busca aplicar na educação do Martim?
Tenho a oportunidade de experimentar o meu discurso na criação do meu filho. Ele estuda em uma escola construtivista, que não tem farda (uniforme) e privilegia o contato com a natureza. Ao chegar na escola, a primeira atividade das crianças é brincar. Só depois, vão para a sala de aula. Outro dia, ele pegou uma canetinha hidrocor e pintou as unhas — uma mão de preto, outra mão multicolorida. Ele foi questionado pelos coleguinhas. ‘Isso é coisa de menina’, disseram para ele. Se o coleguinha de 6 anos questionou, é porque ouviu em casa. Não quero me meter na criação de ninguém. O que importa é o meu filho tranquilo e seguro. Quando ele volta para casa e relata isso, conversamos. Não tem isso de ‘coisa de menina’, nem ‘brinquedo de menino’.

Quando perguntam: ‘Rita, você não tem medo de se queimar?’. Respondo: ‘Sou preta! Nasci queimada’ (risos).

E estamos em 2024!
Lembro quando estava fazendo o enxoval dele, em 2017. Estava no grupo do desapego — tenho o hábito de comprar tudo de segunda mão — e avisaram que tinha um bebê-conforto para comprar, mas colocaram a observação que era de menina. Como assim? P*** que pariu! Já fui problematizar no grupo do desapego (risos). Gente, pelo amor de Deus?! Não acreditava naquela conversa de bebê-conforto de menina, bicicleta de menina… O motivo? Era cor-de-rosa. O grupo era com um bando de mulher progressista, mas os ditames sociais estavam instalados. E falei mesmo. Quando perguntam: ‘Rita, você não tem medo de se queimar?’. Respondo: ‘Sou preta! Nasci queimada’ (risos).

Atualmente, falamos sobre a importância da rede de apoio. Você é de Salvador e optou por manter sua base aí. Como são os cuidados com a Martim e a agenda de gravações em São Paulo e no Rio de Janeiro?
Durante muito tempo, os profissionais de audiovisual tinham que se mudar para o Sudeste, especialmente no eixo Rio-São Paulo. Afinal, as sedes das emissoras e as companhias de publicidade estão estabelecidas nestas cidades. Desde os tempos dos Novos Baianos, a gente sabe que é assim que funciona. É preciso talento, mas também é preciso estratégia territorial. Já morei em São Paulo em duas ocasiões — quando trabalhei na Band e também em uma fase da Super Manhã Globo. Mudaria de novo? Sim, se houver a necessidade. Com um programa diário, é claro, óbvio e evidente. Porém, enquanto existir a possibilidade de ficar em Salvador, vou ficar. Na semana passada, existiu a demanda para que eu ficasse toda em São Paulo e tudo bem. A emissora permite que eu me divida e me banca — com passagem e hospedagem — para que eu possa fazer isso. Minha rede de apoio é o pai de Martim. Em uma sociedade onde os homens negligenciam a paternidade ou fazem a paternidade como bem entendem, eu sei que tenho uma Mega Sena acumulada com o pai do Martim disposto a fazer a parte dele. Temos guarda compartilhada e reconheço que temos privilégios de contar com babá, estrutura, mas a responsabilidade é dividida.

Não deixou de existir diálogo após a separação?
Nosso filho tinha 4 anos quando nos separamos. Trocamos e conversamos muito sobre a criação do Martim. Não há um questionamento da parte do meu ex-marido falando ‘você viaja muito’. No início, quando eu saía de casa e viajava para trabalhar, escutava de terceiros ‘está largando o filho’ a ou ‘onde a vaca vai, o bezerro tem que ir’.

Rita Batista — Foto: Ju Coutinho
Rita Batista — Foto: Ju Coutinho

Você tocou em um ponto muito bacana: a maternidade não te afastou dos seus sonhos profissionais.
Tenho muitos anseios. A mulher que se realiza vai ter mais felicidade em desempenhar os papéis que está afim de desempenhar — seja como esposa, mãe, filha. Imagine a frustração de uma mulher que teve uma oportunidade e não pode aceitar por imposição social, por pressão de casamento ou por questões da própria família? Isso não cabe mais. Os filhos entendem quando dizemos francamente como é a nossa rotina. Já perguntei ao Martim se ele quer trabalhar com a mamãe e ele diz: ‘Não’ (risos). Ele sabe que é um entra e sai danado nos estúdios. Ele quer ficar vendo os desenhos dele.

Você falou sobre a educação do seu filho. E você? Como era nos tempos de colégio?
Sempre fui a mais popular, a líder de sala, a líder de gincana. Fui criada por avós. Eu era a que levava a revista Nova, enquanto todo mundo estava lendo Capricho. Estudei em uma escola progressista e eu era a que falava sobre sexo.

Existiam tabus na sua educação?
Foi uma educação com tabus. Meus avós eram nascidos em 1916. Não havia possibilidade de abrirem para mim questões, assim como não abriram para os filhos, mas eu tinha o aporte do colégio. Nas aulas de SOE (serviço de orientação educacional), a gente falava muito sobre educação sexual. Era uma escola particular. Quando vejo, hoje, as pessoas questionando se falam ou se não falam sobre determinados temas, penso que já falava sobre o assunto lá atrás. A gente tinha o livro-guia ‘Sexo, uma questão de amor’, desenvolvido por uma coordenadora da escola, aos 9 anos de idade. O Brasil ainda hoje questiona se vai falar sobre isso em sala de aula? É um estica-e-puxa, né? Avanço e retrocesso.

Rita Batista — Foto: Ju Coutinho
Rita Batista — Foto: Ju Coutinho

Você comentou que tinha uma liderança no colégio. Nos tempos de escola, chegou a sofrer algum tipo de racismo?
Sim, super. Sabia o que era racismo e isso era discutido em casa. Meu avô era um homem preto retinto. Minha avó era uma mulher negra, daquelas que chamam de morena… Ela sofria menos racismo do que meu avô, mas sabia como a sociedade se comportava. Na escola, eu tinha um cabelo à la Jackson Five, bem black. Na época, existia uma forte tendência ao alisamento. Nunca alisei meu cabelo. Como usava meu black, era comum que me chamassem de cabelo de bombril ou de piolhenta. Não tinha força física, então eu destruía esses meninos e meninas no discurso. Quando eu reportava essas situações em casa, era treinada para responder. Ganhava força de argumentação. Fui orientada a reagir respondendo; não batendo.

Nunca alisei meu cabelo. Como usava meu black, era comum que me chamassem de cabelo de bombril

Você contou que foi criada pelos seus avó maternos. Como foi processo?
Minha mãe é professora, hoje aposentada. Quando eu era novinha, ela passou em um concurso em Camaçari, cidade da região metropolitana de Salvador, onde havia um polo petroquímico. Minha avó pediu para que eu continuasse em Salvador porque achava que era uma cidade com muita poluição. Com isso, eu só ia para lá em férias. Virei filha da vovó (risos).

Como era a sua relação com sua mãe? E com seu pai, algum contato?
Sou filha de mãe solo. Nenhum contato com meu pai. Minha mãe trabalhava muito e ficava nesse fluxo entre Camaçari e Salvador.

Rita Batista — Foto: Ju Coutinho
Rita Batista — Foto: Ju Coutinho

A diferença de idade entre você e seus avós gerou algum ruído?
‘Ah, essa menina é muito moderna’, dizia a minha avó. Cresci rodeada por mulheres porque minha avó tinha muitas primas e irmãs.

Percebe uma predominância de mulheres entre seus seguidores? A Vida é um Presente, seu livro de mantras, surgiu da vontade delas, não?
Percebo, sim. Com as mulheres, há uma troca, uma relação de confiança. Elas me contam detalhes da vida. O livro surgiu a partir de uma demanda reprimida. As seguidoras pediam para que eu organizasse esses mantras em uma lista, em uma sequência de stories. Quando fui chamada para escrever o livro, soube que agradaria meu público fiel. A Vida é um Presente já está na segunda edição e começarei a gravar um audiobook.

É muito importante ter território, ter fala, ter respeito de colegas e, principalmente, do público”

Além do público que te admira, há quem comente coisas inconcebíveis como ‘está aí por cota’? Já recebeu mensagens de pessoas mais conservadoras, preconceituosas e não tão abertas a mudanças?
Ah, o tempo inteiro. ‘A Globo tá toda preta’, ‘Agora sempre tem uma preta’, ‘é por isso que ninguém vê mais TV, só tem preto’. Isso super chega até a gente. Dou risada. Em dias que estou mais inspirada, aplico a pedagogia do constrangimento e exponho. É um orgulho estar no maior grupo de comunicação do Brasil e da América do Sul. É muito importante ter território, ter fala, ter respeito de colegas, da emissora e, principalmente, do público.

Rita Batista Quem Disse — Foto: Ju Coutinho
Rita Batista Quem Disse — Foto: Ju Coutinho
Banner825x120 Rodapé Matérias
Fonte revistaquem
você pode gostar também