Cenário econômico nos EUA melhorou, e caminho é mais favorável ao Brasil, diz Ceron
A divulgação de dados melhores que o esperado pelo mercado para a inflação nos Estados Unidos consolidam um ambiente muito mais benigno para a economia global, com reflexos sobre o Brasil, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao avaliar que o ambiente econômico mais favorável não deve ser ofuscado pelas incertezas relacionadas às eleições presidenciais nos Estados Unidos.
“Sem dúvida, o CPI [Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês] americano acabou de consolidar um caminho, um ambiente muito mais benigno para frente. Acho que abre uma janela boa, a gente deve ter uma calmaria, apesar das eleições americanas”, afirmou Ceron, em entrevista à Reuters.
A inflação nos EUA caiu 0,1% em junho, informou o Departamento do Trabalho na última quinta-feira (11), enquanto a alta em 12 meses desacelerou para 3%, a menor leitura em um ano.
A surpresa positiva levou operadores de mercado a aumentarem apostas sobre um possível corte de juros pelo banco central norte-americano em setembro.
“Sinceramente, o peso externo é muito relevante. E, com a melhora do ambiente externo, a gente vai começar a perceber um movimento de fechamento da curva [de juros no Brasil]”, afirmou Ceron.
No cenário doméstico, o secretário afirmou ser “uma questão de tempo para as coisas ficarem totalmente normalizadas”, após sinalizações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.
Após semanas de volatilidade do dólar e em meio a um cenário de taxas elevadas de juros pagas pelo Tesouro a investidores, Ceron argumentou que há uma incerteza no mercado em relação ao compromisso fiscal do governo, mas que essas pressões devem se dissipar.
“Tem uma incerteza que se criou no mercado, tem uma volatilidade cambial. E tem mais a ver com outras variáveis do que essencialmente com a variável numérica fiscal”, disse o secretário.
Para ele, analistas de mercado, que até pouco tempo consideravam impossível o cumprimento da meta de déficit zero neste ano, agora passaram a questionar qual nível de contingenciamento de verbas será necessário para cumprir a regra, o que indicaria uma melhora na percepção sobre o atingimento do alvo.