Biden e Trump se enfrentam em 1º debate na quinta-feira, com regras e situações inéditas
A disputa eleitoral dos Estados Unidos terá um momento importante na quinta-feira, 27. Neste dia, será realizado o primeiro debate entre o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump nesta campanha pela Casa Branca.
O programa começa às 21h (22h em Brasilia) de quinta-feira e terá transmissão dos canais CNN e CNN Brasil. A duração será de 90 minutos, com dois intervalos comerciais.
O encontro será marcado por uma série de ineditismos: pela primeira vez desde que os debates chegaram à TV, nos anos 1960, o primeiro encontro entre os candidatos finais será realizado antes das convenções partidárias, marcadas para julho e agosto. Trump e Biden já conquistaram delegados suficientes nas primárias, mas só serão confirmados como candidatos presidenciais nas convenções. Assim, um desempenho muito ruim de algum deles poderia justificar uma desistência da disputa.
É também a primeira vez que dois homens que já governaram o país debaterão na TV em busca de um novo mandato. Trump foi presidente de 2017 a 2021, e perdeu a reeleição para Biden, que comanda os Estados Unidos há três anos e meio.
A antecipaçao do debate foi feita em acordo pelos dois partidos. Ambos decidiram romper com a Comissão de Debates, um órgão independente que organizava os debates presidenciais nos EUA desde os anos 1990 e negociar os programas diretamente com as redes de TV. A CNN fará o debate desta quinta, e a rede ABC realizará um segundo encontro, em 10 de setembro.
Os dois candidatos já se enfrentaram em debates nas eleições de 2020, em encontros que ficaram marcados por embates fortes, nos quais Trump tentou impedir Biden de falar diversas vezes. Desta vez, os microfones de um candidato serão mutados enquanto o outro responde. Também não haverá plateia, como forma de tentar esfriar os ânimos no palco.
“Esse debate vai contribuir para vermos as estratégias das duas campanhas, mas os debates já não mudam mais a cabeça das pessoas: 95% da audiência geralmente já se decidiu. E como estamos falando de um debate em junho, para uma eleição em novembro, ele fará muito pouco para ajudar os indecisos de última hora, como alguns debates fazem”, diz Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington.
“A grande questão é qual parte do público, além dos fãs de política, prestará atenção em um debate tão cedo”, disse Donald Nieman, analista político e professor de história na Universidade de Binghamton, no estado de Nova York, à AFP.
Estratégias de Trump e Biden para o debate
Biden, de 81 anos, partiu para a residência de Camp David para se preparar para o debate. Já Trump, de 78 anos continua com seus comícios. Sua equipe afirma que ele não precisa se preparar.
Um ponto importante para os dois candidatos é tentar convencer os eleitores indecisos, que deverão decidir a eleição, já que as pesquisas mostram um cenário de disputa apertada.
O aborto, o estado da democracia e os conflitos além das fronteiras, como as guerras na Ucrânia e entre Israel e o grupo palestino Hamas, são questões que preocupam os eleitores. Mas o que mais preocupa o eleitorado, segundo algumas pesquisas, é a inflação, a segurança na fronteira com o México e o fluxo de migrantes, que Trump promete cortar pela raiz se voltar à Casa Branca, inclusive com deportações em massa.
Na campanha, Biden tem se colocado como um defensor da democracia e diz que Trump é uma ameaça ao país se voltar ao poder. O democrata também deverá citar no debate que o republicano recentemente foi condenado por fraude fiscal envolvendo pagamento de suborno, além de outros processos em andamento.
Do outro lado, Trump deve acusar o rival de não controlar a inflação e a imigração irregular. Ambas tiveram altas expressivas durante o mandato do democrata, e Trump promete medidas duras, especialmente contra a vinda de estrangeiros.
“A estratégia do Trump está clara em bater no Biden em relação à idade, imigração e outros pontos. A estratégia do Biden está clara em relação, principalmente, ao ponto da condenação de Trump”, diz Moura.
Com AFP.