Argentinos voltam a protestar contra pacote de reformas de Milei
Manifestantes de sindicatos, movimentos sociais, grupos kirchneristas e de esquerda entraram em confronto com as forças policiais argentinas em frente ao Congresso Nacional nesta 4ª feira (12.jun.2024), enquanto o Senado analisava o Megaprojeto de Lei proposto pelo presidente Javier Milei para reformar a economia do país.
Recebida com pedras e bombas molotov, a Polícia Federal argentina dispersou a multidão usando gás lacrimogêneo. A tensão aumentou quando parte da barricada protegendo o Congresso foi derrubada, e um veículo da rádio Cadena 3 foi incendiado.
Inicialmente, o protocolo antipiquetes da Ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, conseguiu desocupar as imediações do edifício, mas não foi suficiente para liberar completamente as ruas da área. Os confrontos se intensificaram depois das 16h (horário de Brasília), com os manifestantes aumentando o uso de pedras e bombas molotov contra os agentes de segurança.
Dentro do Congresso, os confrontos levaram a uma solicitação de pausa nas atividades parlamentares, que não foi concedida. A situação escalou quando os manifestantes conseguiram romper a barricada na Avenida Rivadavia, o que levou a uma intervenção policial com um veículo de água para dispersar a multidão.
Entre os manifestantes estavam integrantes de diversos sindicatos e organizações sociais, incluindo caminhoneiros, Suteba, APL, Ctera, entre outros. A manifestação também contou com a presença de figuras políticas como Gabriel Katopodis, Fernando Gray e Juan Zabaleta, todos afirmando o descontentamento com a Lei Bases, argumentando que não atende às necessidades da população argentina.
O projeto “Lei Bases”, ou “Lei Ônibus”, agora em pauta no Senado depois de ter sido modificado pela Câmara dos Deputados, enfrenta resistência significativa, especialmente dos peronistas, que contestam sua constitucionalidade. As reformas propostas visam privatizar empresas estatais e ampliar os poderes presidenciais para enfrentar a crise econômica. Espera-se que a votação seja acirrada, potencialmente decidida pelo voto da vice-presidente Victoria Villarruel que preside o Senado.
A rejeição ao projeto representaria um retrocesso para Milei, que ligou sua agenda de reformas à sua aprovação. Entre as medidas controversas estão a privatização da Aerolíneas Argentinas e dos correios, além de mudanças na legislação trabalhista que poderiam permitir demissões por justa causa em caso de participação em protestos.
A administração do presidente argentino, conhecida por seu estilo confrontador, defende a necessidade urgente de tais reformas para superar a crise econômica. No entanto, a oposição significativa tanto nas ruas quanto no Congresso destaca os desafios enfrentados pelo governo para implementar sua agenda.